Os seis números proibidos do MotoGP
Longe vão os tempos em que os números eram distribuídos por sorteio aos pilotos ou que eram distribuídos em função da classificação do ano anterior. Hoje, um número é muitas vezes uma marca e cada piloto tem o seu, mantendo, normalmente uma relação de fidelidade que é inabalável.
Ao ponto de, por exemplo, Marc Márquez e Valentino Rossi terem abdicado de usar o número 1 nas épocas em que foram campeões do Mundo, resistindo ao 93 e ao 46, respetivamente.
O português Miguel Oliveira teve de deixar cair o 44 que usava em Moto3 e Moto2 e abraçar o 88 – escolhido por ser o dobro – porque era usado pelo espanhol Pol Espargaró.
E se o Falcão pôde escolher o 88, a verdade é que nem todos os números estão disponíveis.
Há seis números que estão proibidos no paddock, por razões diferentes, mas todos como homenagem a antigos pilotos.
1989 #pepsi #suzuki RGV500 & @KevinSchwantz pic.twitter.com/itXLxTfbGs
— RacerMedia.eu (@RacermediaE) February 25, 2025
O 34 que Kevin Schwantz usou antes de Il Dottore chegar ao MotoGP já não anda nos circuitos. O estilo vida ou morte do Texano valeu-lhe uma legião de fãs que ainda hoje jura que era o melhor de todos, apesar de só ter conquistado um título mundial em 1993.
Inevitável, foi pois retirar o 46 de Valentino Rossi, o italiano que conquistou sete títulos de MotoGP (2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2008, 2009) e levou a modalidade para outra patamar arrastando milhões até então desligados do MotoGP para um desporto que tinha no irreverente italiano um novo herói.
A day at the Ranch with the new #GoProHERO13 @GoPro pic.twitter.com/d5AAmvGOr7
— Valentino Rossi (@ValeYellow46) September 4, 2024
Tal como Rossi e Schwantz, também o italiano Loris Capirossi, três títulos e uma carreira de 21 anos no Mundial, recebeu a honra de mais ninguém voltar a colar o 65 numa moto.
Loris Capirossi Ducati GP6 2006. pic.twitter.com/C3qJyAEuKW
— RacerMedia.eu (@RacermediaE) February 14, 2025
Além destes, foram retirados do paddock os números 74, 58 e 69 usados por pilotos que desapareceram precocemente.
O japonês Daijiro Kato usava o número 74 quando morreu, após um acidente no Grande Prémio do Japão, prova inaugural do Mundial de velocidade de 2003. O piloto, então com 27 anos, entrou em coma e não resistiu a um grave traumatismo cranioencefálico com edema cerebral aos ferimentos tórax, após chocar contra um muro de proteção quando rodava a mais de 200 km/h.
As imagens da violenta queda de Marco Simoncelli quando seguia na sua Honda com o número 58, na segunda volta do Grande Prémio da Malásia, em Sepang, em 2011 emocionaram o mundo do motociclismo e do desporto em geral. O jovem italiano de 24 anos acabou por morrer ao ser abalroado pelo norte-americano Colin Edwards (Yahama) e ainda foi tocado pela mota do italiano Valentino Rossi (Ducati). Os médicos do circuito tentaram reanimar Marco Simoncelli durante 45 minutos, mas não tiveram sucesso.
O último número a desaparecer da grelha foi o 69 do irreverente Nicky Hayden. O norte americano morreu aos 35 anos após ser atropelado quando treinava de bicicleta. Os danos cerebrais que o campeão do Mundo de 2006 sofreu deixaram-no em estado «extremamente critico» e Hayden não resistiu, acabando por morrer em 2017, época em que competia no Mundial de Superbike com a Red Bull Honda.