As ideias soltas de Lage e Anselmi
Bruno Lage e Martín Anselmi sabiam da importância da última jornada da fase de grupos do Mundial de Clubes, mas se o português conseguiu sair por cima, o argentino saiu cabisbaixo e envergonhado dos Estados Unidos.
A vitória sobre o Bayern não faz de Lage o treinador indicado para o Benfica 2025/26 — não afasta por completo as dúvidas, quero eu dizer — mas dá-lhe alguma sombra à entrada deste verão que promete ser bem quente, e não apenas nos relvados do states.
É verdade que a equipa alemã entrou em campo já apurada, com algumas das estrelas resguardadas do calor, a ver a primeira parte no balneário, mas isso não era problema do Benfica, que fez aquilo que lhe competia: garantiu o apuramento, e com um triunfo inédito sobre arreliante adversário, graças a um golo de Schjelderup, na presença de Nuno Magalhães, que em tempos despiu o fato de presidente da MAG da SAD para criticar publicamente o jovem norueguês.
Trubin, António Silva, Otamendi e Dahl também mostraram a melhor versão, e o jogo até deu para lembrar o jeito que Renato Sanches daria, não estivesse quase sempre lesionado. Mas se há alguém que procure afirmação é Lage, empenhado em assumir uma liderança mais forte. A forma como geriu a exaltação de Kokçu foi um (mau) exemplo disso, mas o triunfo sobre o Bayern dá um certo jeito a quem pretende maior protagonismo, inclusive na política desportiva do clube. Os jogadores corresponderam, até na agressividade pedida de véspera, mas o problema nunca foi transpiração, e ainda há muito trabalho pela frente para alcançar a inspiração que muitas vezes vai faltando.
Apropriado ou não, Lage tem um plano. Se Anselmi também o tinha, nunca conseguiu mostrar. É verdade que a valia dos plantéis é bem diferente, mas o argentino jamais conseguiu chegar ao ponto de convencer os adeptos de que a ideia estava lá e os intérpretes é que não eram suficientemente bons. Ao inverso, alguns dos jogadores mais cotados entraram em queda acentuada de rendimento, ao longo dos últimos meses. O ex-Cruz Azul sequer conseguiu comprovar a fama de treinador positivo, com construção segura desde zonas recuadas.
Anselmi tem qualidade, mas não estava preparado, em nenhuma perspetiva. Foi uma aposta falhada de Villas-Boas, que certamente o assumirá, e que também saberá bem que trocar de treinador não resolverá o problema.