Agate de Sousa: «Estou feliz com o ouro»
Catorze anos depois de Nélson Évora ter ganho o ouro no tripo salto nas Universíadas de Shenzhen-2011, já o havia feito em Belgrado-2009, Portugal volta a ter um campeão nos saltos no atletismo, ainda que pelo meio Evelise Veiga tenha visto a sua prata, alguns meses mais tarde, transformar-se em ouro. Mas, desta vez tudo aconteceu no comprimento, através de Agate de Sousa, que com 6,70m, à terceira tentativa, voou diretamente para o mais alto degrau do pódio nas 32.ª Universíadas Rhine-Ruhr 2025, na Alemanha, assegurando assim a segunda medalha do País depois da prata, no sábado, da nadadora Francisca Martins nos 800 livres.
«Estou muito feliz por levar esta medalha de ouro para Portugal e para a minha universidade. A caminhada para aqui teve alguns percalços, mas, graças a Deus, consegui cumprir o meu objetivo, que era ganhar uma medalha», começou por referir à comunicação da federação de atletismo a internacional do Benfica.
Na bancada, e a primeira a abraçar Agate, de 25 anos, estava Patrícia Mamona, chefe da Missão portuguesa, que em Shenzhen-2011 conseguiu a prata no triplo salto e figura da elite no evento em que Naide Gomes foi prata em Izmir-2005, Marcos Chuva, bronze em Kazan-2013, ambos no comprimento e Evelise Veiga prata no triplo em Nápoles-2019, mas que viria a tornar-se em ouro devido à ucraniana Olha Korsun ter acusado positivo no controlo antidoping e acabado desclassificada.
«Encarei estes Jogos Mundiais Universitários como um palco para podermos mostrar o nosso trabalho e é também mais uma oportunidade para melhorar, em relação à nossa performance, seja num campeonato de Portugal seja num Mundial. Relativamente à diferença estre estes e outros campeonatos, por exemplo a uns Jogos Olímpicos, tenho de agradecer à FADU [Federação Académica do Desporto Universitário] por esta oportunidade e aos meus colegas que sempre me apoiaram, que estiveram aqui na pista, o que foi muito importante, pois ouvir o meu nome em português dá ainda mais ânimo», comentou ainda Agate de Sousa, natural de São Tomé, tal como Naide.
No estádio Lohrheidestadion, em Bochum, umas das cidades que recebe as Universíadas, Agate era uma das favoritas, sendo a segunda a saltar. No entanto, só o confirmou à terceira tentativa, quando saltou da sexta para a primeira posição com os decisivos 6,70m (vento +1,1m/s) e a liderança por suficiente 16 centímetros, que depois viriam a reduzir-se face à chinesa Xiong Shiqi (6,68) e a colombiana Natalia Linares (6,67).
Já com o ouro na mão, ainda fez o último salto, mas não conseguiu melhorar. «Fiz aquele salto porque quero sempre melhor, sei que estou a valer mais que as marcas que tenho conseguido, posso fazer melhor. Mas esta é uma medalha de ouro, não posso pedir mais. Estou muito feliz», concluiu a nova campeã mundial universitária que, na véspera, resolvera a qualificação tranquilamente com 6,52m, sendo a segunda melhor entre 47 atletas.
Ainda sem mínimos que lhe garantam a qualificação direta para os Mundiais Tóquio-2025, Agate, encontra-se, no entanto, no 10.º lugar do ranking de apuramento.
Ainda no atletismo, Duarte Fernandes, de 23 anos, foi o mais rápido das meias-finais dos 400 barreiras ao parar o cronómetro com 49,51m, batendo, novamente, o máximo pessoal e conseguindo o melhor registo nacional do ano. Na véspera, havia sido 4.º com recorde pessoal de 50,38s.
Nos 1500 metros, Nuno Pereira dominou e controlou a sua semifinal ao cortar a meta na primeira posição com 3.44,07. Na final de hoje e sem ter necessidade de obter mínimos para o campeonato do mundo no Japão, pois já está apurado, é o detentor do melhor máximo pessoal (3.32,16) entre os 12 atletas finalistas. 3.32,16 minutos.
Quanto a Beatriz Andrade concluiu as meias-finais dos 100m em 18,84 segundos, acima dos 11,69 conseguidos nas eliminatórias, o que a deixou na 16.ª posição.