Chuchu Ramírez apontou dois golos no triunfo do Nacional frente ao Moreirense. - Foto: HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

De mão-em-mão, madeirenses aceleraram para a primeira (crónica)

Chucho Ramírez bisou e Leo Santos segurou a primeira vitória do Nacional na Choupana. Madeirenses anularam duas vantagens e cónegos sofreram dois golos de penálti por mão na bola

Popularmente, chuchu é alguém querido ou encantador. Tal como Jesús Ramírez o é no Nacional. Foi um Chuchu o primeiro triunfo dos madeirenses na Choupana, com o avançado a bisar de grande penalidade, aproveitando dois cometidos por mão na bola. Léo Santos também foi gigante na conquista, marcando o outro golo e impedindo, por três vezes, que o Moreirense marcasse.

Os cónegos entraram praticamente a vencer, quando Vasco Sousa (4’) aproveitou uma boa combinação entre Diogo Travassos e Dinis Pinto, para finalizar no coração da área. Os adeptos alvinegros temeram o pior, mas a equipa madeirense respondeu bem e chegou ao empate numa grande penalidade cometida por Vasco Sousa e assinalada pelo VAR, quando tocou com a mão na bola quando ia a sair da sua área. Chuchu Ramírez (21’) não vacilou na marca dos 11 metros.

Num jogo aberto com a bola sempre próxima das balizas, o descanso depois dos desperdícios de Yan Maranhão (26’ e 33’) para o Moreirense e José Gomes (43’) para o Nacional.

Se o ritmo da primeira metade já foi empolgante, o da segunda ainda foi melhor, com mais três golos, uma expulsão e uma grande penalidade. Além de mais chances desperdiçadas. Diogo Travassos (48’) e Paulinho Bóia (51’) – neste caso com um delicioso toque de habilidade sobre Francisco Domingues – erraram o alvo por pouco, antes de surgirem mais dois golos de rajada.

O Moreirense colocou-se novamente em vantagem por Francisco Domingues (57’), que finalizou após sucessivos cruzamentos para a área e servido por Yan Maranhão, com o Nacional a empatar dois minutos depois por Léo Santos, que voou para desviar de cabeça um livre de Liziero.

Quase de seguida, o Moreirense ficou reduzido a 10 por expulsão de Vasco Sousa, que agarrou Paulinho Bóia que se escapava em direção à baliza de Caio Secco. Jogo agridoce para o médio emprestado pelo FC Porto, um dos melhores dos cónegos, com um golo marcado, mas ligado ao primeiro sofrido – em que cometeu grande penalidade – e ao deixar a sua equipa em desvantagem numérica aos 62 minutos.

Apesar disso, o Moreirense não se retraiu, continuou a discutir o resultado, mas uma abordagem infantil de Marcelo que na sua área jogou a mão à bola impedindo-a de chegar à cabeça de Léo Santos, levou novamente Chuchu Ramírez (84’) para a marca dos 11 metros para novo duelo com Caio Secco. E, tal como no 1-1, o venezuelano voltou a escolher o lado direito para colocar a bola e a garantir a conquista dos primeiros três pontos do Nacional na Madeira, com Léo Santos a carimbar o triunfo quando desviou um cabeceamento de Marcelo (86’) com Kaique batido.

O melhor em campo: Léo Santos (Nacional)
A primeira missão de um defesa é proteger a sua baliza e Léo Santos foi precioso nessa incumbência, principalmente quando aos 86’ segurou os três pontos ao cortar um cabeceamento de Marcelo que levava selo de golo. Além disso, o central também foi preponderante nas bolas paradas ofensivas e voltou a marcar de cabeça, tal como já o fizera frente ao Sporting.

As notas dos jogadores do Nacional: Kaique (5), Alan Nuñez (6), Léo Santos (7), Vitor (6), José Gomes (5), Labidi (5), Matheus Dias (5), Liziero (6), Pablo Ruan (6), Jesús Ramírez (7), Paulinho Bóia (6), Filipe Soares (5), Witi (-) e André Sousa (-)

O melhor do Moreirense: Yan Maranhão
Guilherme Schettine, o melhor marcador dos cónegos, esteve ausente e Yan Maranhão tinha a difícil missão de o substituir. O avançado nunca virou a cara à luta, e embora não marcando disse presente nas situações mais perigosas da sua equipa e assistiu Francisco Domingues. Para ninguém se lembrar por completo de Schettine, só faltou mesmo faturar…

As notas dos jogadores do Moreirense: Caio Secco (5), Dinis Pinto (6), Maracás (5), Marcelo (4), Francisco Domingues (6), Vasco Sousa (5), Stjepanovic (5), Diogo Travassos (6), Alanzinho (5), Kiko Bondoso (6), Yan Maranhão (6), Landerson (5), Gilberto Batista (5), Benny (5) e Cedric Teguia (-)

O que disseram os treinadores:

Tiago Margarido, treinador do Nacional

«Entramos a perder e durante o jogo estivemos em desvantagem por duas vezes. Isso mostra a capacidade da nossa equipa, de ser reativa, perseverante e acreditar naquilo que faz e conseguimos virar o resultado duas vezes. Após sofrermos o golo assumimos as rédeas e conseguimos colocar em prática o nosso jogo e ser perigosos perto da baliza do Moreirense, uma grande equipa com um futebol muito positivo. Foi um brande jogo, com incerteza no resultado, com emoção e reviravolta no marcador. É um jogo especial porque conseguimos fazer uma reviravolta e o facto de ganhar em casa é muito importante, queríamos muito dar essa vitória aos nossos adeptos.»

Vasco Botelho da Costa, treinador do Moreirense

«Foi ingrato porque estivemos sempre bem durante o jogo e melhor que o Nacional. Praticamente todas as posses que tivemos deram oportunidade e isso é mérito nosso. O Nacional esteve muito bem organizado, compacto, agressivo e muita presença no corredor central, mas nós conseguimos sempre arranjar espaço para jogar e fomos sempre perigosos quando tivemos bola. Foi um jogo demasiado emocional para aquilo que nós gostamos e eu tenho de fazer uma mea culpa, porque estou ainda no meu processo de crescimento como treinador, acabei de chegar a estas andanças e se calhar em determinado momento não tive o foco onde tinha de ter e isso pode ter passado lá para dentro. Nós não podemos entrar no emocional, ainda que nunca tenha sentido descontrolo. Quando estamos em inferioridade numérica o jogo torna-se mais difícil, deixámos de conseguir jogar e sair, mas mesmo assim acabámos por controlar.»