Russell conquistou quarta vitória da carreira, à frente de Verstappen. #DAZNF1

E as regras Papaia, Lando? - a crónica de um acidente (mais ou menos) esperado

Russell realizou corrida irrepreensível e conquistou quarta vitória da carreira, à frente de Verstappen. Antonelli chegou pela primeira vez ao pódio e Norris capitulou com erro grave ao tentar passar Piastri

Já não iria, muito provavelmente, interferir no vencedor — George Russell, depois de uma corrida perfeita —, mas o Grande Prémio do Canadá fica sobretudo marcado pelo acidente entre os colegas de equipa Oscar Piastri e Lando Norris, quando seguiam respetivamente na quarta e quinta posições, e o pedido imediato de desculpas do britânico, ainda com o volante nas mãos, depois de um erro enorme que o fez embater na traseira do monolugar do australiano.

Desta vez, de nada serviu a Zak Brown, CEO da MCLaren, ter criado na última época as Papaya rules ou regras papaia, se preferirmos em português, que na prática se traduzem por um «lutem, sem riscos excessivos ou acidentes», porque, talvez pressionado por estar atrás de Piastri no Mundial, Lando deixou-as na gaveta, exagerou e acabou por não levar qualquer ponto para casa. Pior, Piastri está agora mais longe (a 22 pontos), e Verstappen (21) e Russell (40 atrás), por sua vez, mais perto.

Baralhar e dar de novo

A corrida começou por ser bastante linear. Russell reagiu mais rápido do que Verstappen no arranque e manteve o primeiro lugar, enquanto Antonelli ultrapassava Piastri para chegar ao terceiro posto. Sempre perto uns dos outros, o status quo permaneceu inalterado até às idas às boxes.

O tetracampeão neerlandês começou com bom ritmo nos pneus médios, mas sofreu quebra acentuada bem cedo e foi o primeiro a trocar para duros, logo na 13.ª volta, seguido pela parte do pelotão que tinha tomado a mesma opção. Já Norris e Charles Leclerc (Ferrari) tinham escolhido arrancar de duros e aguentaram em pista, no entanto, depressa se percebeu que não iam daí tirar vantagem. Entretanto, Max parecia melhor nos duros do que os Mercedes, todavia, também aí se compreendeu que o Red Bull os desgastava mais rapidamente. Logo, dificilmente ia colocar Russell em causa. As alterações de liderança — além do inglês da Mercedes, também estiveram na frente Antonelli, Piastri, Norris e Leclerc — resultavam apenas das trocas de pneus, com o desgaste a obrigar a duas paragens a praticamente todo o pelotão.

Três desistências e 'safety car'

O tailandês Alexander Albon (Williams) foi o primeiro a sair de pista e igualmente o primeiro a abandonar, com problemas mecânicos e, mais tarde, seria o neozelandês Liam Lawson a sofrer o mesmo drama, apesar de estar a correr com uma unidade motriz totalmente nova no seu Racing Bull. Norris foi o terceiro a não conseguir terminar, obrigando à entrada do safety car, que, ao ficar em pista até final, ainda tornou mais monótona a quarta vitória da carreira de George Russell e o primeiro pódio de Kimi Antonelli, o rookie do dia.

Atrás de Piastri (4.º), Leclerc, Hamilton, Alonso, Hulkenberg, Ocon e Sainz também pontuaram.

Tsunoda sem pontos

A penalização de que foi alvo, por não respeitar uma bandeira vermelha na qualificação, e que levou a que caísse dez lugares na grelha, tornaram a vida de Yuki Tsunoda (Red Bull) muito complicada. O japonês começou com pneus duros, aguentou o que pôde, ainda chegou a estar no último posto pontuável, o 10.º, mas terminou em 12.º.

Já Lance Stroll (Aston Martin), a correr em casa, também não estava a ser o mais feliz dos pilotos, quando forçou Pierre Gasly a sair de pista e foi castigado com dez segundos, caindo para último.