127 dias, 70 milhões e um treinador depois, o Benfica vai ser quase igual no reencontro com o Sporting
A temporada do Benfica começou cedo, e com pouco tempo de treino, depois da participação no Mundial de Clubes. A 31 de julho, no Estádio Algarve, tinha lugar o primeiro encontro oficial da temporada, o jogo da Supertaça Cândido de Oliveira, contra o Sporting.
Com apenas duas semanas e meia de trabalho, Bruno Lage decidiu, ainda assim, lançar três reforços no onze: Dedic, Barrenechea e Richard Ríos. Trubin, António Silva, Otamendi, Dahl, Aursnes, Leandro Barreiro, Akturkoglu e Pavlidis, que transitaram da época anterior, completaram a equipa titular.
O dérbi foi uma espécie de rampa de lançamento para o que viria a seguir, provavelmente a fase mais importante da temporada: as eliminatórias de acesso à UEFA Champions League.
E a verdade é que, nesse mês de agosto, as coisas saíram bem ao Benfica. Tudo começou com a vitória sobre os leões, por 1-0, golo de Pavlidis. Na Champions, a duas vitórias sobre o Nice seguiu-se um empate na Turquia, contra o Fenerbahçe de José Mourinho, na primeira mão do play-off, e depois a entrada na fase de liga consumada em casa, na segunda mão, com triunfo por 1-0. Na Liga, arranque com três vitórias em três jogos (embora com exibições pouco convincentes), frente a Estrela da Amadora, Tondela e Alverca.
O pior viria depois. Setembro começou com dois maus resultados na Luz: empate com o Santa Clara, na Liga, e derrota com o Qarabag, para a Champions. E Bruno Lage foi despedido. Chegou Mourinho, que dias antes deixara o Fenerbahçe.
Entradas e saídas
Agora, 127 dias (ou quatro meses e cinco dias) depois do primeiro dérbi da época, Benfica e Sporting reencontram-se, na Luz, para o campeonato – sexta-feira, às 20h15.
Não passaram apenas 127 dias, e não houve apenas um novo treinador. Depois do duelo da Supertaça, o Benfica investiu quase 70 milhões de euros (69,8, mais precisamente) em três contratações: Ivanovic (22,8), que foi oficializado ainda no dia do dérbi, Sudakov (27) e Lukébakio (20). Também vendeu: Akturkoglu, Florentino e Tiago Gouveia começaram a época no plantel e saíram para Fenerbahçe, Burnley e Nice antes do fecho do mercado.
Mas passaram quatro meses, mudou o treinador, chegaram três reforços milionários, saíram três jogadores da rotação de Lage e, no fim de contas, o onze das águias para o dérbi de sexta-feira vai ser, tudo o indica, quase igual ao da Supertaça.
Se, como se espera, Mourinho, com o regresso de Richard Ríos (cumpriu castigo na Madeira, frente ao Nacional), apostar no onze do jogo anterior, frente ao Ajax, em Amesterdão, haverá apenas uma alteração (forçada) na equipa em relação ao primeiro jogo com o Sporting: Akturkoglu já não mora na Luz e deverá ser Sudakov o titular. Na mesma posição, na esquerda do ataque.
De resto, tudo igual: Trubin na baliza, defesa com Dedic, António Silva, Otamendi e Dahl; Richard Ríos e Barrenechea num duplo pivô a meio-campo; Aursnes na direita do ataque e Leandro Barreiro mais adiantado no meio-campo, nas costas de Pavlidis.
Sim, porque apesar dos jogadores que um e outro treinador foram experimentando no onze, apesar das alterações nos posicionamentos, Mourinho foi dar onde Lage começara.
Experiências de Mourinho
As lesões ajudam a explicá-lo, é verdade - Lukebakio, depois de ter chegado lesionado em cima do fecho do mercado, parecia ter ganho a direita do ataque antes de nova lesão. E se Lage tivesse tido antes os reforços que acabaram por chegar no final de agosto, também é possível que o onze do dérbi da Supertaça tivesse sido diferente – Ivanovic, por exemplo, foi titular logo no encontro seguinte, com o Nice, e em cinco dos oito posteriores.
Mourinho já experimentou Sudakov a 10, tentou João Rego, Schjelderup, Prestianni e mais recentemente Rodrigo Rêgo nas alas, recuou Aursnes para lateral-direito com a lesão de Dedic, que até já apareceu a lateral-esquerdo, Tomás Araújo também teve direito a oportunidade, mas, chegado à hora da verdade, e a precisar de pontos, recorreu em Amesterdão à fórmula que Lage também usara nos dois encontros mais importantes que teve antes de ser despedido: o dérbi e a receção ao Fenerbahçe que selou a passagem à fase de liga da Champions. E em princípio fará o mesmo em Alvalade.