Artigo de opinião do secretário de Estado da Juventude e do Desporto

UAARE, um ‘casamento feliz’ entre a educação e o desporto

A impossibilidade de conciliar a carreira académica no ensino obrigatório com o alto rendimento desportivo prejudicou, durante décadas, inúmeras gerações de jovens atletas, muitas vezes impedidos de participar em estágios e competições nacionais e internacionais.


A elevada taxa de retenção de jovens talentos e a descontinuidade da sua aposta na carreira desportiva impunha uma resposta. Assim, surgiram as Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE), um casamento feliz entre a Educação e o Desporto, um sucesso entre a escola, o atleta, a família, o treinador, o clube e a federação desportiva.


O Governo aprovou o alargamento desta rede em 2022. As atuais 23 UAARE funcionam em igual número de agrupamentos escolares e integram 1006 alunos-atletas, oriundos de 55 modalidades, que frequentam os 5.º e 12.º anos.


São 276 os clubes de todo o país com atletas nestas unidades, que proporcionaram a Portugal, só no primeiro semestre letivo, 716 participações internacionais e 543 chamadas às Seleções Nacionais. Nestas participações, Portugal conquistou 65 pódios europeus e 48 pódios mundiais. Foram necessários 3832 apoios pedagógicos e 2614 apoios psicopedagógicos para suportar as mais de 25 mil ausências à escola a que estes alunos estão sujeitos para fazer face à exigência dos calendários desportivos internacionais.  Sinal claro de que esta é uma aposta ganha: a média das notas destes alunos é superior à média nacional do respetivo ano de escolaridade. Estes alunos conseguem ser campeões em dois campos, o da escola e o do desporto.


Para finalizar, nada mais eficaz do que um exemplo concreto. Todos conhecemos o nadador Diogo Ribeiro, campeão e recordista do mundo de juniores e já medalhado num Campeonato da Europa Absoluto em 2022. Já este ano, foi o primeiro atleta português a qualificar-se para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Foi já em 2019 que a sua encarregada de educação sinalizou à escola de então as dificuldades de conciliação do seu educando.


Acabou integrado no Agrupamento de Escolas Coimbra Centro, depois de se pedir a sinalização e a certificação deste jovem talento por parte da Federação Portuguesa de Natação. É nesta escola e a treinar em Coimbra que o Diogo inicia a sua evolução, que faz com que esteja hoje integrado no Centro de Alto Rendimento do Jamor e num sistema de ensino à distância que lhe é proporcionado pela Escola Secundária Fonseca Benevides, especializada nesta modalidade de ensino. O Diogo Ribeiro está hoje no 11º ano de escolaridade, com aproveitamento escolar e a ter o mais alto rendimento desportivo do mundo, na sua idade e especialidade.


O significado deste programa para todos os intervenientes é bem mais profundo do que muitas vezes é a sua perceção pública, e é por isso que lhe dedico hoje estas linhas de otimismo no futuro do desporto português e na formação de cidadãos inteiros para os desafios da vida.


As UAARE têm sido nucleares nos históricos resultados internacionais de jovens atletas em diversas modalidades e na evolução efetiva de jovens talentos desportivos.  Mais que uma aposta política, é um legado para que Portugal consolide cada vez mais o desenvolvimento do desporto.