Moreirense: Michael Jordan e uma superstição nas ideias de Botelho da Costa
Vasco Botelho da Costa é um dos treinadores mais jovens da Liga e, em entrevista ao canal do organismo que tutela o futebol profissional, abriu o coração num tom mais pessoal, detalhando a visão que tem sobre a profissão de treinador e levantando um pouco o véu sobre os métodos de trabalho.
Adepto do equilíbrio nos mais diversos quadrantes da vida, o técnico do Moreirense revelou que é madrugador e explicou que, na véspera dos jogos, gosta de dar tarde livre a jogadores e restantes elementos do seu staff. «Programo o despertador para as 6h15, mas, tendencialmente, acordo um pouco antes. Normalmente, sou o primeiro a chegar ai clube, antes das 7h00. Nessas primeiras horas é quando sinto que sou verdadeiramente produtivo», começou por relatar Botelho da Costa.
«Temos de ter a capacidade de nos adaptarmos ao contexto, e também de ter equilíbrio, que é das coisas mais importantes. Temos de conseguir manter esse equilíbrio e aceitar que nem sempre vamos ter tudo como queremos. Há muitas guerras que vamos ter e há que aceitar perder algumas batalhas para poder ganhar outras. Mas não há espaço para relaxar. Temos de ser eternamente inconformados», prosseguiu o treinador, de 36 anos.
«No dia anterior ao jogo, toda a gente tem de ter tarde livre, para descansar e poder fazer outras coisas, de forma a limpar a cabeça. Temos isso mais ou menos definido», contou o homem do leme dos cónegos, dono de uma visão abrangente sobre o que é ter sucesso. «No futebol, não dá para dizermos que há só uma forma de garantir o sucesso. Se olharmos para as carreiras de três grandes tenistas mundiais — o Djokovic, o Federer e o Nadal —, vemos que todos tiveram sucesso, mas também que cada um tem o seu caminho e as suas particularidades», ressalvou Vasco Botelho da Costa, dando outro exemplo de uma lenda do desporto.
«Michael Jordan jogou 12 épocas e ganhou seis anéis… Nas outras épocas teve insucesso? Futebol e desporto é emoção, mas nós, que vivemos neste mundo, temos sempre de ir buscar a razão e o lado racional. Andar demasiado no lado emocional não ajuda e torna-se mais difícil de controlar», vincou o treinador, que revela ter desenvolvido uma superstição à conta de Pedro Alves, agora diretor geral da SAD do Alverca, quando ambos trabalhavam no Estoril.
«Acabei por ganhar uma superstição muito à conta do Pedro Alves, que agora está no Alverca. Num jogo decisivo da Liga Revelação, no Estoril, vejo o Pedro a aparecer à frente do autocarro, que estava a fazer marcha-atrás. 'Não se pode fazer marcha atrás, vamos perder o jogo!', disse ele. E perdemos o jogo… Não sei porquê, mas a partir daí, mal por mal, mais vale não fazermos marcha-atrás. [risos] Desde aí que digo sempre isso. Herdei ali um pouco essa superstição», revelou, entre sorrisos.