O jogo do título e o jogo escondido sobre Gyokeres e Di María, tudo o que disse Bruno Lage antes do dérbi
— Como está o Benfica a abordar este dérbi? Que peso pode ter o fator casa num jogo que pode ser decisivo?
— Que melhor forma de promover o futebol português e o nosso campeonato que fazer o jogo de amanhã? Quando olhamos para campeonatos como os de Inglaterra, França ou Alemanha, nos quais os campeões estão encontrados, amanhã temos a oportunidade de jogar o jogo do título. Não há, realmente, melhor forma de promover o nosso futebol e o nosso campeonato. O adversário que vamos defrontar é uma excelente equipa, com excelente treinador. O Rui [Borges] tem feito um trabalho muito bom ao longo da época. Vamos defrontar uma equipa muito boa, muito competentes com valores individuais e coletivo. Reconhecemos o valor de cada jogador, o Trincão, que conheço muito bem, o Viktor [Gyokeres] e o Pote [Pedro Gonçalves], na frente, são jogadores de seleção e com enorme potencial. Tudo junto, perspetiva-se um grande jogo. Vamos jogar contra uma grande equipa, também somos uma grande equipa. Amanhã temos a oportunidade de discutir o título de campeão e, sim, estou claramente convicto de que o apoio dos nossos adeptos é muito importante e decisivo para o desfecho.
— Rui Borges considerou o dérbi o jogo do século. Concorda? Também disse que, para ele, seria o jogo mais importante da carreira. Bruno Lage já virou um campeonato no Dragão, já foi campeão, já esteve na Premier League e no Brasil. Essa experiência pode dar-lhe neste jogo alguma superioridade em relação ao treinador do Sporting?
— — O jogo mais importante é sempre o próximo. A título individual e do clube é um jogo muito importante, pode ser decisivo e é dessa forma que o estamos a viver.
— É o jogo mais importante da sua carreira depois de tudo o que viveu, inclusivamente esta temporada? Di María pode jogar amanhã? Está à espera que Pedro Gonçalves seja titular?
— Na nossa profissão o jogo mais importante será sempre o próximo. Amanhã, repito, é um jogo muito importante e pode ser decisivo para um título. Tem essa importância e temos essa consciência. O que vos posso dizer de Di María é que está convocado. [Pedro Gonçalves titular?] Acredito que sim. É um jogador com enorme talento, enorme qualidade individual, dá muito à equipa. Se joga de início ou depois entra cabe ao Rui [Borges] decidir. A mim cabe-me fazer a convocatória e escolher a melhor estratégia para o jogo.
— Se o Benfica for campeão Roger Schmidt também tem quota parte do título? A sua continuidade no Benfica dependerá do título?
— Peço-lhe para fazer essa pergunta a seguir ao jogo de amanhã. O que é importante para mim é que ter uma ideia muito clara do que quero para o meu futuro. Isso é o mais importante. Vou lançar um desafio. Quais foram os dois primeiros grandes objetivos quando chegámos? E acho que os conseguimos alcançar. O primeiro era voltar a puxar os adeptos para junto da equipa, para apoiar a equipa. Sentimos isso. Aquilo que vamos viver amanhã seria impossível sem o apoio e sem a proximidade dos adeptos com a equipa. E, depois, quando olhámos para o campeonato e o calendário, queríamos estar nesta posição. Sabem que tenho dito várias vezes que o campeonato se decidiria nas últimas duas jornadas. É nesta posição que estamos. Os dois primeiros objetivos foram alcançados. Já vencemos a Taça da Liga, garantimos as eliminatórias da Champions, chegámos aos oitavos de final da Champions, somos finalistas da Taça de Portugal, conseguimos enquadrar os jogadores para jogar de uma forma que as pessoas gostam e vibram, com futebol ofensivo, com golos. Conseguimos trazer o melhor dos jogadores ao serviço da equipa e ao mesmo tempo com fazer com que se destacassem. Isto na maioria dos clubes europeus seria uma época razoável, no Benfica é insuficiente. E eu e a minha equipa técnica temos plena consciência disso. [Roger Schmidt tem quota parte no sucesso?] Claro que sim. Se for ao museu do Benfica, no título 2018/2019, estão lá as duas fotografias, Rui Vitória e Bruno Lage. É o que mais desejo e vamos trabalhar muito para que no futuro possam lá estar duas fotografias, a minha e a do mister Roger [Schmidt].
