Pedro Basto D´Oliveira volta a defrontar um grande na Taça de Portugal

Da referência Mourinho à ambição de ganhar: tudo o que disse o treinador do Atlético

Pedro Basto D´Oliveira quer surpreender Benfica e garantiu uma equipa motivada e bem preparada para defrontar uma «das melhores do mundo»

- A notícia em destaque é a ausência de Lukebakio no Benfica, isso muda alguma coisa na forma como preparou o jogo?

- Sendo um jogo de contexto diferente, um jogo de Taça, temos de nos preparar para todos, mesmo aqueles que têm jogador menos ou alguns jogadores da equipa B. Por isso a preparação do Lukebakio foi muito parecida com a do João Rego ou o Ivan Lima, todos a jogar por fora, por isso estamos preparados para qualquer um. A única certeza que temos é que o Lukebakio não joga, por isso tiramos o foco e colocamos nas outras opções que podem jogar por fora.

- No ano passado defrontou o FC Porto pelo Sintrense, que ensinamento extra retira desse jogo para o de amanhã, com o Benfica?

- Se acreditamos que todas as experiências nos vão moldando, sim, sem dúvida. Era uma novidade, este ano acaba por ser também uma novidade, mas tivemos de beber algumas coisas. Sentimo-nos mais preparados, em alguns momentos podemos ser mais corajosos, noutros mais humildes. Um dos principais objetivos de amanhã é sermos competitivos, mostrar a nossa identidade e aquilo em que acreditamos, isso nunca pode mudar. Agora, há pequenas coisas estratégicas em que temos de estar vivos e a experiência do jogo do ano passado pode-me ter dado algo mais para o jogo de amanhã.

- Em entrevista disse que José Mourinho é uma referência para a sua geração. Como foi preparar a sua equipa para defrontar uma equipa de Mourinho?

- Para mim, e acho que para todos, é um dos melhores de sempre. Marcou não só a minha geração, mas todas as anteriores, toda a gente viu o que é José Mourinho. O que é o pré e o pós treinador de futebol com Mourinho. Tem caraterísticas muito próprias, não tem a ver só com o treinador, mas com a maneira ser. É um estratega nato, um líder em termos de comunicação, tem sempre os 22/25 com ele. Há pequenas coisas que nós identificamos nas equipas de José Mourinho, e sim, há especificidades para as quais temos de estar preparados.

- Este jogo de Taça tem contornos diferentes dos anteriores, vem de uma pausa e de três jogos sem vencer. Duante esta paragem olhou mais para jogos da Liga 3 ou para o da Taça com o Felgueiras para preparar a receção ao Benfica?

- É um misto. É ver um bocadinho o copo meio cheio ou meio vazio. Não ter competição é menos ritmo competitivo, mas mais tempo para nos prepararmos mentalmente. É um bocadinho difícil dizer. O ensinamento que a Taça nos dá muitas vezes, e já nos deu, é que uma equipa na teoria inferior, a competir no escalão inferior, mas a verdade é que não é. O que sinto é que se estivermos na máxima força, acreditarmos ao máximo no que trabalhamos, as coisas acabam por acontecer. Aqui é um bocadinho diferente, não estamos a falar só de uma equipa de escalão superior, mas de uma das melhores do Mundo. Acaba por ser uma oportunidade. Queremos mostrar-nos e aquilo em que acreditamos. Quem vier ver o jogo amanhã que veja o Atlético, é uma das coisas mais importantes.

- Do estudo e preparação que fez para o jogo quais são os maiores perigos e as debilidades da equipa do Benfica?

- É muito difícil. Desde o início do ano temos 12 jogos, desde que José Mourinho entrou já tem 12 jogos, ou seja, o ritmo competitivo, logo aí, é completamente diferente. Não faz sentido falar muito das debilidades ou oportunidades. Olhamos para o jogo da mesma maneira, mas o tempo e espaço é muito menor. Na nossa preparação olhámos um bocadinho para nós, o que podemos fazer de diferente e melhor, aquilo que nos está a faltar. Depois, a parte estratégica, com um bocadinho mais de humildade do que tem sido o nosso contexto, olhar para aí, mas é muito difícil dizer. E não sou eu que vou dizer quais as debilidades ou oportunidades do Benfica.

