A renovação de Trincão, os problemas de Morita e a qualidade do Club Brugge (tudo o que disse Rui Borges)
— A seguir ao Club Brugge, vêm Bayern, PSG e Bilbau. O facto de este jogo ser, em teoria, o menos complicado, coloca mais pressão no Sporting?
— A pressão é diária. Já o disse várias vezes. Estamos num grande clube e a pressão é diária, mas estes são jogadores que estão habituados a ela. Têm sempre enorme ambição de conquistar, a cada jogo, os três pontos. Independentemente do adversário, somos uma equipa muito ambiciosa, embora respeitando todos. Na Champions, qualquer jogo é difícil e o favoritismo é sempre repartido, porque as dificuldades são parte do jogo. Por isso, será um jogo difícil, como todos daqui para a frente. O resultado será consequência do que conseguirmos fazer em campo.
— Se o Sporting vencer, fica praticamente apurado para a próxima fase da Champions. Já fez essas contas?
— A vitória é importante, pois acrescentaremos três pontos e passamos a somar dez. Não sei se chegará ou não. Na época passada alcançámos o play-off com onze. Por isso, é tudo muito subjetivo. O importante é estarmos focados naquilo que controlamos: ganhar os três pontos. Depois logo vemos, pois ainda teremos mais três jogos para disputar. Grandes jogos e não tenho dúvida de que faremos belíssimos jogos e vamos arrecadar mais pontos.
— Francisco Trincão está na primeira fila, bem à sua frente, a assistir a esta conferência. O Rui já pediu ao presidente do Sporting e ao próprio Trincão para renovar o contrato?
— O Trincão não precisa que eu diga algo sobre isso. Ele sabe bem a confiança que tem da equipa técnica e do seu treinador. Por isso, tem crescido imenso. Está a fazer uma grande época, talvez a melhor da carreira. Fico feliz por isso e acreditamos também que temos mérito nesse sentido. Independentemente da renovação ou não, sinto-o sempre focado. É um jogador com contrato e a negociação é algo que me ultrapassa. Espero que ele, nos próximos anos, continue a espalhar magia nos campos portugueses. E nos estrangeiros também…
— Morita, a seguir ao jogo com o Santa Clara, fez uma publicação nas redes sociais em que assumiu que não estava a passar um bom momento. O Rui foi surpreendido ou já sabia que o jogador não estava a passar um bom momento?
— Já o disse várias vezes: é um jogador que admiro imenso. E foi o jogador que mais me surpreendeu quando joguei contra ele. Admiro muito a sua qualidade. Tem uma cultura muito própria e muito boa. A sua personalidade e caráter são excelentes. Vejo-o feliz e a crescer. Vai ser muito importante no decorrer da época. Não vou falar daquilo que é a parte pessoal do Morita. Tem crescido imenso e está cada vez mais preparado para dar resposta no nosso coletivo.
— Este será o jogo-chave da qualificação?
— Não, não acredito nisso. Não há um jogo-chave. Faltam quatro jornadas e todas serão importantes. No fim, veremos aquilo de que fomos capazes. É um jogo importante, porque é em nossa casa, perante os nossos adeptos, mas o Club Brugge é uma grande equipa. Na época passada, por exemplo, o Sporting não foi capaz de lhe ganhar. É uma equipa à imagem do Sporting, sempre à procura de jovens jogadores para valorizar, e com muito valor individual e coletivo. Tem jogadores muito bons em termos ofensivos e podem criar estragos a qualquer momento numa jogada individual. Tem grande capacidade atlética e física, muita dinâmica no processo ofensivo e um ataque rápido, de muitas transições. No seu campeonato, tem mais de 60% de posse de bola nos seus jogos.
— Pedro Gonçalves, Debast e Ioannidis lesionaram-se há pouco. Está preocupado com a possibilidade de se repetir o que aconteceu no ano passado, quando houve muitos jogadores lesionados e teve de recorrer a jovens da equipa B?
— Estou tranquilo, pois há coisas que não controlamos. As lesões fazem parte de todos os desportos. Há jogadores mais propensos a lesões e outros nem tanto. Depois, há lesões traumáticas que não controlamos. A gestão do esforço e da parte física temos gerido muito bem, porque não temos tido muitas lesões musculares. Estou tranquilo e não me queixo de nada. Nunca me queixei. No passado fomos campeões e não me queixei.
— Voltando ao Club Brugge. No campeonato belga, é uma equipa que não aposta muito em transição, sendo mais de posse. Mas na última jornada da Champions acabou por surpreender o Barcelona com um empate a 3-3, apostando mais nas transições. Como antevê o jogo?
— O Club Brugge defrontou o Barcelona e respeitou-o, talvez jogando mais em contra-ataque ou em ataque rápido, o que mostra ainda mais a capacidade de uma equipa e de um coletivo. Tem qualidade para jogar em posse, em ataque mais organizado ou em transição. Tem belíssimos jogadores preparados para sair tanto em transição, em contra-ataque ou ataque rápido, como jogar num futebol mais organizado, com muita qualidade técnica, principalmente os jogadores do processo ofensivo. Médios também muito bons. Não é uma equipa diferente do Bayern ou do Paris Saint-Germain. É também uma grande equipa, que foi seis vezes campeã nos últimos dez anos.
— Depois do Bayern, voltam a jogar nos Açores, com o Santa Clara, para a Taça de Portugal. Sorteio complicado?
— Sorteio é sorteio. É um jogo difícil, só e apenas como qualquer outro. Temos que estar preparados para dar resposta, tal como temos dado.
— O Sporting, nos quatro jogos da Champions desta época, marcou sempre golos, mas também sofreu sempre. Que leitura faz deste facto?
— Temos que analisar, enquanto equipa técnica e enquanto equipa, de que forma sofremos os golos e de que forma os fazemos. Tentamos ser o Sporting que somos sempre. Queremos ser dominantes, queremos ser equilibrados. Queremos ter bola, queremos ter qualidade de jogo. Temos demonstrado isso nos jogos da Champions, apesar de serem jogos difíceis, mesmo fora de portas. Temos de ter essa capacidade. Depois, aprender de que forma sofremos os golos. Temos de estar mais equilibrados e concentrados durante mais tempo. Acho que a equipa tem tido esse crescimento e a noção disso. Faz parte dos pequenos erros para irmos crescendo e para se adaptarem à exigência da Champions, à nossa equipa jovem. Acima de tudo, é valorizar aquilo que a equipa tem sido capaz, nestes quatro jogos da Champions, de demonstrar a sua qualidade em todos os momentos do jogo.