Nem sempre haver fumo é sinal de que haja fogo

Intensidade e ritmo do primeiro tempo foram promessa por cumprir na metade final. Pelas chances criadas, Estrela merecia algo mais

Uma primeira parte muito promissora, jogada a bom ritmo, com intensidade e com lances bem disputados por duas equipas velozes e claramente viradas para o ataque — destacando-se como mais perigosa a formação da casa — deu lugar a um segundo tempo... de apagão quase total e que redundou num enorme nulo entre Estrela da Amadora, que vinha de moralizadora vitória diante do Boavista (1-0), e a equipa-revelação da Liga, o Santa Clara, fantástico 5.º classificado do campeonato, mas que chegava à Reboleira depois de derrota, em casa, com o Benfica (0-1).

Os ingredientes eram de qualidade, o discurso dos treinadores era promissor, o ambiente que se vivia nas bancadas do José Gomes, com a claque da casa, a Magia Tricolor, a celebrar o 20.º aniversário, fazia antever um bom espetáculo. Que se viu na primeira metade, mas que se apagou na segunda, deixando no ar a certeza de que nem sempre o facto de haver fumo é sinal de que haja fogo... Não houve.

Entrou com tudo o Santa Clara, dominante e pouco incomodado com as notícias que, durante a semana, deram conta da saída do treinador Vasco Matos para o Botafogo (também aqui houve fumo, mas não... fogo).

Mas logo respondeu o Estrela com lance de perigo aos 6', num remate forte e enquadrado de Rodrigo Pinho, a embater em MT. Estava lançado o mote e, depois de início veloz dos açorianos, eram os homens da Reboleira a pegar no jogo.

Estava lançado o mote e, depois de início veloz dos açorianos, eram os homens da Reboleira a pegar no jogo, desenhando dois lances que, mais bem definidos, poderiam ter resultado em golo; mas Chico Banza cabeceou muito mal (10') e Fábio Ronaldo atirou por cima (13').

A resposta do Santa Clara foi imediata, primeiro por Gabriel Silva num desvio, porém à figura (16'), e logo a seguir por Vinícius Lopes, a isolar-se, mas a precipitar-se e a atirar ainda de longe mas muito ao lado (21'). Ritmo louco, linhas atacantes em alta rotação, médios rapidíssimos nas transições, mas defesas a conseguirem sobrepor-se. O jogo estava animado, intenso e bem disputado.

Era a vez dos anfitriões voltarem a surgir com perigo, agora por Amine a disparar forte, mas contra a barreira de defesas açorianos (25'). Lance que, como até ali, não ficaria sem réplica do adversário: a fechar a primeira parte, Gabriel Silva voltou a atirar cruzado, mas ao lado (40').

Uff! A segunda parte prometia mas... não cumpriu. O Santa Clara mudou de 3x4x3 para 4x3x3, teve mais bola e baralhou aqui e ali o Estrela. Mas o cansaço apoderou-se das equipas, a criatividade desvaneceu-se, o jogo perdeu qualidade e ritmo e arrastou-se entre faltas e muitos duelos a meio-campo.

O Estrela, por Rodrigo Pinho (65') num belo cabeceamento para grande defesa de Gabriel Batista, criou o único lance de perigo da segunda parte. O apagão foi, assim, dominante; o 0-0 ficou-lhes bem.

O melhor em campo: Diogo Travassos (7)
Podia estar aqui Rodrigo Pinho, pelas duas grandes oportunidades, porém falhadas, podia também estar Fábio Ronaldo. Mas Diogo Travassos foi constante, determinante a defender na primeira parte e o mais ativo a tentar surgir com perigo no ataque na segunda. É dele o cruzamento perfeito para o cabeceamento de Pinho (65') que proporcionou a defesa da tarde a Gabriel Batista.

As notas dos jogadores do Estrela da Amadora

João Costa (6); Ferro (5), Miguel Lopes (6) e Rúben Lima (5); Diogo Travassos (7), Amine (6), Paulo Moreira (6) e Nilton Varela (5); Fábio Ronaldo (6), Rodrigo Pinho (6) e Chico Banza (5).
Suplentes utilizados: Keliano (5), Alan Ruiz (5), Pantalon (-), Kikas (-) e Jovane Cabral (-)

A figura do Santa Clara: Gabriel Silva (6)
O Santa Clara foi menos incisivo no ataque do que o próprio Estrela e foi sobretudo menos criativo e eficaz do que em momentos anteriores da época. Ainda assim, se houve alguém que tentou foi Gabriel Silva, surgindo com perigo em duas ocasiões das três ocasiões claras criadas pelos açorianos: primeiro num desvio à figura (15'); depois, num remate cruzado potente, mas ao lado (40').

As notas dos jogadores do Santa Clara

Gabriel Batista (6); Frederico Venâncio (5), Luís Rocha (5) e MT (6); Diogo Calila (5), Adriano Firmino (5), Serginho (5) e Matheus Pereira (6); Ricardinho (5), Vinícius Lopes (5) e Gabriel Silva (6) 
Suplentes utilizados: Lucas Soares (5), Pedro Ferreira (5), João Costa (5) e Daniel Borges (-) 

As reações dos treinadores

Luís Silva (adjunto do E. Amadora):

Primeira parte fantástica da nossa parte frente a um adversário que é dos melhores desta Liga. Nunca nos desequilibramos, criámos oportunidades. Na segunda parte, tivemos menos bola, mas controlámos bem o jogo

Vasco Matos - Santa Clara:

O Estrela é equipa difícil, muito competitiva, mas acho que a nossa equipa esteve à altura do desafio e também criou boas oportunidades na primeira parte. Independentemente de tudo, estamos juntos e muito unidos