Mangas vai surpreender no Sporting: «É um animal competitivo»

Ricardo Mangas entrou em Alvalade com a benção de Rui Borges, sem fogo de artificio, longe do foco mediático de outros reforços que chegam a um grande em Portugal. Mais: entrou para o fim da fila dos candidatos a laterais esquerdos no plantel. Numa lista extensa: Maxi Araújo, Matheus Reis e até Nuno Santos partiam na frente. Pois bem, poucos dias após a chegada, perante a contrariedade de todos os nomes aqui descritos, Mangas fintou o destino. Estreou-se com poucos treinos e, contra todas as expectativas, perfila-se com o estatuto de titular e já a apontar ao clássico com o FC Porto da 4.ª jornada. Um reforço ‘low cost’, de 300 mil euros, que, nesta altura (pelo menos) vale bem mais. Quanto mais não seja... menos uma dor de cabeça para Rui Borges.

Mas estará Mangas preparado para este desafio? Para um salto desta dimensão? A BOLA foi procurar responder a esta questão com quem melhor o conhece. Junto dos dois clubes onde mais se notabilizou em Portugal: V. Guimarães e Boavista. Primeiro com Jorge Fernandes, defesa-central, ex-capitão dos minhotos que atualmente representa o Al-Fateh (Arábia Saudita), e Miguel Reisinho, talentoso médio, que brilhou seis épocas no clube do Bessa. Ambos conhecem Mangas como poucos...

«Está mais do que preparado para dar resposta. Todo este processo, a estreia, a sua adaptação, revela aquilo que é a sua capacidade a nível físico e mental. Face à lesão que o Maxi teve vai acabar por ter a titularidade mais cedo do que esperava e resta-lhe dar uma boa resposta. Que acredito que dará. Ele é muito rápido, forte, e tem uma capacidade física, permite-me a expressão, é um animal competitivo. Depois, a nível mental, não é um jogador jovem, tem vários jogos em muitas ligas, já passou por muita coisa na carreira, e esta é só mais uma etapa que ele merece», começa por dizer Jorge Fernandes a A BOLA, destacando a sua dinâmica e polivalência.

«No Vitória também fez de lateral esquerdo, de ala numa linha a três, de extremo... como naquele início da época passada, na Liga Conferência, onde fez alguns golos. Tem uma capacidade de adaptação a tudo o que é corredor, jogo de linha, por isso tem mais do que capacidades para jogar nas duas posições. É muito rápido, resiliente, capacidade aeróbica, aguenta o jogo todo a ir e vir e forte nos duelos. Acredito que no Sporting, com a qualidade da equipa, as decisões vão ser ainda melhores e acabar por aumentar o número de assistências e de golos», constata.

Antes do Vitória de Guimarães, Ricardo Mangas assumiu um papel de destaque no Boavista onde jogou duas temporadas. E foi no Bessa que nasceu a amizade com Miguel Reisinho, médio de 26 anos, que representou os axadrezados até final da última temporada.

«Acredito que o Mangas tem estofo psicológico para suportar a pressão de uma equipa grande, não só pela personalidade forte que tem, mas também pelos clubes que passou, todos com exigência alta», lembra o médio, que revelou os pontos que mais o impressionaram no reforço leonino.

«O profissionalismo a todos os níveis, a forma que como trabalha diariamente, a intensidade que mete nos jogos e treinos e também a sua adaptação aos contextos e funções que tem de desempenhar dentro do campo. É um jogador que pode fazer várias posições de corredor e também já jogou a central, posição que também desempenha bem. É diferente de Nuno Santos e mesmo da Maxi Araújo, vai dar coisas diferentes, mas na minha opniao também poderão jogar juntos», sublinha.

A terminar ambos comungam da mesma opnião: o Sporting fez um grande negócio com Mangas.

«Há aqueles que custam muito dinheiro e se calhar não o valem e outros que custam menos e valem mais. Isso é tudo o mercado a ser trabalhado. Independentemente do preço tenho a certeza que será uma mais valia para o Sporting. Merece estar entre os melhores e vai surpreender muita gente», diz Jorge Fernandes, apoiado por Reisinho: «Foi um grande negócio para o Sporting! A qualidade do Mangas não se resume ao preço e vai acrescentar muito ao Sporting.»