Paulo Fonseca, treinador do Lyon
Paulo Fonseca, treinador do Lyon - Foto: IMAGO

Paulo Fonseca: «Se calhar devia ter feito uma pausa depois do Milan»

Treinador do Lyon fala das dificuldades de estar longe das equipas nos jogos devido a castigo; volta ao Milan para recordar que foi despedido pela primeira vez a meio da época e como é difícil treinar lá

Com longos meses pela frente de castigo no Lyon – recurso está pendente, mas mesmo assim a cumprir o impedimento de ir para o banco durante 9 meses, Paulo Fonseca considera que devia ter feito uma pausa maior na carreira depois de sair do Milan

Recorde-se que o treinador português foi despedido em cima da passagem de ano, e anunciado no clube francês um mês depois, a 31 de janeiro. 

Em entrevista ao jornal L'Equipe, antes da segunda mão dos quartos de final da UEFA Europa League com o Manchester United (2-2 na primeira mão), Paulo Fonseca admitiu que devia ter descansado – e que a falta dele até o pode ter levado à atitude de encostar a cabeça ao árbitro que gerou o castigo. 

«Entre o Milan, onde fui demitido a meio da temporada pela primeira vez na minha carreira, e o Lyon, não tive descanso. E não imaginam a pressão que é treinar o Milan! Se calhar devia ter feito uma pausa depois do Milan, mas não quero dar desculpas», reflete. 

Em Old Trafford, por se tratar de uma competição que não a Ligue 1,  Paulo Fonseca vai poder ocupar o seu lugar no banco e «isso muda muita coisa».  

Entre o Milan, onde fui demitido a meio da temporada pela primeira vez na minha carreira, e o Lyon, não tive descanso. E não imaginam a pressão que é treinar o Milan! Se calhar devia ter feito uma pausa depois do Milan, mas não quero dar desculpas

«É muito difícil estar longe do relvado, longe dos jogadores, longe dos momentos importantes no balneário antes do jogo. Organizámos as coisas, mas é totalmente diferente viver esses momentos com os jogadores, poder motivá-los ao vivo e, sobretudo, poder atuar ao intervalo», explica, ele que normalmente se despede dos jogadores quando o autocarro chega ao estádio, e vai para a bancada.  

Paulo Fonseca volta ao castigo e faz questão de dizer que não tem problemas com a arbitragem francesa, embora admita que «não estava a gostar da forma como o árbitro estava a dirigir o jogo», ele que viu um cartão vermelho mesmo antes de encostar a testa ao árbitro, descontrolado. 

Organizámos as coisas, mas é totalmente diferente viver esses momentos com os jogadores, poder motivá-los ao vivo e, sobretudo, poder atuar ao intervalo

O treinador português coloca o castigo em perspetiva e acredita que a sua suspensão «fortaleceu o grupo e a sua vontade de lutar»: «Uniu o balneário. E as pessoas do clube também estão mais unidas», diz. A 6 de maio terá uma audiência junto do Comité Olímpico francês para apresentar o seu caso, considerando injusto que o castigo, válido até 30 de novembro, vá para lá da presente época.

«Tenho de pagar, mas tenho de pagar pelo que fiz: gritar na cara do árbitro. Ninguém pode dizer que fiz mais do que isso. Na minha opinião, paguei pelo contexto. Quiseram fazer de mim um exemplo em relação ao que o futebol francês estava a viver na altura em termos de arbitragem. Muitas pessoas falaram sobre o assunto, não pessoas do futebol, mas políticos, e nós sentimos a pressão.» 

Sugestão de vídeo: