Neemias fala como um veterano no dia de imprensa dos Celtics

Jornalistas de Boston quiseram saber se o pose português vai manter a liderança e jogo como apresentou com Portugal no EuroBasket. Como a equipa irá sentir-se depois de ter visto sair alguns dos seus principais e mais experientes elementos no campo e no balneário ou como foi que Al Horford o ajudou no seu crescimento

Numa altura em que muitas equipas já se apresentaram na passada semana para época 2025/26, arranca a 21 de outubro, os Celtics realizaram o seu Media Day esta segunda-feira, com todos os jogadores a serem entrevistados e fotografados para aquela que será a 80.ª temporada do clube na  NBA.

Neemias Queta, que se espera que venha a ser utilizado como nunca e até integre frequentemente o cinco inicial dos 18 vezes campeões surgiu na sala de imprensa com a tradicional fita na cabeça, branca, e uma manga térmica no braço esquerdo. Sentou-se, deu os bons dias e esperou pelas perguntas.

A primeira sobre a liderança do grupo, agora que muitos jogadores experientes [Al Horford, Kristaps Porzingis, Jrue Holiday e até Luke Kornet], três deles postes, que ajudaram à conquista do título de 2023/24 saíram. O internacional luso, de 26 anos, vai para a quinta época na NBA, terceira nos Celtics. «É uma equipa diferente. Perdemos muitos das principais vozes no balneário, muita da liderança de veteranos. Como parte do grupo, nós, os mais novos, também temos de encontrar a nossa voz e falarmos mais. Tem de haver um compromisso. Todos temos de contribuir mais um pouco com as nossas vozes, dar mais 5% cento e partirmos daí» começou por referir.

Pessoalmente, visto ir passar a jogar mais com as principais estrelas, Neemy contou que «estando aqui há dois anos, aprendemos muito sobre as coisas que queremos fazer. Seja a nível de palavras ou da experiência de estar em campo com os tipos que estão cá há mais tempo. Sabemos onde queremos chegar».

«Da forma como vejo as coisas, tenho de ser mais vocal, encontrar a minha voz e falar mais. Com o tempo isso será decisivo para mim e na minha evolução. Vou ter de o fazer, uma e outra e outra vez», explicou.

Já sobre aquilo que mostrou no EuroBasket por Portugal e a sua liderança na Seleção, questionaram se seria capaz de aproveitar essa experiência e aplicá-la na NBA. «Sim, é um pouco o mesmo que referi. Manter a mesma confiança, usar a mesma voz. Sendo agora um dos que tem mais experiência aqui, quero ter a certeza que ajudo os meus colegas e que a transição deles seja fácil. Que os novos possam crescer depressa e todos estejamos sintonizados pois essa é a maneira de vencer», destacou.

Quanto ao que aprendeu com jogadores que foram seus colegas, casos de Horford, Porzings, e outros basquetebolistas postes da liga, que já utilizou no Euro e agora também irá aplicar neste época, Queta começou por salientar que «esses jogadores são bons pela forma como são versáteis». «O que quer que seja que se necessite deles nos jogos, vão encontrar uma forma de o conseguir. Sejam ressaltos, pontos, desarmes, ajudarem na defesa do lado oposto, serem grande defensores».

«Esse é um dos pontos em que quero ter a certeza que estou pronto. Ser versátil, ajudar em tudo o que possa para a equipa ganhar. Foi isso que eles fizeram. Trabalharam para nós. Só quero ajudar e fazer o mesmo. Que quando chegar o momento seja eu próprio e contribuir para que a equipa ganhe, independentemente do que necessitarem de mim».

Perguntaram-lhe especificamente sobre Al Horford, um dos jogadores que Neemias sempre contou que mais o ajudou desde que chegara a Boston e que confirmou a saída há muito anunciada ao assinar, ontem, com os Warriors.

«Al esteve aqui durante tanto tempo e está na Liga há bastante de tal forma que não há muitas coisas que não tenha visto. Ter uma pessoa dessas com quem conversar  e fazer-lhe perguntas sobre coisas que podia aprender com ele. Também foi uma maneira de aprender a defender ao mais alto nível. Isso foi o principal, conhecer como ser uma presença defensiva consistente. Poder estar constantemente a fazer-lhe perguntas sobre essas coisas e ele ajudou-me bastante a evoluir nesse aspecto», voltou a referir.

Por fim, quiseram saber a opinião sobre uma questão que já lhe haviam perguntado na época passada, na qual houve momentos em que fez grandes jogos e contribuiu muito e depois, noutros, nem jogava. «Penso que é algo a que se têm de habituar. Por vezes, o nosso nome é chamado a ajudar e a contribuir para a vitória, noutras são outros. O principal é continuar a aprender a estar preparado. Independentemente do tempo que tenha perdido, entrar no jogo e ter impacto nesse encontro especifico, quer tenha disputado sete/oito jogos seguidos, quer não tenha atuado em seis».

«O importante é levar as coisas dia a dia. Se não tiver jogado, continuar a trabalhar para estar melhor quando o meu nome for chamado e preparado para a oportunidade. Isso é o principal. Não podemos saltar degraus nesta liga porque, eventualmente, isso irá revelar-se.»