Grande exibição de Aursnes no Benfica, 2-Nice, 0 da segunda mão da 3.ª pré-eliminatória da Champions League 2025/2026, em Lisboa. FOTO MIGUEL NUNES
Grande exibição de Aursnes no Benfica, 2-Nice, 0 da segunda mão da 3.ª pré-eliminatória da Champions League 2025/2026, em Lisboa. FOTO MIGUEL NUNES

Chancela norueguesa num apuramento a dar para o fácil (as notas dos jogadores do Benfica)

É na direita, no meio ou na esquerda? Na loja do senhor Fredrik Aursnes é só pedir o serviço que mais convém a cada momento. Os companheiros que o digam
O melhor em campo — Aursnes (8)
Este homem parece um seguro de vida. Desde que chegou ao Benfica só lhe falta, praticamente, jogar a guarda-redes e raras foras as vezes em que se possa ter dito «este homem jogou mal». Jogar mal é conceito que parece não existir no dicionário pessoal deste norueguês de excelência. Está visto, até provas (ou movimentos de mercado) em contrário, que tem por conta dele a meia direita encarnada. Pois bem: Aursnes pinta a manta toda desse lado e ainda aparece ao meio, na meia esquerda e, se for preciso, na ponta esquerda (não precisa porque tem lá um compatriota amigo). A execução do primeiro golo é sublime, ao segundo toque, em plena pequena área francesa; o passe com açúcar para Schjelderup fazer o 2-0 é mais outro momento de ponto picado. Mas houve, acreditem, muito mais no futebol de Aursnes neste apuramento tranquilo.

6 Trubin — Aos três minutos teve excelente saída a um cruzamento perigoso vido da meia esquerda do ataque do Nice. Consta nos registos que voltou a tocar na bola, mas fê-lo apenas em circunstâncias correntes: receber atrasos de colegas com espaço para dominar, repor uma ou outro bola em jogo, segurar um ou outro cruzamento insípido. E esteve lá sempre.

6 Dedic — Vai-se afirmando na direita da defesa encarnada, ainda que o trabalho defensivo não tenha sido por aí além. Envolveu-se bem no lance do 2-0, mostra estampa física e capacidade de percorrer o corredor. Claro que ter uma guarda de honra como Aursnes ajuda muito...

6 António Silva — Valha a verdade que não teve uma noite muito atarefada. Mas o Nice também jogou e tentou, e sempre que surgia pelos terrenos de António Silva a coisa parecia resolvida à partida. O epicentro da exibição foi o corte a remate de um atrevido que tinha feito uma roleta sobre ele e Otamendi, aos 50 minutos. Ainda teve uma ou outra saída interessantes para o ataque.

6 Otamendi — Autoridade indiscutível nos terrenos recuados do Benfica. Correu tudo como ele tinha estipulado, jogando-se simples quando necessário e ornamentando-se os lances quando possível. Fez o passe de rotura que permitiu o primeiro golo ao Benfica e quase marcou um golaço num cruzamento-remate antes do intervalo.

6 Dahl — Não é Carreras, por mais que insistamos nas comparações. O rapaz só disse que quer marcar o Benfica como Carreras o fez, e para isso tem seguramente potencial. Logo se verá se o consegue e como. Não decide no 1x1 mas defende com firmeza e ataca com certezas. Tem o lugar de lateral esquerdo no bolso, para já.

5 Ríos — Os mais puristas perdoarão por certo o atrevimento, mas a forma como este colombiano se desloca em campo, sobretudo com a bola dominada e a cabeça levantada, faz lembrar um certo número 10 que ajudou a marcar a história do Benfica e por acaso até é hoje presidente. Calma! Não estávamos a falar de rendimento, até porque não foi especialmente famoso esta terça-feira. Mas há formas de jogar que fazem desconfiar que «ali há craque».

5 Barrenechea — O modo como recebe a bola e procura solução imediata, seja individual ou de passe, não engana quanto à qualidade. É preciso ver se uma dupla formada por ele e Ríos será suficiente para jogos de maior intensidade e pressão a meio-campo, mas os sinais positivos estão lá.

7 Schjelderup — Estava na esquerda e o compatriota na direita. Brincaram de forma sublime a uma espécie de toma-lá-dá-cá e fizeram os dois golos da tranquila vitória encarnada. Primeiro com Schjelederup e servir Aursnes, depois o inverso. Fora a participação nos lances decisivos, o jovem norueguês mostrou fibra, presença e muita vontade de fazer parte das contas de Lage para 25/26.

5 Ivanovic — Depois de ter sido herói em França, passou ao lado de uma possível bela estreia em casa. Mas tem tempo, e vê-se que também tem qualidade. Simplesmente a coisa, de um modo geral, não saiu como ele queria, como aquele remate para as mãos do guarda-redes numa situação de 3x2 aos 45 minutos.

6 Pavlidis — Está cheio de confiança e preparado para ser o dínamo do ataque encarnado. Joga bem de costas para a baliza, procura e inventa espaços que ninguém tinha visto antes e procura finalizar a preceito, algo que ontem não lhe sucedeu mas vai seguramente suceder no futuro.

6 Prestianni — Toque de classe sul-americano numa noite paradoxalmente nórdica, tal o calor que fazia em Lisboa. Rápido, raçudo na reconquista da bola, com olhos para a área adversária. Vai dar dores de cabeça a Lage. Ou muitas alegrias...

5 Florentino — Não retirou nem acrescentou à monotonia que representou, neste jogo, estar no meio-campo do Benfica. O que teve de fazer, fez com competência.

5 Leandro Barreiro — Interessante o posicionamento quase como segundo ponta de lança. Situação a rever.

Henrique Araújo — Teve azar, porque quando estava pronto para entrar a bola demorou muito a sair. Terá melhores oportunidades de voltar a mostrar o seu valor.

Akturkoglu — Terá sido a despedida da Luz? Pelo menos contra o Benfica já não joga, mesmo que amanhã assine pelo Fenerbahçe.