A surpresa (ou nem tanto) de Beste no Benfica
Jan-Niklas Beste foi a grande figura do Benfica no jogo com o Pevidém, sábado, em Moreira de Cónegos, para a Taça de Portugal. O jogador alemão foi titular na posição de extremo-esquerdo e marcou os dois golos da vitória da equipa (2-0).
Beste foi contratado no início desta época para ser lateral-esquerdo, numa ideia de jogo do anterior treinador, Roger Schmidt, na qual os laterais, na verdade, eram extremos, pedindo-se aos alas que jogassem essencialmente em terrenos mais interiores. Beste veio, teoricamente, para ser o titular dos encarnados no lado esquerdo, permitindo ao jovem Carreras, de 21 anos e contratado em janeiro ao Manchester United (primeiro por empréstimo e no verão em definitivo), crescer.
O alemão foi o titular nessa posição frente ao Famalicão e ao Casa Pia, mas lesionou-se ainda na primeira parte do desafio com os casapianos e abriu espaço para Carreras, que não mais largou o lugar. Beste só voltou, depois, a jogar com Bruno Lage como treinador e desde então sempre como extremo, com o Estrela Vermelha, Gil Vicente, Atl. Madrid e Pevidém. Às boas exibições junta uma assistência, no jogo com o Atlético, e dois golos, agora, com o Pevidém.
Embora continue a ser opção para defesa, restam poucas dúvidas de que Lage pensa nele principalmente para jogar mais à frente, na medida a que a uma forte vocação ofensiva Beste tem juntado boas combinações com Carreras e garante um equilíbrio defensivo que dá asas ao espanhol para se lançar no ataque.
Jogar como médio ou extremo é, na verdade, a realidade que o alemão de 25 anos mais conheceu na carreira recente. De acordo com dados do site Transfermarket, em 68 jogos realizados pelo Heidenheim, onde esteve nas duas épocas anteriores a mudar-se para a Luz, Beste atuou 46 vezes como extremo-esquerdo, 14 como médio-esquerdo, sete como extremo-direito e uma vez a médio-direito; marcou 20 golos e fez 26 assistências. Esta polivalência torna-o mais valioso e parece enquadrar-se nas declarações recentes de Bruno Lage: «Temos aqui jogadores interessantes que podem jogar em mais do que uma posição, tivemos esse exemplo ao longo do mês.»
Jan-Niklas Beste foi contratado por €8 milhões e tem um valor de mercado estimado em €15 milhões, verba que o Heidenheim, que não o queria deixar sair — «Niklas é um jogador incrivelmente importante para nós, pois ele continuamente faz boas atuações e tem uma grande atitude», disse Frank Schmidt, técnico do Heidenheim, em junho deste ano — começou por pedir ao Benfica.
A vontade do jogador, que fez muita força para rumar aos encarnados, foi determinante para a conclusão do negócio. Validado, então pela equipa de Schmidt, e com o scouting do Benfica a entender que os oito golos e 13 assistências na Bundesliga de 2023/24 mereciam crédito, Beste assinou contrato até 2029 e com uma cláusula de rescisão de €50 milhões.
Beste oferece, então, ao Benfica de Lage, mais do que prometia quando chegou para lateral. E também mostra grande disponibilidade para responder ao plano que o treinador lhe apresenta.
«Penso que posso jogar nas duas posições. Nos últimos jogos tenho jogado mais à frente e sinto-me bem, claro, mas o que quero é ajudar a equipa. E jogar», disse Beste, anteontem, questionado sobre se preferia ser lateral ou extremo.