Carlo Ancelotti, selecionador do Brasil (Foto: César Munoz/IMAGO)
Carlo Ancelotti, selecionador do Brasil (Foto: César Munoz/IMAGO)

Os sete trabalhos de Ancelotti no Brasil

Canarinha defendeu melhor com o italiano mas nada atacou na estreia do ex-técnico do Real Madrid. Trio conservador do meio-campo deixa magia só a cargo dos alas. Raphinha e Rodrygo fazem falta

Para se ter ideia do tamanho do desafio de Carlo Ancelotti na seleção do Brasil devemos recorrer à escala das pastilhas elásticas: foram nove mascadas pelo ex-treinador do Real Madrid, a uma média de uma a cada dez minutos, durante um nulo na casa do Equador que mostrou que os canarinhos já sabem defender à italiana mas continuam esquecidos de atacar à brasileira.

«Foi uma partida boa a nível defensivo, pouco fluída no ataque, mas saímos com confiança para o próximo jogo», disse Carletto. O próximo jogo é em São Paulo com o Paraguai, na madrugada de quarta-feira (01h45), e pode carimbar a vaga do Brasil no Mundial-2026 - a América do Sul apura seis e eventualmente mais um na repescagem. Entretanto, o novo selecionador tem muito trabalho.

Aproximação entre setores

«Era difícil buscar espaços entrelinhas, tivemos dificuldade na saída, nem sempre a bola chegou limpa ao último terço», admitiu o treinador. De facto, se entre as linhas defensiva e de meio-campo o Brasil mostrou coesão, entre o trio de médios - o regressado Casemiro, Bruno Guimarães e Gerson - e o de atacantes - Estevão, Vini Jr e Richarlison - havia um latifúndio.

Decidir o que fazer com bola

«Poderíamos ser melhores com a bola, com um jogo mais fluído, contra o Paraguai vai ser diferente, temos que ter mais ritmo, mobilidade e intensidade», prometeu, por outro lado, o treinador. Com o Equador - como sob Dorival Júnior e Fernando Diniz - os canarinhos, contra a própria natureza, nunca pareceram saber o que fazer com a bola no pé.

Mais jogadas de ataque

«Poderíamos ser melhores na frente, sim», disse Ancelotti, «mas temos de entender a força do adversário». O Equador é segundo no grupo, mesmo após penalização de três pontos por inscrição irregular de um atleta, só atrás da campeã do mundo Argentina e com a melhor defesa: cinco golos sofridos em 15 jogos.

Richarlison errou o remate na única oportunidade que teve e o suplente Matheus Cunha não mudou o rumo do jogo. Falta um 9? «São dois jogadores diferentes, com Matheus ficamos mais com a bola, Richarlison dá mais profundidade». Com Rodrygo apto, o italiano pode montar um ataque mais móvel.

Escolher um '9'

Richarlison errou o remate na única oportunidade que teve e o suplente Matheus Cunha não mudou o rumo do jogo. Falta um 9? «São dois jogadores diferentes, com Matheus ficamos mais com a bola, Richarlison dá mais profundidade». Com Rodrygo apto, o italiano pode montar um ataque mais móvel.

Integrar lesionados

Por falar no lesionado atacante do Real Madrid, também Raphinha, provável titular no futuro, seja na ala ou como 10 a diminuir os tais espaços entre setores, deve estar a caminho do onze. «Temos muita qualidade. Estou certo que vamos melhorar a nível ofensivo. Até porque hoje faltou o Raphinha, um jogador muito importante», concordou o selecionador.

Adaptação à América do Sul

Ancelotti percebeu ainda que as viagens na América do Sul - e às vezes dentro do próprio Brasil - são mais desgastantes do que as europeias. «É um pouco diferente aqui, viagens longas, e ainda há o fator altitude…». Já para não falar na organização: no Equador-Brasil, foram perdidos quatro minutos a enterrar a bandeirola de canto no lugar.

Diminuir distância para os adversários

Mas o selecionador não tem apenas que minorar os efeitos das distâncias entre países e o problema das distâncias entre meio-campo e ataque: tem de diminuir rapidamente a distância de qualidade para Espanha ou França, que momentos antes protagonizaram jogo de nove golos, e, porque não, para Portugal ou Alemanha, adversários na outra meia-final da Liga das Nações, além da Argentina, 12 pontos à frente dos canarinhos.

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