Candidato a presidente das águias, em entrevista a A BOLA

Benfica: «Todos querem fazer, mas onde está o dinheiro? Eu tenho uma solução»

Cristóvão Carvalho, candidato a presidente das águias, fala dos €400 milhões que tem para investir no clube, de Klopp e da asneira com João Neves

Cristóvão Carvalho é candidato a presidente do Benfica nas eleições de 25 de outubro. Em entrevista a A BOLA, o líder da lista D acentua confiança no projeto que apresenta aos benfiquistas.

Diz ter €400 milhões para investir, €100 milhões por ano; que garantias pode dar aos benfiquistas desse financiamento?
— Fomos ao mercado escolher o parceiro mais dotado, com mais capacidade, que está nos maiores clubes europeus e lançámos o desafio: 'vamos candidatar-nos, temos este project finance e este plano de negócios para implementar, ajudem-nos a fazer isso'. Trabalhámos com eles durante cerca de sete meses e temos uma solução. Encontráramos uma pool de três bancos que admitiam esse risco e aceitaram garantir financiamento de 100 milhões por ano, 400 milhões. Protocolámos a operação, sentámos-nos, assinámos, definimos os critérios. Encontramos essa solução e aquilo que lhes disse foi que se passar a uma segunda volta os benfiquistas vão querer garantias, e nesse contexto eles virão a Portugal, faremos uma conferência de imprensa onde explicaremos tudo aos sócios. Estou muito seguro dos parceiros que estão atrás de mim. Não entendo como é que os outros projetos não têm uma solução destas, pelo menos alinhavada. Como é que vão resolver um problema de 100 milhões de euros pensando que chegam ao Benfica e reduzem os custos e aumentam as receitas. Todos querem fazer isso, ouço todos os outros projetos a dizer que devemos recomprar as ações do Benfica, mas onde é que têm dinheiro? Com que dinheiro? Digam aos benfiquistas! Eu estou a dizer, é com este dinheiro que vou fazer isso. Todos dizem que vão fazer, ninguém diz onde têm o dinheiro. São muitos milhões e além disso o clube tem de viver, tem de comprar jogadores, tem de pagar a estrutura e esse valor está todo consumido pelas receitas ordinárias. Eu tenho esse caminho já feito, assente e determinado.

Não entendo como é que os outros projetos não têm uma solução destas, pelo menos alinhavada. Como é que vão resolver um problema de 100 milhões de euros pensando que chegam ao Benfica e reduzem os custos e aumentam as receitas.

— Falou de do alemão Jurgen Klopp para treinar o Benfica. Uma possibilidade real, ou populismo? 
— Tem o perfil do treinador  de que o Benfica precisa, de projeto, com futebol moderno, de ataque, alegre, espectáculo. A minha equipa tentou perceber da possível disponibilidade dele para treinar o Benfica e nos contactos que fizemos não nos fecharam portas, disseram-nos que é algo que vai achar interessante e que ouvirá o projeto, se vencer as eleições. Com o meu projeto, tenho a certeza que o convenço a vir para o Benfica, tenho a certeza. A conversa nasce daí, todos acharam louco, acharam que sou mitómano, mas aparece o Mourinho. Se há dinheiro para pagar Mourinho...  Mas partir do momento em que o Mourinho chega, é óbvio que a situação muda. Se ganhar a presidência, não vou despedir José Mourinho, acabou de chegar, tem um projeto, é excelente treinador. Não tem o perfil que desejo para o Benfica, mas neste momento há um grande trabalho que pode fazer. 

Como convencer jovens a ficar no Benfica perante eventuais propostas e salários milionários? 
— Primeiro é preciso não fazer asneiras como a venda de João Neves. Os miúdos querem sair quando começam a perceber que têm mercado e não vão entrar na equipa do Benfica. É aí que o Benfica lhes destrói o sonho. Não há nenhum miúdo que está no Seixal e não ambicione jogar na equipa principal, mas quando olham para ela não está lá ninguém, e deixam de acreditar. Temos de subir dois ou três jogadores por época e caso eles consigam impor-se na equipa principal têm de ser remunerados de acordo com o talento que têm. Porque se nós pagamos aos outros jogadores, também temos de pagar aos da academia. E temos de os manter dois, três anos. Se eles olharem e virem que o João chegou ali, o Rúben chegou ali, acreditam que também vão chegar. E é esta cultura que queremos, só assim se consegue impedir saídas todas as épocas. Todos no Seixal sonham jogar na equipa principal e ser campeões, não lhes podemos cortar esses sonhos.