Franjo Ivanovic, melhor em campo em Nice (IMAGO)

Águia de tração à frente ganha jogo e eliminatória (crónica)

Ivanovic (aproveitando bem cruzamento perfeito de Aursnes) e Florentino Luís (tiraço de fora da área) marcaram os golos do triunfo e do (quase) acesso ao play-off

Bruno Lage, sem o lesionado Akturkoglu, apostou na titularidade do estreante Ivanovic e não fez a coisa por menos: colocou-o ao lado de Pavlidis. Há mais de três anos que o Benfica não jogava com dois pontas-de-lança (quase) puros e o treinador mostrou, assim, querer começar o jogo de Nice com tração à frente. Ganhou a aposta, ganhou o jogo e ganhou, quase de certeza, a eliminatória.

Ganhou a aposta porque, primeiro, o croata mereceu entrar de início; segundo, porque até combinou razoavelmente com Pavlidis, apesar de ambos não se conhecerem ainda muito bem; terceiro (e sobretudo), porque o número 9 das águias foi sagaz na forma como, ao minuto 53, encostou de forma perfeita na pequena área para, na sequência de cruzamento milimétrico de Aursnes, bem na direita, abrir o marcador na Côte d’Azur.

Bem mais tarde, já a caminhar para o final do 90 minutos, Florentino marcaria o segundo golo, num potente e surpreendente remate a mais de 20 metros, fechando o resultado e praticamente fechando a passagem ao play-off. Por três vezes o Benfica ganhou a primeira-mão de um jogo de Champions fora de casa por 2-0 e por três vezes seguiu em frente: Honved (1989/1990), Spartak Moscovo (2021/2022) e Dínamo Kiev (2022/2023). Muito provavelmente, não será agora que a história se alterará.

Até ao intervalo, o jogo foi quase entediante. Se excluirmos, claro, um livre direto de Ríos para defesa apertada de Diuf (19), um remate de Boudaoui de muito longe e ao lado (30) e de Dante quase ter marcado na própria baliza, quando se antecipava a Pavlidis (39).

Entediante, assim, mas controlado. O Nice saía rápido com bola, dava a sensação de que poderia criar perigo, mas era mesmo só sensação. Perigo a sério, por parte dos franceses, quase zero. Com Barrenechea (1,86 m) e Ríos (1,85 m) como tampões, Aursnes como médio/ala e Schjelderup como maior desequilibrador, o Benfica tirava partido, na frente, da mobilidade de Pavlidis e Ivanovic, sobretudo deste, muito móvel, rápido e acutilante.

Dedic iniciou a jogada que abriu o marcador em Nice (IMAGO)

O 0-0 ao intervalo era o espelho fiel do que se passara até então. Porém, a abrir a segunda parte, já sem Dante no onze, o Benfica entrou muito bem no jogo, com mais velocidade e pressão.

E logo aos 53’, num raide de Dedic, abrindo largo em Aursnes pela direita, os encarnados marcaram por Ivanovic, muito bem a desviar, de forma ligeiramente acrobática, o cruzamento perfeito do norueguês.

Ficou, desde logo, a ideia de que muito dificilmente o Nice chegaria ao empate e, muito menos, à reviravolta completa. Se até aí quase zero de perigo junto de Trubin, o mais provável seria essa inexistência de perigo continuar até final. E assim foi.

Aliás, se algo de interessante foi construído, foi quase sempre através da potência e da mobilidade de Ivanovic. Primeiro, tirando um adversário da frente (66), depois finalizando com remate potente, mas bem ao lado (68).

A ganhar fora de casa, dando sequência às vitórias em 2024/2025 (Estrela Vermelha, 2-1; Mónaco, 3-1 e 1-0; Juventus, 2-0), Bruno Lage quis colocar gelo em campo ao minuto 77: Pavlidis por Henrique Araújo, Ivanovic por Leandro Barreiro e Enzo Barrenechea por Florentino Luís.

Festa no golo de Ivanovic (IMAGO)

Era bom segurar o 1-0, ótimo era aumentar a diferença para 2-0. E foi do bem improvável pé direito de Florentino Luís que, ao minuto 88, o Benfica chegou ao confortável 2-0. Deu para ganhar em Nice e dará, muito provavelmente, para defrontar um dos f’s no play-off: Feyenoord ou Fenerbahçe. Ver-se-á a 12 de agosto.