— Numa página nas redes sociais afeta ao Benfica, Di María respondeu com uma cara triste a uma publicação que sugeria que poderia ser o último jogo dele na Luz. Amanhã poderá ser o último jogo de Di María na Luz ou tem esperança de que ele renove? Na última jornada, tirou notas da forma como o Gil Vicente travou Gyokeres?
— Sobre Di María, não sei responder. Gosto muito de trabalhar com o Di María e essa situação será resolvida entre o presidente e o Di María. Sobre a segunda pergunta, tiramos notas como o Sporting joga. E depois eu e a equipa técnica analisamos o adversário. Jogámos contra muitos adversários, o nosso trabalho parte da análise para depois prepararmos a melhor estratégia para o jogo. Foi isso que fizemos.
— Benfica precisa de dois golos ou mais para sagrar-se campeão e o apoio dos adeptos poderá ser determinante. Quer deixar alguma mensagem aos adeptos?
— O nosso grande objetivo é jogar pelas nossas famílias. E este clube representa isso: jogar pela minha família e pela família benfiquista. Acredito que amanhã, pelo que foi a aproximação dos adeptos à equipa, que estarão do nosso lado, independentemente de diferenças só há um caminho. Os adeptos sabem, a equipa sabe e estaremos juntos e unidos a receber esse forte apoio das bancadas durante os 90 minutos, porque é aí que se encontrará o vencedor.
— Miguel, antigo lateral do Benfica e internacional português, e Álvaro Magalhães, também antigo lateral e campeão do Benfica, falaram com A BOLA esta semana da forma como tentar travar Gyokeres. Miguel dizia que não se deve jogar em antecipação, Álvaro que não se deve deixar Gyokeres virar-se para a baliza com a bola controlada. Partilha dessas ideias? Poderá elucidar-nos da forma como o Benfica tentará travar Gyokeres?
— — Temos uma ideia muito clara da estratégia de jogo de amanhã, como deve calcular não vou partilhar convosco.
— Na preparação para este jogo, tirou mais notas dos últimos jogos do Sporting ou do jogo da primeira volta com o Sporting? Este Sporting está mais forte que no dérbi da primeira volta?
— Olhamos sempre para aquilo que as equipas vão fazendo nos últimos jogos. Há sempre cinco ou seis jogos que temos o cuidado de analisar, mas depois há sempre ideias de que podemos tirar doutros jogos. O que é importante, e que fique bem claro, é que sabemos que vamos jogar contra uma grande equipa, que jogou sob o comando do Rui [Borges] em diversos sistemas. Também temos a essa capacidade de encarar os jogos e e encontrar boas soluções estratégicas para estes jogos. É nisso que nos concentramos.
— Há seis anos, antes do jogo com o Santa Clara em que se tornou campeão nacional, mandou estampar uma camisola com o nome de Jaime Graça. Já pediu para estampar alguma camisola para amanhã? A quem quererá dedicar o título de campeão? Que comentário gostaria de fazer ao que se tem verificado nos últimos dias entre claques?
— Não mandei estampar nada. O que quero é estar tranquilo e só focado no jogo. Vou recordar a história, até porque já foi escrita várias vezes. O Pedro, roupeiro dos juvenis, deu-me um saco fechado e disse-me para abrir depois do jogo. Foi o que fiz. Quando o jogo terminou, fui para o balneário e estava o 37 e o nome do Jaime Graça [estampados na camisola]. O que mais nos orienta é o jogo, a forma como nos preparamos. E depois sentirmos os sinais de que a equipa e os jogadores estão connosco, os jogadores acreditam muito na nossa forma de trabalhar, sentem-se muito confortáveis com a estratégia que trabalhámos esta semana e isso deixa-nos confortáveis e otismistas para fazer um grande jogo. [Sobre os episódios de violência e vandalismo das claques] Há várias coisas a lamentar. Mas por isso é que comecei [a conferência] daquela forma. Vejam a oportunidade que temos de promover o nosso futebol e o nosso campeonato. Noutros tão competitivos os campeões estão encontrados. E nós, amanhã, podemos jogar o jogo do título. Há quantos anos é que um dérbi não era tão decisivo para encontrar um campeão? No entanto ainda vou mais longe e há coisas em que podemos refletir. Poderemos ajudar, e também me incluo nisso, em ter uma comunicação mais positiva no futebol? Acho que é sobre isso que também podemos pensar.