Este é o primeiro 'ano' do resto da tua vida
Uso como inspiração para o título a famosa canção de Sérgio Godinho por me parecer adequada para retratar o período que o Vitória vive, no lançamento do seu futuro. Teve ontem lugar a “Gala dos Conquistadores” na qual se festejou o 101.º aniversário do Vitória Sport Clube. O primeiro ano após o Centenário desta importante instituição.
Estes cem anos trouxeram um Vitória consolidado, respeitado e afirmado como 4º clube com mais presenças na divisão principal do campeonato português e o 4º clube com mais pontos na divisão principal do campeonato português. Isto revela estabilidade e constância. Revela que apesar de nem sempre termos conseguido fazer frente aos três clubes dominantes no futebol português, o Vitória foi o único clube que esteve sempre no grupo daqueles que se lhes seguem. Sempre! Nos anos 60 a par com o Belenenses, nos anos 70 a par com o V.Setúbal, nos anos 80 e 90 com o Boavista e a partir daí com o Sp.Braga. É verdade – temos de o reconhecer – que por vezes tendo papel secundário nessa luta, mas sempre naquelas posições. É isso que confere ao Vitória um estatuto especial no futebol português. Apesar dos campeonatos do Belenenses e do Boavista e apesar das classificações para liga dos campeões do Sp.Braga.
Faltam ao Vitória, títulos, falta, ao Vitória, palmarés. Falta ao Vitória sequência coerente às cinco brilhantes épocas em que atingimos o 3º lugar. Nestes 100 anos temos uma Taça de Portugal (2012/13) e uma Supertaça Nacional (1987/88), que não é pouco, que queremos que possam ser mais. Mas estes 100 anos deram-nos sobretudo aquela constância e aquela robustez classificativa a que me referi atrás que, ainda que não refletida em títulos, nos dá o estatuto especial daquele clube que há décadas e ininterruptamente integra o grupo dos que se seguem aos que tradicionalmente disputam o campeonato.
É por isso que, no encerramento do Centenário do clube, mais do que passado se tem de falar de futuro. O Vitória vai registar e honrar o passado, num livro e num vídeo-documentário sobre a História do Vitória. Mas o objetivo desses documentos é consolidar esse legado para lançar o futuro. Este é o nosso desafio. Mais do que o nosso desejo. Que o segundo centenário em que agora entrámos, seja o de afirmação do Vitória, de Guimarães, no panorama desportivo nacional.
É claro que isto é em primeira análise importante para o Vitória e para os vitorianos. Mas étalvez ainda mais importante para o futebol nacional. Este é um tema a que voltarei noutro escrito, mas é fundamental que clubes como o Vitória, o Braga, o Boavista, entre outros, possam disputar verdadeiramente o título com Benfica, Porto e Sporting. Isso trará equilíbrio, competitividade e maior interesse ao nosso campeonato. Trará melhores performances e melhores pontuações europeias.
Termino com duas notas, relativas a dois antigos treinadores do Vitória.
A primeira para Moreno Teixeira. Que deixou de ser treinador do Vitória ainda esta época e foi ontem escolhido pelo clube para receber o novel “prémio Marinho Peres” que distingue o melhor treinador do ano. Uma atitude de grande dignidade. O Moreno é dos nossos e sempre será. E esta escolha juntamente com a enorme ovação de que foi alvo, demonstram que a sua saída não belisca a gratidão do Vitória e dos vitorianos.
A segunda para Marinho Peres. Partiu a semana passada aquele que, para mim, foi o melhor treinador da nossa História. Fez-nos sonhar, fez-nos achar que era possível, fez-nos lutar pelo campeonato nacional quase até ao final na já distante época de 1986/87. E sempre apresentando um futebol ofensivo, de grande qualidade e consistência. Foi pena, mas foi o período em que estivemos mais perto daquilo que desejo para os próximos 100 anos. A partida de Marinho Peres, nesta altura, deverá também simbolizar isso mesmo, mais do que uma recordação do passado, uma recordação para o futuro.