Francesco Farioli, treinador do FC Porto - FOTO: FC Porto
Francesco Farioli, treinador do FC Porto - FOTO: FC Porto

Os 200 milhões do Nottingham, Bednarek e a diferença entre Portugal e a Premier League: tudo o que disse Farioli

Treinador do FC Porto fez a antevisão do encontro da Liga Europa, amanhã, no City Ground

Como está a equipa depois desta paragem e com um jogo de clubes para recuperar ritmo?

Em relação à equipa, estou muito positivo. Regressamos agora da pausa internacional. Os jogadores estiveram a treinar com muito afinco. A forma como abordámos o jogo da Taça foi muito positiva. Sobre as mudanças no Nottingham, recebemos as notícias no sábado e tivemos de atirar para o lixo tudo o que tínhamos preparado sobre o antigo treinador. Como sabem, o novo treinador [Sean Dyche] tem uma ligação muito forte com o clube. Por isso, amanhã não é apenas um jogo de futebol, há muitos fatores emocionais que vão afetar o jogo. É um treinador com uma identidade muito clara. Em todos os meus clubes anteriores, mostrava aos jogadores algumas imagens das suas equipas. Especialmente quando ele estava em Burnley. O espírito da equipa, a forma como defendem a baliza, especialmente. Há fatores e cenários que nós analisámos e coisas que provavelmente vamos descobrir amanhã. Como sempre, estamos preparados para diferentes cenários

Como vê estas mudanças e a crise do Nottingham Forest?

— Sobre a crise ou o período difícil (do adversário), isso faz parte do futebol. Um par de maus ou bons resultados são capazes de mudar as coisas muito rapidamente. Não é algo a que devamos prestar muita atenção. Aquilo que sabemos é o valor de uma equipa que esteve no top 4 (da Premier League) durante quase toda a época (passada) e que perdeu o acesso à Liga dos Campeões por um ponto. No último verão investiu mais de 200 milhões de euros em reforços. É nisso que nos temos de focar amanhã. Além de tudo isso, mudaram três excelentes treinadores. Todos têm a sua visão do futebol e a chegada de Sean Dyche vai trazer uma ligação forte com o clube e a cidade. Ele vive nesta zona. Amanhã, o jogo vai requerer muita atenção da nossa parte. Temos de estar preparados.

O FC Porto pode tirar vantagem dessa vertente emocional do jogo?

Temos a nossa forma de jogar e tentamos aplicá-la em jogo. Será diferente pelo cenário. O que esperamos deles? Há várias possibilidades: bloco baixo, pressão... O que importa não é a abordagem deles, mas como respondemos ao plano deles. Amanhã é mais uma oportunidade de provar que estamos no caminho certo, mas vai exigir muito esforço e a mentalidade tem de estar no topo.

— Que adversário espera amanhã no City Ground?

É uma equipa que tem tudo. Tem qualidade de jogo, capacidade física, força no ataque, tamanho… São uma equipa massiva, a maior parte dos jogadores anda entre os 1,93 e 1,94 metros de altura. Temos de estar prontos. Se queremos subir a nossa fasquia, é um bom momento para fazê-lo», reiterou o técnico italiano, sem hesitar na hora de apontar Jan Bednarek como «um líder, sem dúvida. Claro que temos a nossa forma de jogar e que tentamos aplicar sempre em todos os jogos — apesar de termos de adaptar sempre mediante do adversário. O que podemos controlar não é a forma como eles vão abordar o jogo, mas sim o que poderemos fazer em campo. Estamos habituados a formas diferentes de jogar. Amanhã é mais uma possibilidade de provarmos que estamos a ir na direção certa.

— Que diferenças encontra entre o campeonato português e a Premier League?

A resposta é muito clara: é uma liga que nos últimos 10 anos distanciou-se de todos os outros em todos os parâmetros: atrai os melhores jogadores, os melhores profissionais do desporto e só isso é suficiente para criar um 'gap' para os demais campeonatos. Para não falar dos orçamentos. Amanhã será um jogo cheio de desafios, duelos e contactos. Temos de competir com eles em todas essas áreas. Temos de levar a melhor em todas elas e, se não conseguirmos, temos de levar o jogo na direção que queremos para conseguirmos o melhor resultado possível.

— É importante conquistar a terceira vitória consecutiva na Liga Europa?

— Jogar na Europa exige coisas diferentes daquelas que a liga portuguesa exige. O nível [de adversidade] aumenta e é normal. Em Salzburgo sofremos mais do que deveríamos. Mas o jogo contra o Estrela Vermelha já foi muito positivo. Amanhã será um jogo diferente. Sabemos qual é o nível da competição e aquilo que o adversário vai obrigar-nos. Temos de estar ao nosso melhor nível.

— O quão é importante ter na equipa um jogador com a experiência como Bednarek num jogo desta dimensão?

Bednarek é uma peça-chave, não só para amanhã. Recebemos mais do que aquilo que esperávamos. Conhecia-o como jogador, mas recebi um jogador que é extremamente especial por tudo aquilo que faz dentro e fora de campo. Está sempre pronto para ajudar todos. Coloca a fasquia muito alta e a ajuda dele tem sido enorme desde o primeiro dia em que aqui chegou. Está à vista de todos.