Miguelito a representar a Bolívia em confronto com a Argentina
Miguelito a representar a Bolívia em confronto com a Argentina - Foto: IMAGO

Internacional boliviano preso por racismo contra ex-Santa Clara

Miguelito, do América, insultou Allano, hoje no Operário Ferroviário. Jogo no Brasil foi interrompido durante um quarto de hora. Pena máxima de prisão é de cinco anos

Miguelito, internacional boliviano e jogador do América, recém-despromovido à Serie B, foi preso em Ponta Grossa por injúria racial na fase final de um jogo do campeonato. O médio insultou Allano, antigo jogador de Santa Clara e Estoril e hoje no Operário Ferroviário, e o seu colega de equipa Jacy ouviu e serviu de testemunha no caso.

A Polícia Civil do Paraná já estabeleceu contacto com os canais de transmissão da partida de forma a obter imagens que possam ter registado esse insulto, algo que não foi possível ver durante o jogo. O inquérito policial deve ser concluído nos próximos dias, segundo a imprensa brasileira, sendo que a pena máxima prevista para o crime é de cinco anos.

Relativamente ao jogo, que terminou com a vitória do Operário (1-0), foi o árbitro quem deu a ordem de suspensão temporária (15 minutos), em cima da meia-hora de jogo, sendo que tudo começou por uma falta de Allano sobre Miguelito, que valeu o cartão amarelo ao atacante.

Entretanto, ambos os clubes já reagiram à situação, com cada um a defender os seus interesses. «Allano denunciou para a arbitragem falas racistas do camisa 7 do América-MG. O árbitro Alisson Sidnei Furtado acionou o protocolo de racismo, simbolizado por um X com os braços, e resolveu retornar a partida sem alterações. Com a denúncia de racismo, a claque do Operário mostrou indignação e, no momento, arremessou copo com líquido em direção ao banco de reservas visitante. O camisa 4 do América identificou e o adepto foi retirado da arquibancada. O Operário Ferroviário irá prestar todo apoio ao jogador Allano e lamenta a continuidade da partida sem modificações, uma vez que o protocolo foi acionado, e está buscando imagens claras que confirmem a alegação», escreveu o Operário em comunicado, nas redes sociais, enquanto o América negou o sucedido e defendeu o seu atleta.

«O América, fiel à sua história centenária e aos princípios que a sustentam, vem a público prestar esclarecimentos e manifestar total solidariedade ao atleta Miguel Ángel Terceros Acuña, diante de acusações infundadas que tentam associar seu nome a conduta de cunho racista. Após criteriosa apuração interna e análise dos fatos disponíveis, não foi identificada qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possa, sob qualquer ângulo, ser interpretada como discriminatória. Ao contrário, Miguel Terceros sempre demonstrou conduta ética, respeito e espírito desportivo, sendo amplamente reconhecido no clube por seu profissionalismo e integridade. O América reafirma, de forma enfática, o seu compromisso inegociável com a igualdade, o respeito à dignidade humana e o combate a toda e qualquer forma de preconceito. Repudiamos qualquer tentativa de imputar condutas incompatíveis com esses valores a nossos atletas e colaboradores — ainda mais quando desprovidas de qualquer respaldo nos factos. Seguiremos firmes na defesa dos princípios que norteiam nossa instituição e na preservação da honra de todos que constroem, com dedicação e respeito, um futebol mais justo, inclusivo e humano», garantiram.