Rui Borges e Bruno Lage, treinadores de Sporting e Benfica, na final da Taça de Portugal de 2024/25 (foto: Miguel Nunes)

Nota de rodapé no Sporting-Benfica

Bons sinais no futebol português sempre atrasados, como os parabéns de Rui Borges

O primeiro dérbi de Lisboa e primeiro jogo oficial de 2025/26 terminou com vitória do Benfica, por 1-0, na Supertaça Cândido de Oliveira. O duelo, além do troféu, era especialmente importante para a equipa dos encarnados depois da forma como terminou a época passada, derrotado na final da Taça de Portugal e perda do campeonato nas últimas jornadas, ambos os títulos ganhos precisamente pelo rival Sporting.

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Era, também por isso, um jogo que o Benfica desejava muito vencer para transmitir uma mensagem de força aos adeptos e adversários, a imagem de que tudo pode, efetivamente, ser diferente na nova época. Quando o treinador das águias, Bruno Lage, disse no Mundial de Clubes dos EUA que a mentalidade teria de mudar, que a equipa precisava de ser mais agressiva e que, dentro e fora do campo, ninguém iria pisar e ficar a rir ou cantar, a mensagem levou-nos imediatamente para o lance do defesa dos leões Matheus Reis a pisar a cabeça do benfiquista Belotti na final da Taça de 2024/25.

Por tudo isto, no relvado do Estádio Algarve, palco da Supertaça, jogou-se mais que futebol, tendo todos a consciência do momento ainda precoce na preparação das equipas. O desafio foi, também, um primeiro tomar de pulso ao momento da rivalidade entre Benfica e Sporting. E percebeu-se que continua acesa e promete episódios ao longo da temporada, não diferindo, neste aspeto, do que se passa há muito.

Os momentos finais do jogo ficaram marcados por alguma tensão entre jogadores, com lances quentes, vários cartões, mostrados não apenas aos artistas principais, mas também a elementos das equipas técnicas de uma e outra equipas, que estavam sentados no banco de suplentes. Mas o sinal mais forte de que não podemos esperar milagres foi a forma como o treinador do Sporting se comportou. Rui Borges, quando o árbitro apitou para o final do jogo, não deu os parabéns a Bruno Lage pela conquista do troféu. Pode argumentar que os dois se desencontraram, que ele foi na direção do centro do relvado e Lage noutro sentido, mas tinha ficado bem a Borges procurar em primeiro lugar, com sentido desportivo, cumprimentar o rival, colega de profissão e, não esquecer, parceiro na venda de um produto que se pretende saudável e rentável. Ou não?

O treinador do Sporting poderia ter emendado a mão e endereçar parabéns nas conferências, mas não o fez e optou por, horas mais tarde, dar os parabéns numa mensagem privada que enviou a Bruno Lage. O que se passou não é mais que nota de rodapé na história da 47.ª edição da Supertaça, mas, tal como sucedeu com a mensagem tardia de Rui Borges, mais uma vez ficamos com a sensação de que o bom senso e as boas práticas no futebol português chegam sempre com atraso, quando chegam. E os grandes, seja qual for a cor, têm nas mãos o poder de mudar esta realidade.

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