- Como se faz o equilíbrio entre essa humildade e a ambição de querer ganhar?

- Acho que tem a ver com aquilo que não pode mudar, sendo o Benfica ou qualquer equipa do Mundo. Há coisas que quando entramos em campo não podem mudar. Tem a ver com identidade, os que treinam todos os dias, os que foram escolhidos e representam o Atlético dentro e fora do campo. Coragem nunca pode mudar. Acreditamos muito que estamos sempre mais perto se essas coisas aparecerem. Se pensarmos que desta vez vai ser tudo diferente, não faz assim tanto sentido. Nos últimos três jogos não ganhámos e o objetivo era ganhar, mas se sentimos que por não ganhar vamos mudar tudo, acredito que vamos estar muito mais longe de atingir o sucesso.

- O Atlético tem a melhor defesa da Série B da Liga 3, apenas com oito golos sofridos. Vai priorizar esse aspeto, tentar não sofrer golos com o Benfica e levar o jogo para os penáltis?

- Quando trabalhamos não pensamos ‘o objetivo é ser a melhor defesa ou o melhor ataque’. É lutar pelos três pontos e pelo objetivo principal da primeira fase do campeonato, depois isso é reflexo. Podemos dizer que ficamos satisfeitos por essa melhor defesa do campeonato, vale de pouco quando olhamos para a classificação. Ter a quinta melhor defesa em Portugal, sim, mas olhamos para o campeonato e não estamos bem, não sentimos que o nosso rendimento e potencial é este que tem acontecido. Por outro lado, temos tido alguma dificuldade em materializar as oportunidades. Olhamos para uma palavra gorda do futebol português, que muita gente acaba por não perceber, e temos de desmistificar o que é o processo e a rotina. Agarramo-nos ao que é a rotina, o dia a dia, depois essas coisas são reflexo. Acho que não está certo dizer que vamos entrar no jogo para levá-lo para depois dos 90 minutos, vamos jogar segundo a segundo. Não sei se é bonito ou feio dizer, temos de estar dentro do jogo. A concentração é fulcral do início ao fim. Com tanta coisa diferente, tentarmos fazer tudo igual, esse é o desafio.  

- Normalmente o Atlético usa defesa a quatro, o Benfica coloca muitos homens na frente, equaciona passar a linha de cinco?

- São vários momentos. O Benfica tem vários momentos preparados consoante os comportamentos dos laterais. Equipas grandes costumam fazê-lo. Já tivemos isso contra o Felgueiras e é da Liga 2, mas foi parecido. Já aconteceu e temos de estar preparados.

- Catarino Pascoal, médio de apenas 17 anos, tem-se destacado na Liga 3. Vê-o com potencial para chegar a outros patamares em breves?

- Era um bom sinal. Trabalhamos para isso, indiretamente, também, para todos, para que este não seja o último jogo contra o Benfica. O Catarino é fruto do que é o trabalho dele e cabe-nos a nós a ajudá-los a irem mais para cima e tem todo o potencial para o fazer.

- Jogar no Estádio do Restelo pode ter influência no jogo?

- Tentámos, todos queríamos jogar na Tapadinha. SAD, clube, jogadores, adeptos, equipa técnica, toda a gente queria jogar em casa, aquela que consideramos a nossa casa sempre, onde sentimos que estamos sempre mais perto de ganhar. Não sendo possível, o segundo objetivo era ter os nossos perto de nós, quanto mais melhor. Por isso, o Estádio do Restelo foi uma muito boa opção, a uma sexta-feira à noite, para nos sentirmos em casa e termos os nossos do nosso lado. Quando somos pequenos, queremos jogar com o estádio cheio. Acho que é bom para nós, ter mais olhos, principalmente dos nossos e das nossas pessoas. Se acontecer só temos a ganhar com isso.