Fábio Carvalho (Hull City)

Fábio Carvalho: «Estou feliz e a jogar, o Hull City não foi um passo atrás»

Primeira parte entrevista ao médio ofensivo português, cedido pelo Liverpool ao Leipzig no início da época, mas que rumou ao Championship no mercado de inverno

Após 22 jogos e dois golos na época de estreia no Liverpool, clube ao qual chegou proveniente do Fulham, Fábio Carvalho foi emprestado ao Leipzig no início da época. Na Alemanha, porém, o jogador português de 21 anos fez apenas 15 jogos, quase sempre saindo do banco de suplentes. Descontente com a pouca utilização, o médio ofensivo regressou a Inglaterra no mercado de inverno. Trocou a luta pelos primeiros lugares da Bundesliga e a disputa da Liga dos Campeões por uma equipa que procura a subida à Premier League? Não. Trocou a insatisfação pela felicidade. É isso que garante em entrevista a A BOLA, explicando aquilo que considera que correu mal na Alemanha.

- Fez a primeira metade da época no Leipzig, mas o final do empréstimo foi antecipado. O que correu mal na Alemanha?

- Foram tempos difíceis, para ser sincero. Não joguei muito, mas aprendi bastante. São coisas do futebol: tem altos e baixos. Agora estou no Hull City e concentrado nos objetivos do clube, que passam por chegar ao Play-off e subir à Premier League.

- Mas o empréstimo era até ao final da época…

- Sim e gostei de estar lá. Aprendi muito com os meus colegas e treinadores. Foi uma experiência diferente, com uma língua diferente e uma forma de jogar também muito distinta. Não resultou.

- Sente que não se adaptou?

- Nem por isso. Acho que foi por falta de oportunidades. Nós tínhamos muitos médios, com muita qualidade, e vários da minha posição. Eu gosto de desafios e de ter concorrência, porque é a melhor forma de evoluir, mas não sei se me deram as oportunidades que eu merecia e que queria. O meu rendimento nos treinos estava a ser alto, mas são coisas do futebol.

Fábio Carvalho (IMAGO / Christian Schroedter)

- Disputava o lugar com grandes jogadores…

- Sim, com Dani Olmo, o Xavi Simons… São muito bons jogadores [risos].

- Só foi titular duas vezes, uma na Taça e outra na Bundesliga. Nos outros 12 jogos teve, em média, 11 minutos de utilização. Falou sobre isso com o treinador?

- Sim, falei com ele. Numa das paragens internacionais fizemos um jogo particular e eu marquei dois golos. Estava com confiança e disse-lhe que me sentia pronto para ser titular num jogo. E ele disse-me: «Tens de ter calma porque estamos num bom momento». E é verdade, a equipa estava a jogar muito bem. O Dani e o Xavi estavam bem, mas eu achava que pelos meus treinos e o meu comportamento também merecia mais. Infelizmente não deu, mas agora estou feliz e a jogar, que é o mais importante. Lá não estava a jogar, mas felizmente escolhi uma equipa na qual estou a ter essa oportunidade.   

Fábio Carvalho diz que conversas com MArco Rose não surtiram efeito para o objetivo de jogar mais no Leipzig (IMAGO)

- Porquê a opção pelo Hull City?

- Foi uma escolha fácil. Quando falei com o treinador, o Liam [Rosenior], tivemos um clique imediato. Também falei com outros clubes do Championship e da Premier League, mas queria ir para um clube que me desse garantias de que podia jogar, aprender e encontrar a felicidade. Isso foi uma das coisas que o treinador do Hull me disse: «Tens de ir para um clube em que jogues e estejas feliz, porque é quando está feliz que um jogador rende mais». Isso ficou-me na cabeça. E todas as conversas que tive com ele foram positivas.

- Não sentiu que passar da Bundesliga para o Championship era um grande passo atrás?

- Não, porque eu já disputei esta competição. Já sabia que as pessoas iam falar e questionar o porquê de escolher o Hull City e o Championship, mas a carreira de um futebolista é feita de altos e baixos. E o mais importante para mim agora era jogar todos os jogos. Não quero saber do que as pessoas dizem: eu estou bem, estou feliz e a jogar.

- Desde que chegou, fez 11 jogos, sempre como titular, e marcou quatro golos marcados. As coisas estão a correr bem…

- Sim, mas podiam estar a correr ainda melhor [risos]. Falta-nos ganhar mais jogos, porque estamos a jogar muito bem, mesmo contra as equipas que estão na parte de cima da tabela. Acho que até estamos a jogar melhor do que eles, mas falta ganhar os jogos. Temos tido muitos empates. Mas se continuarmos a jogar assim, tenho a certeza de que vamos chegar aos Play-offs e aí tudo pode acontecer.

- Empataram os últimos quatro jogos, num campeonato muito equilibrado. O que tem faltado?

- Temos começado sempre a ganhar, mas tem faltado a reação depois de sofrer. Porque somos um grupo muito novo. Temos de ganhar experiência rapidamente, porque no Play-off, se demoras a reagir a um golo sofrido… O Championship é um campeonato muito difícil e equilibrado. Por isso, é preciso ganhar fibra muito rápido. Mas acredito que se continuarmos a trabalhar como temos feito, vamos chegar longe.

Ao serviço do Hull City, Fábio Carvalho leva 11 jogos e quatro golos (Hull City)

- O Fábio também é muito jovem, mas já tem jogou no Championship, na Premier League e até na Liga dos Campeões. Sente que é um dos jogadores que pode liderar a equipa?

- Sim. Um líder não é só aquele que tem a braçadeira de capitão. Eu sinto-me um líder dentro e fora do campo. Nós temos aqui jogadores mais novos, e mesmo da minha idade, que têm muita qualidade, e que podem aprender algumas coisas comigo. Da mesma forma que eu posso e aprendo com os meus colegas. Essa é a única forma de evoluir.

Também lhe pode interessar: A transformação física de Ozil que impressiona