Pizzi: «Ian Cathro tem sido uma grande surpresa»
-Está no Estoril desde o início da temporada. É a experiência que esperava?
Sim, acho que sim. O meu objetivo era sobretudo vir para Lisboa para estar junto da minha família, para os meus filhos crescerem em Lisboa, a cidade onde vamos viver. Por isso, juntei as duas coisas, a família e poder jogar num clube que me dá todas as condições e garantias para continuar a sorrir, a jogar futebol e a treinar todos os dias. Por isso, acho que foi a situação mais acertada e estou muito feliz por estar aqui.
-Até pelo percurso que o Pizzi fez, certamente existiram outras possibilidades de seguir carreira. Porquê o Estoril em específico?
Tive várias abordagens do estrangeiro, mas juntamente com a minha mulher e os meus filhos, decidimos que era o momento certo para assentar e para ficar em Lisboa. Estivemos alguns anos fora de Portugal, tenho dois filhos pequeninos e isso também pesa um pouco no meu futuro e nas minhas escolhas.
Quando surgiu a oportunidade de assinar pelo Estoril não pensei duas vezes porque, primeiro, é um clube que está a crescer, com pessoas honestas, humildes, trabalhadoras, que dá, todas as condições para aproveitar o futebol. Por isso, quando surgiu a oportunidade não pensei duas vezes, rejeitei logo o que tinha em mãos e assinei pelo Estoril, estou muito feliz.
- Esta perspetiva de ir para o Estoril é um namoro antigo. Em janeiro, já havia sido noticiado que havia esta possibilidade concretizou-se meses depois. Porque não aconteceu em janeiro?
Primeiro, tinha contrato com o APOEL, segundo, também, porque lá está, eu dou muita prioridade à minha família, os meus filhos estavam comigo no Chipre, estavam a estudar. Não queria que eles mudassem de escola a meio do ano. Por isso, foi uma decisão que, naquele momento, foi fácil para mim porque priorizei a família e decidi continuar no APOEL
-Já leva alguns meses no Estoril e algumas jornadas de Liga cumpridas. O Estoril está a corresponder às suas expectativas?
Sim, sem dúvida. O Estoril tem vindo ao longo a crescer, como já disse, e a época passada foi muito boa em termos de posicionamento na Liga. Acho que este ano, apesar de o nosso início não ter sido como nós esperávamos ou como nós queríamos, acho que agora estamos num bom momento, com duas vitórias seguidas. Subimos muitos lugares na classificação e é aí que queremos focar-nos, na parte de cima da classificação e ganhar cada vez mais jogos.
- A paragem competitiva surge num bom momento? O Estoril tem estado a conseguir bons resultados. Teme que possa ter um efeito contraproducente ou há efeitos benéficos a retirar?
Acho que as paragens acabam sempre por ter efeitos benéficos, seja num lado ou no outro. Por exemplo, quem está lesionado tem mais tempo para regressar Precisamos de todos disponíveis para nos ajudarem no dia-a-dia e no fim de semana, por isso acho importante que os lesionados regressem o mais rápido possível.
É bom também para nós descansarmos, desligarmos um bocadinho do futebol, da competição. Obviamente não podemos desligar do dia-a-dia do treino, mas acho importante para aliviarmos um pouco a nossa cabeça, agora se o efeito é benéfico ou não, isso vamos ver na próxima jornada, ou melhor, no próximo jogo, que é para a Taça de Portugal.
- A paragem antecederá uma fase também importante para o Estoril, que recebe o Famalicão num duelo de primeira Liga para discutir o acesso aos oitavos de final da Taça de Portugal. Como olha para a competição?
Entramos em todos os jogos com a missão de vencer, seja na Taça de Portugal ou na Liga. Claro que a Taça acaba por ser uma competição especial quer para nós jogadores, quer para o clube e para todas as pessoas do Estoril. Por isso, claro que olhamos com vontade de vencer e passar à próxima fase.
Sabemos que vamos ter pela frente um adversário muito difícil, que está a realizar um grande campeonato e também naquela fase de crescimento de que falámos, no Estoril. Acho que o Famalicão está a posicionar-se cada vez mais nos lugares de cima da Liga e, por isso, vai ser um bom jogo entre duas equipas que gostam de jogar futebol e, claro, o que queremos é vencer, passar à próxima fase e depois, a partir dos oitavos, quartos de final, tudo pode acontecer e queremos estar aí, no momento das decisões.
