Explosão de crença e união no Benfica
O grito de vitória de José Mourinho, ainda no relvado, pouco depois do final do jogo com o Nacional — «Isto é o Benfica, c...» —, ilustra bem o significado da vitória dos encarnados na Madeira, conseguida, como se sabe, nos últimos minutos, com golos de Prestianni (89') e Pavlidis (90+4'), depois de desvantagem no marcador que, noutras circunstâncias, segundo o treinador, teria significado «machadada final».
Mourinho, menos tomado pelas emoções fortes de vitória «arrancada a ferros de forma dramática», reconheceu, na conferência de Imprensa, que são momentos como aqueles que tinham acabado de ser vividos em campo que «solidificam laços». E, no Benfica, esse é o espírito que domina o plantel — mais que a conquista de três pontos, o triunfo fortaleceu, dentro de circunstâncias muito difíceis, o grupo e foi, em resumo, uma explosão de crença e união.
O fortalecimento emocional chega num momento importante, antes do dérbi com o Sporting, agendado para sexta-feira (20.15 horas), na Luz, embora, ainda na Madeira, Mourinho tenha preferido dizer que «ainda falta [tempo]» para o duelo com os leões.
O treinador do Benfica fez questão, ainda, de elogiar os jogadores, também aqueles que entraram — Prestianni, Schjelderup e Ivanovic. Sentiu que aproveitaram a oportunidade e provaram que todos contam. E não querendo colher os louros das substituições —«às vezes fazemos substituição que dá, que não dá, mas são eles que dão ou que não dão, são eles que aceitam ou não o risco», explicou —, a verdade é que já foi feliz mais vezes na hora de mexer na equipa. Isso aconteceu, por exemplo com o Vitória de Guimarães (entradas de Barreiro, que fez assistência para Dahl, e Schjelderup ao intervalo, com 0-0 no marcador, transformaram positivamente a equipa) e Atlético (aposta ao intervalo, também com 0-0, em Ríos, autor do primeiro golo, Dahl, Barreiro e Schjelderup lançou a equipa para a vitória). Com o Nacional, Prestianni e Schjelderup entraram para, respetivamente, marcar e assistir.
Os últimos jogos mostraram, na perspetiva de Mourinho, que todos podem dar um contributo importante. E por isso deu os parabéns aos jogadores: «Se perdêssemos, não poderia ter uma única palavra contra a minha equipa, contra os meus jogadores. Sofrer um golo foi duro, mas a equipa soube reerguer-se, soube unir-se. Vocês já me conhecem, não dou tangas, não invento histórias. Fizeram tudo bem.[...] Os jogadores mereceram. Por isso é que festejei tanto, porque quis, imediatamente, dar-lhes aquele reconhecimento.»
Melhor guardado para o fim
O jogo com o Nacional acentuou uma tendência — a equipa tem guardado o melhor para o fim, ou seja, tem marcado mais nos últimos 15 minutos. Os golos de Prestianni e Pavlidis elevaram para 10 os conseguidos nesse período, o que representa 37 por cento do total de 27 em 15 jogos, com nove vitórias, três empates e três derrotas.
Esta é a segunda vez que a equipa consegue uma reviravolta com Mourinho — a primeira aconteceu com o Gil Vicente, que começou a ganhar na Luz com golo de Luís Esteves (11'), mas consentiu golos de Pavlidis (18' e 26' gp).