José Mourinho, atual treinador do Fenerbahçe
José Mourinho, atual treinador do Fenerbahçe - Foto: IMAGO

Mourinho lembra quando mandou tirar as camisolas: «Hoje temos muitos bebés no futebol»

Treinador português crítico com o futebol atual

José Mourinho concedeu uma entrevista ao The Telegraph, onde foi crítico e fez uma comparação entre o futebol atual e o momento em que deixou o FC Porto para rumar ao Chelsea. O treinador português lembrou um duelo entre os blues e o Blackburn Rovers. 

«Foi o jogo em que Robben partiu o pé. Se fosse hoje, com os novos bebés futebolísticos que temos… Quando falo de bebés futebolísticos, falo de jogadores árbitros e VAR. Temos muitos bebés, neste momento, no futebol. Esse jogo teria acabado 11 contra sete. Os sete, é claro, teriam perdido o jogo, mas os 11 iriam para casa a chorar ‘Oh, tenho uma nódoa negra aqui, tenho o tornozelo inchado, tenho de levar dois pontos…’», começou por referir.  

«Esse foi um jogo em que demonstrámos a toda a gente que éramos homens. Foi um jogo à noite, cheio de lama. Nada de bebés. O árbitro esqueceu-se dos cartões e conseguimos. Mesmo com o impacto emocional de Robben ter partido o pé. Mesmo com tudo isso. Petr Cech teve uma exibição louca na lama, a lutar para manter o resultado. Quando disse aos rapazes para tirarem as camisolas, tinha uma dupla intenção. Primeiro, as camisolas eram para os adeptos, porque significa muito para eles. E, depois, era para mostrar quem eram. Mostrem o vosso corpo, a vossa força. É claro que, na altura, nem toda a gente tinha um ‘six pack’, como agora, mas não interessa», prosseguiu. 

Special One, atualmente no Fenerbahçe, lembrou a chegada ao Chelsea, em 2004/2005. 

«As pessoas do Arsenal, do Manchester United, do City, estão-se nas tintas para o Chelsea 2004/05. Tal como nós, o Chelsea, estamos a borrifar-nos para os Invencíveis ou para o que eles fizeram. O que importa é o que nós sabemos. O que sabemos, o que fizemos e o que partilhamos entre nós», atirou, explicando a razão que o levou para o Chelsea. 

«Deveu-se às reuniões que tive com Roman [Abramovich] e Peter Kenyon, e o objetivo do clube, antes de ser o meu objetivo, era ganhar a Premier League o mais rapidamente possível. E, claro, isso poderia ser na primeira época. Essa tinha de ser a motivação. Tive a sensação de que Roman queria fundamentalmente uma mudança de mentalidade. Lembro-me que a primeira vez que fui a Stamford Bridge foi antes da final da UEFA Champions League [com o FC Porto]. Qualifiquei-me para a final na terça-feira e na quarta-feira fui a Stamford Bridge para o Chelsea-Mónaco. O primeiro tipo que veio ter comigo disse-me: 'Não te queremos aqui, adoramos o Ranieri'. Essa foi a minha primeira experiência em Stamford Bridge», disse, explicando o que disse aos jogadores quando chegou a Stamford Bridge. 

«Disse-lhes: 'Na próxima época vamos ser campeões'. Não podia ir para o Fenerbahçe e dizer: 'Na próxima época vamos ser campeões'. É preciso senti-lo, é preciso saber o que se tem nas mãos. Conhecia bem os jogadores do Chelsea antes de chegar. Estudei-os, analisei-os. Não queria fazer a escolha errada. Queria ir para o clube certo. Tinha possibilidades noutros clubes, por isso analisei e vi isso. Vi este potencial», afirmou. 

José Mourinho, treinador do Fenerbahçe (Foto: IMAGO)
José Mourinho, treinador do Fenerbahçe (Foto: IMAGO)

«Claro que comprámos jogadores fantásticos. Mas jogadores fantásticos já lá estavam: Lampard, Joe Cole, Terry, William Gallas, Eidur Gudjohnsen. Estes jogadores já lá estavam, mas precisávamos de uma cultura diferente. E penso que a cultura diferente começou logo no primeiro dia. Tudo era competitivo, todos os exercícios eram competitivos, mesmo que nem sempre fosse com um jogo formal com dois golos. Mais tarde, costumava chamar-lhes os meus animais de uma forma doce. Senti os animais quando estavam a crescer. John, Frank, Didier, Claude Makélélé, estes tipos estavam a chegar. Vinham na direção do que eu queria», completou. 

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