Rui Borges tem escolhido Iván Fresneda para o lado direito da defesa - Foto: Miguel Nunes
Rui Borges também recupera posição na direita - Foto: Miguel Nunes

Sporting: Rio Maior assistiu ao nascimento duma equipa 'à Rui Borges'

Augusto Inácio e Hugo Falcão concordam na ideia de que o jogo com o Casa Pia ditou o 'enterro' do 3x4x3 que estava em vigor desde os tempos de Ruben Amorim. A criatividade de Trincão e Pedro Gonçalves

Após uma pré-época algo engasgada e dum jogo da Supertaça Cândido de Oliveira diante do arquirrival Benfica abaixo das expectativas (0-1), o Sporting apresentou-se em Rio Maior, diante do Casa Pia, no 4x2x3x1 agora idealizado por Rui Borges com uma dinâmica como há muito não se via, criando inúmeras oportunidades de golo e com uma qualidade futebolística muitos degraus acima da normalmente exibida.

A vitória pecou por escassa e A BOLA foi procurar saber junto de dois treinadores se o encontro com os casapianos ditou o enterro do 3x4x3 que estava em vigor desde os tempos em que Ruben Amorim pegou no leão, em março de 2020.

Augusto Inácio, campeão nacional em 1999/2000, e Hugo Falcão, a trabalhar na Arábia Saudita, concordam com a ideia de que sopram novos ventos táticos em Alvalade. «O sistema é completamente diferente e Rui Borges tem toda a legitimidade para fazer valer a sua filosofia, pois uma direção quando contrata um treinador também contrata a sua ideia de jogo. O Rui [Borges] desde a pré-época que está a implementar este sistema e, pelo que foi visto na sexta-feira, os indícios são muito bons», adianta Augusto Inácio.

Hugo Falcão partilha da mesma ideia e gostou «da dinâmica». «O Sporting envolveu muitos jogadores no processo ofensivo. O Pedro Gonçalves e o Trincão, naquela linha de três atrás do ponta de lança, conferem grande criatividade à equipa e jogam quase de olhos fechados», junta.

Hugo Falcão está atualmente a trabalhar na Arábia Saudita

O Pedro Gonçalves e o Trincão, naquela linha de três atrás do ponta de lança, conferem grande criatividade à equipa e jogam quase de olhos fechados

Luis Suárez, a contratação mais cara de sempre do clube de Alvalade em termos de valor fixo — €22, 2M vs. os 20M de Gyokeres — foi chamado pela primeira vez à titularidade, não marcou mas... ficou muito perto. «Demonstrou uma interação muito boa com os jogadores que jogaram atrás de si, tem capacidade para furar e é bom tanto a jogar em apoio de pé para pé como em roturas em espaços curtos. E isto, na componente atacante, traz uma imprevisibilidade à equipa que ela não tinha», explica Hugo Falcão, que teve a sua primeira experiência no futebol profissional com apenas 28 anos, ao serviço do Cova da Piedade, na altura na Liga 2.

«Pareceu-me um jogador muito interessante. É inevitável falar dele e com Gyokeres o Sporting jogava mais em profundidade. No jogo com o Casa Pia, face a um adversário mais recuado, o Suárez demonstrou que é um jogador fortíssimo em espaços curtos e sente-se que está ali pronto para marcar muitos golos», vaticina Inácio.

Augusto Inácio foi campeão pelo Sporting em 1999/2000

No jogo com o Casa Pia, face a um adversário mais recuado, o Suárez demonstrou que é um jogador fortíssimo em espaços curtos e sente-se que está ali pronto para marcar muitos golos

OS ALERTAS PARA O FUTURO

Hugo Falcão gostou do que viu em Rio Maior mas deixa alguns alertas para o futuro. «Resta saber como se comportará Gonçalo Inácio nesta defesa como uma linha a quatro, pois por vezes tem perdas de bola comprometedoras. E há a questão dos laterais, tendo em conta que Vagiannidis e Mangas foram contratados na perspetiva de serem titulares e para serem ofensivos, como têm de o ser numa equipa grande. O Casa Pia esteve muito abaixo do expectável e veremos como os dois se comportarão perante um adversário mais forte, quando forem obrigados a fechar mais na defesa», diz.

Augusto Inácio também tem uma curiosidade: «Este jogo nada teve a ver com os da pré-época e com a Supertaça. Os indícios foram bons, é verdade, mas, por enquanto são só isso, indícios. Teremos de analisar como será a evolução da equipa a jogar neste sistema.»

UMA NOITE ESPECIAL

A noite de sexta-feira foi especial para mister Rui Borges, que alcançou alguns números redondos e muito positivos. O transmontano alcançou o marco de 150 vitórias na carreira a nível sénior, num percurso com mais de metade dos encontros com triunfos, ele que começou a caminhada como técnico em 2017/2018 ao serviço do Mirandela. No Sporting desde dezembro do ano passado, já somou 31 jogos, ultrapassando, dessa forma, os 30 somados no Vitória de Guimarães, o seu clube anterior. Na Liga, esta foi a 22.ª partida consecutiva sem perder, sendo que o último desaire foi num Benfica-V.Guimarães (0-1). No que se refere em específico ao jogo, este foi o Sporting mais rematador (27) da era Borges. Para se encontrar leão tão avassalador, tem se recuar a outubro de 2024 no jogo com o Famalicão (33 remates), em outubro do ano passado, ainda Ruben Amorim estava no comando técnico dos leões, antes de rumar ao Man. United.

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