Tomás Araújo soma 12 jogos e um golo esta temporada - Foto: Miguel Lemos/Kapta+
Tomás Araújo soma 12 jogos e um golo esta temporada - Foto: Miguel Lemos/Kapta+

Benfica: «António Silva? Tomás Araújo está num grande momento»

Para João Manuel Pinto, o central natural de Famalicão deve ser o titular ao lado de Otamendi. O antigo central considerou, também, que Schjelderup parte em vantagem na corrida à posição de extremo esquerdo

De volta ao eixo defensivo frente ao V. Guimarães, depois de algumas semanas a ser utilizado como lateral esquerdo, Tomás Araújo foi um dos destaques do Benfica, rubricando uma grande exibição, coroada com um golo e relançando o debate sobre quem deve ser o parceiro de Nicolás Otamendi no centro da defesa das águias: Tomás Araújo ou António Silva. A questão tem dividido os adeptos e afigura-se como um dos dilemas que José Mourinho enfrenta, mas João Manuel Pinto, antigo central encarnado, não tem dúvidas.

«Eu acho que o Tomás está muito bem, está mais preparado. Mesmo no começo da temporada, o Tomás era o jogador que estava em melhor forma e mostrou isso. Não se pode tirar o Otamendi, porque é um dos melhores centrais em Portugal. Agora, entre os dois [Tomás e António], o que se viu é que o António não estava a atravessar um bom momento. O António é um excelente central, mas não tem estado num bom momento, tem tido algumas falhas, um jogo mais ou menos bom, dois ou três não tão bem. Portanto, a melhor dupla de centrais é Tomás e Otamendi, neste momento», começou por dizer o ex-jogador, a A BOLA.

Para o antigo defesa, Tomás Araújo oferece ao Benfica um equilíbrio e uma fiabilidade que o tornam indispensável. «O Tomás Araújo dá mais consistência, dá mais velocidade, é um jogador capaz de criar desequilíbrios e é um jogador forte no jogo aéreo. Não me lembro de um jogo mau do Tomás Araújo, não me lembro. Mesmo quando jogou a defesa esquerdo, fora da posição dele, não esteve mal, simplesmente, não se podia esperar que fizesse o corredor todo e que fosse um jogador muito ofensivo. Os laterais do Benfica, normalmente, projetam-se muito, são jogadores muito verticais, e sabemos que o Tomás não é isso. Agora, sempre que jogou na posição, não me lembro de um jogo menos bom ou mais ou menos do Tomás.»

«O Tomás dá muito, para já, defensivamente, que é o mais importante. Jogador rápido, bem posicionado, muito concentrado. Ofensivamente, cria muitos desequilíbrios com a sua construção. Está num grande momento e, contra o V. Guimarães, mostrou isso. O golo vem dar mais alegria e isso é bom para a equipa», considerou.

«Faltam rotinas ao Benfica»

João Manuel Pinto falou também sobre a indefinição no lado esquerdo do ataque, uma das posições que José Mourinho ainda parece não ter estabilizado. O antigo central entende que Andreas Schjelderup parte em vantagem, mas reconhece que há talento e margem de crescimento entre os restantes candidatos, como Sudakov e Prestianni.

«O melhor talvez seja o Schjelderup. Schjelderup é um jogador muito forte, que sabe jogar de fora para dentro e, contra o V. Guimarães, demonstrou isso. Entrou na segunda parte e mexeu com o jogo. O Prestianni é um excelente jogador, falta saber se aquela é realmente a posição dele e é um jogador que também está à procura da sua melhor forma, de equilíbrio, de confiança. É preciso mais tempo para mostrar aquilo que ele sabe fazer, que o treinador lhe passe essa confiança. Não pode jogar um ou dois jogos e as coisas estão ali mais ou menos e, de repente, o jogador ir para o banco e entra outro. É preciso ali alguma consistência para os jogadores ganharem ritmo, ganharem confiança e ver se a produção sobe de jogo para jogo.»

«Acho que aquela não é a posição ideal para Sudakov, porque é um jogador que joga mais em posições interiores. Portanto, eu creio que, neste momento, Schjelderup está à frente. Mas, a verdade é que se o Mourinho, um dos melhores treinadores do mundo, tem vindo a optar por essa rotatividade, à procura do seu melhor extremo, é porque não está fácil para ele escolher.»

Ainda assim, apesar da qualidade individual dos três, o antigo central considera que nenhum se destacou ainda de forma clara, algo que explica a constante rotatividade promovida pelo técnico encarnado: «Mourinho ainda procura o tal jogador que se consiga destacar dos outros. Têm sido muito regulares todos eles, se repararmos. Porque, lá está, jogam dois jogos, a seguir entram mais dois jogos, depois joga outro, portanto, é preciso aqui alguma paciência. Aquilo que os jogadores têm que fazer é, quando tiverem uma oportunidade, agarrá-la.»

«É preciso também alguma sintonia, os jogadores estarem entrosados, saberem o que têm que fazer, saber que o que o colega vai fazer. Por exemplo, no FC Porto ou no Sporting, estas dinâmicas conseguem-se porque já os jogadores se entendem. Sabem que se for um para fora o outro vai para dentro, se for para dentro o outro abre para fora, e sabem se têm de ir ou ficar. Portanto, faltam aqui estas pequenas rotinas ao Benfica