Rui Costa e Frederico Varandas sorridentes antes de um dérbi em Alvalade. Foto: Miguel Nunes
Rui Costa e Frederico Varandas sorridentes antes de um dérbi em Alvalade. Foto: Miguel Nunes

Não vai correr tudo bem

Frederico Varandas acusou Tiago Martins, em fevereiro, de ter errado por estar condicionado pelo FC Porto. Como estaria, para o presidente do Sporting, Tiago Martins na final da Taça?

O violento comunicado do Benfica depois da final da Taça de Portugal atinge os fundamentos da integridade do jogo e do futebol português. Não pode haver acusação mais grave de que a desvirtuação desportiva e, no entanto, tudo andará mais entretido e interessado em julgamentos de intenção de conveniência — justificação de época com apenas um título, eleições à porta para a presidência, desculpas de mau pagador, enfim, há por aí muitas sentenças — que em melhorar o produto que consumimos. Isto serve praticamente para todos os adeptos ou observadores do fenómeno, independentemente de simpatias clubísticas.

O Benfica, reconheça-se, esforçou-se por não entrar no caminho tradicional de desestabilizar para ganhar. Não significa isso que calar é consentir. Mas podemos questionar se foi a melhor estratégia para alcançar os objetivos, considerando as circunstâncias do futebol português. E também questionar — neste caso nunca saberemos — se teria produzido as mesmas acusações e feito as mesmas exigências se não tem havido penálti nos últimos segundos de compensação dos 90 minutos da final da Taça de Portugal.

O futebol português deu passos importantes na modernização, mas ainda tem raízes profundas na obscuridade e de lá demorará a sair. São comportamentos, dependências, cumplicidades e lealdades que o continuarão a minar. Estaremos todos à espera de respostas do Conselho de Arbitragem e da Federação Portuguesa de Futebol, cujo presidente, Pedro Proença, já perdeu uma oportunidade para contribuir para o alívio da tensão, depois de ter evitado, terça-feira, falar com os jornalistas. E concluiremos todos, cedo ou tarde, que até pode mudar alguma coisa para ficar tudo na mesma. E que não vai correr tudo bem.

Tiago Martins nas palavras de Varandas

Tiago Martins foi o videoárbitro que não viu o pisão de Matheus Reis na cabeça de Andrea Belotti. Nestes dias ninguém se sentiu pior que ele. Cometeu um erro grave, demasiado óbvio, irá pagá-lo, provavelmente será sacrificado para que tudo fique na mesma.

Foi Tiago Martins que Frederico Varandas, numa entrevista em fevereiro, depois de dois empates seguidos do Sporting no campeonato, acusou de ter sido «condicionado», esta época, por comunicação old school do FC Porto. Disse o presidente dos leões que não tinha as menores dúvidas de que Tiago Martins, por esse motivo, tinha favorecido os dragões ao não expulsar um jogador do FC Porto, num jogo com o Nacional.

Só Tiago Martins poderá dizer se se sentiu condicionado por Frederico Varandas na final da Taça de Portugal com o Benfica. Já poucas dúvidas haverá sobre o que poderá pensar o presidente dos leões, que considerou o critério de arbitragem diferente para os rivais, mas não se revê na intoxicação dos rivais em assuntos de arbitragem depois dos desaires.

A justificação de Matheus Reis

Matheus Reis justificou a agressão violenta sobre Andrea Belotti com um desequilíbrio de corpo e justificou a vangloriação do ato com alguns companheiros, transmitida em direto pelo Sporting, com o contexto de festa. É isto.