Decidi que este era o momento certo para assentar. Surgiu o Estoril e nem hesitei
- Depois, segue-se a Liga e um confronto com o FC Porto, atual líder da prova. É possível neste momento a este Estoril poder ambicionar algo contra um adversário deste poderio?
É, sim. Independentemente dos nossos resultados do início da época, acho que temos qualidade, jogadores e equipa para defrontar qualquer adversário, dar luta e lutar pelos três pontos. Sabemos de antemão que vamos jogar contra um adversário muito difícil, que está num grande momento e ainda não perdeu, que vai ser muito difícil em sua casa, um ambiente complicado, mas estamos focados, primeiro, no jogo de Famalicão e, depois, tenho a certeza de que a equipa vai dar uma grande resposta no Dragão.
- Ao longo da sua carreira, o Pizzi trabalhou com vários treinadores, alguns de nomeada. Agora, no Estoril, trabalha com Ian Cathro. Que avaliação faz também a este treinador?
O mister Ian Cathro tem sido uma grande surpresa para mim. Tem métodos de trabalho muito bons, gosta de jogar bom futebol, um apoiado, gosta de jogadores evoluídos tecnicamente, de pressionar alto, de ter a bola durante a maior parte do jogo e tem sido uma surpresa muito boa.
Acho que ele tem todas as características para poder dar o salto para um clube ainda maior e tenho a certeza de que isso vai acontecer brevemente. Acredito que esta época, juntamente com o mister e equipa técnica, vamos fazer uma grande época e o clube vai ser valorizado mais uma vez pela boa época que vamos fazer.
- O Estoril é um clube que tem um projeto de média de idades mais jovens, com jogadores para projetar e algumas referências para incutir maturidade. O Pizzi estará entre esses jogadores – agrada-lhe ser uma espécie de irmão mais velho a ajudar nessa transição?
Sim, sem dúvida. Um dos objetivos e uma das coisas que me pediram quando vim para aqui, quando assinei pelo Estoril, era isso também. Temos um plantel muito jovem, com jogadores de muita qualidade, mas só a juventude hoje em dia não permite ou poderá não permitir alcançar grandes resultados.
Acho que uma mistura entre experiência, jogadores mais velhos, que já estiveram outros patamares, juntamente com essa irreverência dos mais jovens, é importante em qualquer equipa e um dos meus objetivos em vir para aqui é também poder ajudar os mais novos a evoluírem, a crescerem, a saberem diariamente que estamos num clube que tem ambições já muito positivas e o trabalho diário tem que ser o mais importante.
- Na prática sente que isso está a acontecer? O Pizzi é o jogador com mais idade no plantel, com 36 anos. Essa experiência está a ser, de facto, mais-valia?
Acho que sim, tento diariamente dar o meu máximo nos treinos e tento também ajudar naquilo que posso e naquilo que consigo os mais jovens e também os outros jogadores com a minha experiência, com a minha forma de ser, com a minha forma de lidar com o futebol. Acho que tem sido bastante positivo para mim nesse aspeto e também os jogadores gostam de me ter como um irmão mais velho, aqui, para os ajudar no que é possível.
A utilização não era a que esperava, mas as coisas vão melhorar
- Olhando para a temporada do Estoril em termos desportivos, como avalia o percurso até agora? Falta encontrar estabilidade?
Sim, é importante encontrar estabilidade. Ao longo do início da época temos sofrido bastantes golos, acho importante baixarmos a média de golos sofridos. Temos marcado também bastantes, mas se sofrermos menos golos estaremos mais perto de vencer os jogos.
Temos de continuar a trabalhar diariamente para poder evoluir em vários aspetos que temos a melhorar, isso é óbvio. Mas acho que estamos num bom caminho, temos trabalhado muito bem. Os jogos iniciais não refletem de todo a qualidade desta equipa e tenho a certeza de que num futuro próximo o Estoril vai continuar como tem estado agora, com vitórias.
- A nível pessoal, como faz a avaliação em termos desportivos? Está dentro do que era esperado? Esperava mais?
Sim, independentemente da idade, por onde já passamos e os clubes onde já jogámos, queremos sempre jogar e estar sempre dentro do campo. Acho que isso faz parte do ADN de qualquer jogador.
Quero estar sempre dentro do campo a ajudar, ser mais um a ajudar o Estoril a conquistar vitórias. Sei que tenho tido uma utilização que não tem sido a que eu esperaria, mas tenho a certeza de que num futuro próximo as coisas vão melhorar. Tenho trabalhado nos limites e agora tenho de esperar a oportunidade e quando ela chegar, dar uma resposta positiva.