Campeã olímpica de natação desaba em lágrimas por causa da pressão
Mollie O'Callaghan, campeã olímpica nos 200 metros livres em 2024, desabou em lágrimas ao descrever as lutas internas causadas pela enorme a pressão que sentiu após o triunfo em Paris.
A nadadora de 21 anos participa esta semana, em Adelaide, na seleção da Austrália para os Campeonatos Mundiais de Singapura (27 de julho a 3 de agosto) e, nesta quarta-feira, venceu a prova de 200 metros livres.
O ouro em França foi a sua primeira vitória individual nos Jogos Olímpicos, tendo já no seu palmarés anterioriormente triunfos em provas de estafeta em 2021 e 2024.
A vitória em Adelaide, com o tempo de 1:54,43, garantiu-lhe a qualificação para Singapura. Mal saiu da piscina, Mollie O'Callaghan compareceu diante dos jornalistas para falar sobre a sua prestação.
Diante de Cate Campbell, quatro vezes campeã olímpica, que foi a entrevistadora, a jovem disparou: «Foi horrível», disse ela, ainda a rir e levando a mão à boca.
Depois, vieram as lágrimas e o desabafo: «Tive meses difíceis. Esta noite foi muito stressante para mim e acho que, embora não seja exatamente o tempo que queria, foi difícil voltar depois dos Jogos de Paris. Diria que esta preparação foi a coisa mais difícil que já experimentei, por isso estou feliz por poder fazer parte da equipa que vai a Singapura. Não creio que tenha experimentado algo tão difícil como isto, vir aqui e tentar defender o meu título de campeã olímpica.»
Comovida com a demonstração de emoção de O'Callaghan, Campbell tentou encorajá-la. «Mollie, acho que posso falar em nome de todas as pessoas nas bancadas, em casa e em todo o mundo, para dizer que nos deixas absolutamente orgulhosos sempre que entras na piscina. A tua coragem, a tua determinação, a forma como competes, a forma como te comportas deixa a Austrália orgulhosa e devias estar incrivelmente orgulhosa. E tens de ir representar a Austrália novamente.»
A pressão de ser campeã olímpica
O'Callaghan continuou: «Sim, mas vai ser um pouco mais difícil». Elogiou depois a sua colega de clube, Lani Pallister, que ficou em segundo lugar na prova e que se tinha juntado à entrevista para apoiar O'Callaghan naquele momento emocionalmente difícil. «A Mollie é muito crítica consigo mesmo, mas mandei-lhe uma mensagem esta manhã e disse-lhe que me inspira.»
Durante 10 meses, viveu na sombra desse ouro individual nos Jogos Olímpicos e lidar com a pressão gerada com triunfo tem sido difícil. Outros nadadores já falaram sobre isto no passado.
Sagrando-se campeã mundial antes de ser campeã olímpica, referiu repetidamente em entrevistas antes de Paris que ainda estava a lutar com o sucesso alcançado.
Minutos depois de falar com Campbell na transmissão da Nine, O'Callaghan fez uma avaliação mais branda do seu desempenho numa conversa com os jornalistas australianos presentes em Adelaide.
«Estou a tentar não pensar muito no tempo», disse O'Callaghan, cujo recorde pessoal nos 200 metros livres é de 1:52.48. «O facto de me ter apresentado na minha prova favorita, após alguns meses de preparação com muitos problemas de saúde e pessoais, deixa-me bastante orgulhosa.»
O'Callaghan deslocou o joelho esquerdo em janeiro. Em abril, nos campeonatos nacionais, realizados em Brisbane, a jovem campeã admitiu que se sentia como se estivesse «a nadar com uma perna» e «em círculos».
«Fiquei bastante emocionada na entrevista com a Cate Campbell. Sofri muita pressão para chegar a este ponto e para tentar garantir um lugar na equipa na minha prova favorita. As pessoas esperam muito de mim, mas não veem o trabalho por detrás ou o que passei. Fiquei um pouco ansiosa, como toda a gente, e pensei demais. É bom ter a Lani aqui para me apoiar quando choro à frente de todos», explicou a quíntupla campeã olímpica.