Das notas dos jornais à vida de comentador: Javi García sem filtro

Espanhol olha agora com outros olhos para o futebol e sente-se bem

Convidámos Javi García a revelar novos projetos, mas também a visitar coisas passadas. O antigo médio e adjunto do Benfica fala, sem filtros, da vida dentro e fora do futebol.

Comentador:

«É uma experiência nova. E chegou a possibilidade de entrar na DAZN, nem hesitei. Gosto de tentar coisas novas e estou a gostar muito. E estou a gostar também do grupo que está ali. Às vezes, temos saudades de pertencer a um grupo, a um balneário. Estou a fazer grandes amizades e a desfrutar. Quando vejo um jogo, penso mais como treinador, mas também consigo sentir o que sente um jogador. Quando erra uma bola, quando falha um golo. Tu sabes perfeitamente o que esse jogador está a sentir, o que está a pensar. Agora, quando vejo um jogo, tento pensar mais como um treinador do que como um jogador.»

Notas dos jornais:

«Quando era mais novo, fazia isso [ver as avaliações dos jornais]. Depois vi que era um erro. E era um erro porque, no meu caso, pensava negativamente sobre mim. Por vezes também ia ao jornal para ver que estava errado. Diziam-me, ‘Javi, olha, no jornal diz que jogaste bem’. Usava o jornal para motivar-me e ver que não jogara tão mal como pensava. Mais tarde deixei de ver o jornal e as redes sociais, que começaram quando eu estava no Benfica. Há jogadores que a primeira coisa que fazen, quando chegam no balneário, é ver as redes sociais para ver se as pessoas gostaram do seu jogo. Mas eu percebi que é uma estupidez. Tu sabes perfeitamente se jogaste bem ou mal. Tens de ouvir a tua família, o teu agente. O treinador, logicamente, e os colegas. O resto é melhor não ver, para o bem e para o mal.»

Livre e feliz:

«No final da carreira de jogador era complicado, um jogador passa muito tempo fora. Sentia que estava a falhar à minha família, às minhas filhas e à minha mulher. Quando moras fora do teu país, és tu, a tua mulher e as tuas filhas. Não tens avós, tios, primos, amigos que consigam levar as tuas filhas ao parque, aos aniversários. Sentia-me culpado por ficarem em casa. Estou a tentar compensar e aproveitar fins de semana, férias, Páscoa, Natal, verão. Agora a minha mulher diz que estou mais feliz. Diferente com as pessoas de fora. Enquanto jogador, estás sempre um bocado na defensiva. Quando tens a possibilidade de conhecer pessoas novas, por vezes estás um pouquinho mais fechado, não sabes se a pessoa é da tua equipa ou da outra. Tenho saudades do futebol, mas estou muito feliz neste momento.»