Na terapia Zen(o) o leão alcançou a paz interior (as notas do Sporting)
RUI SILVA (5) — O Marselha teve enorme caudal ofensivo na primeira parte mas o guarda-redes não fez qualquer defesa daquelas de deixar o mundo de boca aberta. No golo francês, apenas chegaria à bola rematada por Igor Paixão se fosse alado... Na segunda parte, tirou folga ativa, pois nada fez...
FRESNEDA (5) — Fica-se pela nota mediana porque é verdade que se incorporou muitas vezes a propósito no ataque e ajudou sobremaneira, na segunda parte, a que o leão encostasse os marselheses às cordas, mas no lance do golo francês estava completamente desfasado no espaço e no tempo após o passe a rasgar de Aubameyang e, por isso, Igor Paixão rematou à vontade.
GONÇALO INÁCIO (7) — Não teve trabalho defensivo após o intervalo, mas foi sempre muito esclarecido nas ações, quer a encurtar espaços à equipa de De Zerbi quer a lançar os companheiros de equipa com aqueles passes que saem do pé esquerdo, quase sempre, com precisão milimétrica. Nota-se que está a crescer e demonstra, cada vez mais, que subiu uns patamares na escala da classe futebolística.
MAXI ARAÚJO (7) — Pode começar a ser chamado de Locomotiva de Montevideu. Quem diria que não gostava de jogar a defesa esquerdo numa linha de quatro? A defender tem a raça de um leão de corpo inteiro e no ataque não tem medo, —— ou não fosse ele do país de Pepe Mujica — vai para cima, anda sempre à procura de espaços. Cruza muito. É certo que a equipa não tem grandes cabeceadores mas aí a culpa não é dele. Já na compensação escapou a um crime lesa futebol que o árbitro ia cometer ao expulsá-lo quando pouco ou nada teria feito para o vermelho, mas o VAR salvou o juiz esloveno, tal como já tinha acontecido na primeira parte, quando entendeu, em primeira instância que o uruguaio tinha pisado Emerson Palmieri e tinha cometido penálti mas, afinal, tinha sido o brasileiro a cair, talvez, com a força do vento...
HJULMAND (7) — Paulatinamente, o capitão está a reencontrar caminhos para que a nau leonina encontre a boa rota sob o seu comando. Após o intervalo, subiu uns metros no terreno de jogo, a equipa acompanhou-o e os da listada verde e branca começaram a asfixiar o adversário. Importante, também, quando conseguiu ajustar os timings de pressão.
JOÃO SIMÕES (6) — É o elemento mais novo do meio-campo mas talvez o mais influente, nesta fase, na (alta) rotação que dá ao setor. Na primeira parte, ainda andou algo perdido, mas por essa altura quase todos os companheiros andavam à procura do melhor posicionamento.
QUENDA (6) — Ficou com uma missão ingrata na primeira parte porque tinha de dar profundidade na ala direita mas também ajudar Fresneda a fechar defensivamente. Entre uma coisa e outra, primou pela ausência no golo do Marselha. Recompôs-se e pouco antes de sair obrigou Rulli a uma excelente defesa, numa bola que ainda beijou o poste
TRINCÃO (4) — Tremendamente desinspirado. É difícil encontrar-se uma boa ação protagonizada pelo esquerdino. Só internamente se saberá a razão pela qual houve uma queda abrupta de rendimento dos primeiros jogos da temporada para a atualidade...
PEDRO GONÇALVES (5) — Viveu imensos momentos de sombra até que a luz o voltou a iluminar e fez um passe de primeira fantástico para Geny Catamo empatar o jogo.
LUIS SUÁREZ (6) — A um avançado pedem-se golos. Esse é um axioma ancestral. O colombiano não conseguiu qualquer remate certeiro, mas trabalhou imenso e foi importantíssimo na segunda parte quando baixou um pouco no terreno e com aqueles movimentos de rotura curtas baralhou por diversas vezes a defensiva contrária.
GENY CATAMO (7) — Dificilmente o moçambicano poderia pedir mais aos deuses do futebol. Acabadinho de entrar, empatou a partida numa desmarcação ao centímetro e um remate sem hipótese para Rulli. Mexeu imenso com o jogo, pois colou-se à direita e foi sempre para cima do defensor contrário.
IOANNIDIS (7) — Mais um a sair do banco e a dar grande crédito ao leão. Fotis tem o físico de deus grego e fazendo uso da força e da combatividade dá enorme trabalho ao setor mais recuado das defensivas contrárias.
DIOMANDE (5) — Entrou para defender quando o principal propósito leonino era atacar e não comprometeu.
ALISSON (7) — Da Liga 2 ao estrelato na Champions mediaram poucos meses. Pode-se dizer que por vezes é inconsequente mas não tem pinga de receio, vai para cima dos adversários e arrisca no remate. Foi premiado com mais um golo na Liga dos Campeões mas mereceu a sorte. Se por esta altura estivesse a escrever um livro, o título bem poderia ser O Mundo Encantado de um Menino de Itapetinga.
MATHEUS REIS (5) — Tem jogado pouquíssimo mas na hora do aperto, Rui Borges não tem pejo em jogar mão ao brasileiro.