Ai que a 'Fama' tirou os de Cascais da 'linha' (crónica)
O jogo começou, a bola rolou e o Estoril decidiu metê-la fora. A nova moda para ganhar metros no meio-campo do adversário acabou por tramar os canarinhos… O Estoril entregou de borla o esférico ao Famalicão. Os da casa agradeceram. Assumiram o jogo e logo chegaram ao golo, por Zabiri.
Esse tento tão madrugador contribuiu para um início de jogo eletrizante, como, aliás, já se fazia prever. Entrando praticamente a ganhar, o Famalicão soube manter a toada e criou várias ocasiões para alargar a vantagem.
O período inicial foi totalmente dominado pelos minhotos. Enquanto a redondinha não entrava nos criativos do Estoril, entrou pela segunda vez na baliza canarinha. Numa jogada ensaiada, na sequência de um livre ainda longe da baliza, a bola chegou até Zabiri que rematou muito forte à baliza. Na recarga, Gustavo Sá não perdoou e fez o 2-0 de cabeça.
O Estoril cresceu, antes do intervalo. Lacximicant foi o jogador do Estoril que mais perigo conseguiu criar ao longo de todo o jogo, pelo lado esquerdo, mas nunca conseguiu ferir as redes. Ian Cathro percebeu - e bem - que tinha de fazer alguma coisa para o regresso ao relvado. Tirou um jogador da defesa - Tsoungui - e lançou Lominadze, de características mais ofensivas.
Os forasteiros até tinham voltado com outra energia para o segundo tempo, mas o Famalicão não deu tréguas e fez o terceiro golo em contra-ataque, logo a abrir. Gil Dias completou uma jogada rápida construída juntamente com Zabiri e Sorriso.
Perante um Estoril desinspirado, mas sempre a acreditar, o Famalicão não baixou a guarda e foi criando muito perigo - especialmente nas transições ofensivas.
Zabiri acabaria por assinar o bis aos 78', sentenciando o resultado final, em mais uma jogada a envolver o perigosíssimo duo Gustavo Sá-Zabiri. O português rematou, Joel Robles defendeu e, na recarga, o marroquino não vacilou.
O Famalicão foi muito melhor, de início ao fim. Se na primeira parte os minhotos beneficiaram da sua qualidade ofensiva e fizeram dois golos em duas boas jogadas coletivas, no segundo tempo surpreenderam os canarinhos através do contra-ataque - onde se revelaram igualmente muito fortes.
Parece exagerado, mas o 4-0 foi um resultado justo para um Famalicão que regressou às vitórias, depois de três jornadas sem vencer. É caso para dizer que foi tempo de entrar na linha, frente ao adversário da Linha que tem vindo a descarrilar… É a terceira jornada seguida sem vencer para os canarinhos, que sofreram sete golos nos últimos dois jogos.
As notas dos jogadores do Famalicão: Carevic (6); Rodrigo Pinheiro (5); De Haas (6); Realpe (5); Pedro Bondo (6); Van de Looi (6); Mathias de Amorim (6); Gil Dias (7); Gustavo Sá (7); Sorriso (5); Zabiri (8); Rafa Soares (5); Pedro Santos (6); Marcos Peña (5); Beney (5) e Joujou (-)
As notas dos jogadores do Estoril: Robles (4); Tsoungui (5); Bacher (4); Boma (4); Ricard Sánchez (5); Orellana (5); Holsgrove (5); Pedro Amaral (5); João Carvalho (5); Lacximicant (7); Begraoui (5); Lominadze (5); Ferro (5); Pedro Carvalho (5); Pizzi (5) e Tiago Parente (-)
Hugo Oliveira, treinador do Famalicão
«Foi um bom jogo da nossa parte, extremamente competente, rigoroso e disciplinado, contra uma equipa muito boa, que é difícil de parar. Eu dizia que cada momento do jogo iria decidir o que ia acontecer a seguir. É sempre importante marcar cedo. Dá-nos confiança, mas também é o reflexo da forma como entramos no jogo e das nossas ideias. Estou orgulhoso dos miúdos, que foram rigorosos e disciplinados. Eles querem aprender e este é o caminho do trabalho.»
Ian Cathro, treinador do Estoril
«Sofrer nos primeiros minutos tem um grande impacto para nós. Tem sido um hábito para nós, mas isto não pode continuar. Este ano queríamos fazer uma segunda época com a equipa. Mas eu sinto que estamos a fazer uma primeira época pela segunda vez. Tudo isso acho que cria circunstâncias que fazem que a equipa seja inconsistente. Temos de ter todos um momento de reflexão geral. Falhámos no nosso objetivo de fazer uma segunda época no Estoril.»