Marta apontou dois golos na final da Copa América (FIFA)

Aos 39 anos, Marta brilha e guia Brasil à conquista da Copa América

Depois de entrar aos 82', a avançada empatou a partida aos 90+6', levando o jogo para o prolongamento, onde voltou a faturar; Nos penáltis, houve suspense, emoção... e glória

A história já estava escrita. Marta, a eterna rainha do futebol feminino, regressou à seleção brasileira para um último ato de glória - e brilhou como só ela sabe. Aos 39 anos, a lendária camisola 10 liderou o Brasil à conquista da Copa América, somando o quarto título continental (2003, 2010, 2018 e 2025), num jogo épico frente à Colômbia, decidido apenas nas grandes penalidades.

Depois de anunciar a retirada da seleção após os Jogos Olímpicos de Paris, Marta surpreendeu tudo e todos ao voltar à canarinha em maio. A convocatória para a Copa América parecia apenas uma despedida digna, mas a craque brasileira ainda tinha magia guardada para um último espetáculo. E que espetáculo.

Marta com o troféu da Copa América (FIFA)

A final, disputada sob um clima de intensa rivalidade, estava empatada a duas bolas - golos de Linda Caicedo (25') e Tarciane (69') para a Colômbia, com Angelina (45+9') e Amanda Gutierres (80') a marcarem para o Brasil - quando, aos 82 minutos, Marta foi lançada em campo. A Colômbia rapidamente mudou o cenário com um golo de Mayra Ramírez aos 88', colocando as cafeteras em vantagem. O título parecia perdido, mas Marta, mais uma vez, reescreveu o destino do Brasil.

Nos descontos, Marta recuperou a bola no meio-campo e, com o seu mítico pé esquerdo, desferiu um potente remate de fora da área que balançou as redes: 3-3... aos 90+6'. Um golo que fez vibrar o estádio e reacendeu a esperança brasileira.

«Mentalizei-me de que a bola poderia sobrar para mim e eu teria de ter toda a tranquilidade para encher o pé e acertar na baliza. Enchi o pé e acertei em cheio. Foi perfeito, nem um guarda-redes do futebol masculino defendia aquela bola», declarou emocionada após o jogo.

O susto e a glória

No prolongamento, a lenda voltou a ser protagonista. Aos 105 minutos, após um cruzamento preciso de Angelina, Marta improvisou: em vez da cabeça, usou o pé direito para desviar a bola e fazer 4-3. Estava tudo a correr como num conto de fadas.

«Eu entrei no jogo focada, a saber que poderia ajudar a equipa, disse às minhas companheiras que estava bem, confiante e para me procurarem. Parece que estava escrito que ia ser assim. Conversei comigo mesma e disse: ‘Calma, respira, podes fazer a diferença’. E fiz. Não dá para explicar», lembrou.

Marta a festejar o golo (FIFA)

Contudo, a Colômbia voltou à carga e, aos 115', Leicy Santos empatou de novo a partida com uma cobrança de livre direto perfeita. Tudo se decidia nos penáltis - um território historicamente ingrato para Marta. E coube justamente à avançada a quinta grande penalidade do Brasil, com a possibilidade de fechar a decisão. Mas o remate foi defendido por Kate Tapia, trazendo à memória finais passadas, como a de 2007, no Mundial.

«Pedi a Deus que não me castigasse tanto. Estava tudo perfeito, dois golos, e depois falho o pénalti. Mas eu tenho essas meninas maravilhosas ao meu lado. Voltei depois da cobrança do pénalti muito abalada, mas elas não me deixaram ficar em baixo e confiaram semore que iamos conseguir, que a Lorena ia defender os pénaltis», disse Marta.

A disputa seguiu até ao oitavo penálti, quando Lorena defendeu o remate de Jorelyn Carabalí, selando a vitória do Brasil e garantindo mais uma taça para o Brasil e para Marta. Mais do que um troféu, Marta mostrou ao mundo por que é considerada por muitos a melhor jogadora de todos os tempos. A atuação na final da Copa América é mais um capítulo dourado na sua já lendária carreira.

«Estou muito feliz, muito emocionada e vai demorar um pouquinho para entender o que aconteceu nesta final», resumiu Marta, que foi considerada a melhor jogadora da competição.

Marta com o troféu de melhor jogadora da Copa América 2025 (FIFA)