A Palma de Ouro de Mirra Andreeva
Mirra Andreeva tem apenas 16 anos, mas já tem no currículo uma vitória sob uma tenista top-10, algo inalcançável para grande parte das tenistas profissionais. Nesta quarta-feira, a russa bateu Ons Jabeur, sexta cabeça de série e na segunda ronda do Open da Austrália e volta agora a estar nas bocas do mundo, já depois de ter chegado à quarta ronda de Wimbledon, no ano passado.
That was something special ✨
— #AusOpen (@AustralianOpen) January 17, 2024
16-year-old Mirra Andreeva takes the opener 6-0 against No. 6 seed Jabeur!#AusOpen • #AO2024@wwos • @espn • @eurosport • @wowowtennis pic.twitter.com/Uci8DiXPEZ
Dizer que derrotou uma das melhores jogadoras do mundo é um eufemismo, já que ‘despachou’ a tunisiana em 53 minutos, em dois sets, por 6/0 e 6/2. Após a descarga de adrenalina proveniente da mais importante vitória da sua carreira, pelo menos até ao momento, a siberiana falou na habitual conferência de imprensa e houve tempo para falar… da escola!
«Só tenho de sofrer durante mais dois anos», brincou a russa. «Ainda tenho muito para fazer na escola e, por acaso, começou há dois dias. Ainda não gosto de química», revelou Andreeva, que está a concluir os estudos através de uma escola online, sediada em Moscovo.
Ainda assim, o compromisso com o ténis e os estudos foram uma constante ao longo da vida de Andreeva e, por isso, cresceu sempre de mala na mão. Nasceu na Rússia, na Sibéria, cedo mudou-se para Sochi, com a mãe e a irmã Erika Andreeva – com 19 anos, também é tenista profissional – para treinar mais intensivamente e, depois, despediu-se do frio russo para se mudar para o calor de Cannes, a lendária cidade onde decorre um dos mais importantes (se é que não é mesmo o maior) festivais de cinema.
A jovem de 16 anos pode até não ter uma Palma de Ouro, e mesmo que não goste de química, o certo é que tem mãos que valem… ouro. E, por isso mesmo, a curta carreira da talentosa tenista russa, até pode vir dar um filme, face às precoces proezas de que se pode gabar.
Estreias nos grandes palcos do ténis
Este é apenas o segundo ano como tenista profissional de Mirra Andreeva, mas para quem está mais atento, o nome da russa não é de todo desconhecido, e o talento que a acompanha foi destaque já no passado torneio dos antípodas, na vertente júnior. Aí, foi finalista da prova, na qual saiu derrotada pela parceira de pares, Alina Korneeva (6/7 [7-2], 6/4) e 7/5), num duelo que encontrou duas atletas de 15 anos, nascidas em 2007.
Quatro meses depois, em Madrid, tornou-se na terceira mais jovem a conquistar uma vitória em eventos WTA 1000 – batida apenas por CiCi Bell e Coco Gauff, detentora do US Open 2023 -, ao derrotar Leylah Fernandez finalista do major de Flushing Meadows, em 2021. Seguiu-se uma vitória sob a brasileira Beatriz Haddad Maia, 13.ª pré-designada do torneio, e o primeiro triunfo contra uma ‘top-20’ da carreira, mas não teve de esperar muito tempo para registar a segunda vitória contra tenistas desta elita, uma vez que, logo no jogo seguinte, na terceira ronda superiorizou-se à polaca Magda Linette (17.ª), por duplo 6/3.
The fairytale run of Russia's Mirra Andreeva, who turned 1️⃣6️⃣ today, continues at Madrid Open as she beats 🇵🇱 Magda Linette 6-3, 6-3 to set up a round of 16 clash with World No.2 Aryna Sabalenka 🇧🇾#MMOPEN pic.twitter.com/StCYqE9s17
— Nihit (@nihitsachdeva28) April 29, 2023
Seria Aryna Sabalenka, a número dois mundial 'acabadinha' de vencer o Open da Austrália, que viria a quebrar avalanche russa, nos oitavos de final do torneio de Madrid.
Igualmente impressionante foi a campanha da siberiana nos eventos Grand Slam. Estreou-se nos quadros principais dos majors, em Roland Garros, garantindo o seu lugar após sobreviver aos três encontros da fase de qualificação. Em Paris, também foi derrotada na terceira ronda, por outra tenista prodígio já bem estabelecida no circuito profissional: Coco Gauff, não sem levar a norte-americana ao terceiro set da partida (5/7 [7-5], 6/1 e 6/1).
'Escorregadelas' na relva de Wimbledon
Um mês depois daquele que era o melhor resultado em torneios desta categoria, Andreeva não só correspondeu às expetativas, como as superou, na mítica relva de Wimbledon.
Venceu na sua estreia, na segunda ronda aproveitou a desistência de Barbora Krejcikova (10.ª) e chocou os espetadores, quando derrotou a 22.ª cabeça de série Anastasia Potavova por 6/2 e 7/5. A siberiana nunca tinha jogado neste tipo de superfície antes deste evento, como revelou na altura do mesmo. «No primeiro treino caí três vezes. Tento dar pequenos passos e ainda me sinto em perigo no court», revelou a russa.
«É muito difícil para mim habituar-me à relva - o movimento é diferente, a bola salta de forma diferente e a relva é escorregadia. Sinto-me um pouco lenta, mas acho que está tudo bem», afirmou. E, de facto estava. Só nos ‘oitavos’ é que Madison Keys (25.ª) quebrou o com a série da adolescente, ao fim de 3 parciais (3/6, 7/6 [7-4] e 6/2).
Keys comeback complete.@Madison_Keys beats Mirra Andreeva 3-6, 7-6(4), 6-2 to return to the quarter-finals for the first time since 2015#Wimbledon pic.twitter.com/qBzyNsbIB8
— Wimbledon (@Wimbledon) July 10, 2023
Em Nova Iorque, cidade onde se dá o útlimo major do ano, a jovem natural de assinou vitória na primeira ronda do US Open, contra Laura Siegmund, mas na segunda ronda voltou a ser batida por... Coco Gauff, a eventual vencedora desta edição do torneio, por 6/3 e 6/2.
Para já, Mirra Andreeva, 47.ª do ranking WTA, conta com cinco vitórias sob adversárias dentro do ‘top20’ mundial e uma entre as 10 melhores tenistas da atualidade, tendo disputado apenas nove torneios no circuito principal do desporto. Devido ao rápido sucesso que tem vindo a demonstrar, começam a surgir as previsões para a primeira conquista de Grand Slam da atleta e a chegada ao topo da hierarquia feminina, mas para já a siberiana prefere retirar pressão sobre si mesma.
«Tenho 16 anos, porque é que havia de estar a pensar no ranking? O meu objetivo é ir subindo sempre um pouco mais, cada vez um pouco mais», concluiu.
Artigos Relacionados: