Dodi Lukebakio, extremo do Benfica - Foto Imago
Dodi Lukebakio, jogador do Benfica

Benfica: F(r)atura para janeiro

Lesão de Dodi Lukebakio já não deixa margem para que uma incursão do Benfica no mercado de janeiro seja vista como um capricho de José Mourinho, é uma inevitabilidade para Rui Costa

José Mourinho falou mais vezes do que não tinha do que o contrário, nestes primeiros tempos de regresso ao comando do Benfica. Que a equipa não tinha verticalidade, que não mordia os adversários, que não tinha presença na área, que não tinha mentalidade de ir para a frente quando recuperava a bola, em vez de a passar para o lado. Tudo misturado numa conclusão: José Mourinho não tem os jogadores que ambicionava ter.

A análise é sempre discutível, até porque a realidade estará a meio caminho entre as carências denunciadas pelo treinador, ao longo destes dois meses, e a obrigatoriedade de fazer mais com o que tem à disposição, de tirar mais sumo do que aquele que Bruno Lage estava a conseguir extrair. Mas se o debate relativamente às carências do plantel já se justificava antes de Mourinho chegar, especialmente no ataque, é normal que o treinador das águias, com contrato até ao verão de 2027, tenha ideias diferentes para o grupo de trabalho.

Os últimos dias deixaram claro, em todo o caso, que a necessidade de investir no mercado de janeiro já não pode ser vista como um capricho de Mourinho, antes uma necessidade absoluta para o Benfica.

Se a limitação de extremos já parecia inequívoca quando existia disponibilidade total de Dodi Lukebakio, a lesão grave agora sofrida pelo internacional belga obriga a SAD liderada por Rui Costa a procurar no mercado alguém com características semelhantes.

Pela imprevisibilidade e rapidez que o esquerdino ex-Sevilha dá ao jogo, por ser um jogador que desequilibra como ninguém no plantel, ainda que o perfil diferenciado seja tantas vezes prejudicado pela falta de eficácia na tomada de decisão.

Andreas Schjelderup até pode ter aqui uma oportunidade inesperada de evitar que esta condenação num tribunal de Copenhaga confirme também uma sentença desportiva por cumprir na reabertura da janela de transferências. Para Gianluca Prestianni, que vem da estreia na seleção principal da Argentina, mas também tarda em dar o salto qualitativo, pode ter chegado o momento do tudo ou nada.

Há sempre a formação ali a jeito, mas no cenário atual parece insuficiente para responder àquilo que o Benfica, que ainda luta por todos os objetivos, realmente precisa.

Já não é cedo, e Rui Costa tem de estar à porta do mercado assim que ele abrir.