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Tenista modelo que surpreendeu Wimbledon denuncia abusos: «Pareces um homem»
Carson Branstine é, literalmente, uma força dupla. Aos 24 anos, a canadiana que divide a vida entre o ténis profissional e a carreira de modelo alcançou um dos grandes marcos da sua jovem carreira ao chegar ao quadro principal de Wimbledon, sendo então a 197.ª do ranking WTA. O feito tornou-se ainda mais notável quando Branstine eliminou, na fase de qualificação, a francesa Lois Boisson, semifinalista de Roland Garros, surpreendendo o mundo do ténis.
Na primeira ronda do torneio inglês defrontou a número um mundial, Aryna Sabalenka, e apesar da derrota por 6-1 e 7-5 saiu com a cabeça erguida. «Quando ganhei o primeiro ponto, foi um alívio absoluto. Pensei: ‘Graças a Deus’. E queria que todos sentissem o mesmo que eu. Gosto muito de conectar com o público. Foi um momento muito especial», recordou, em declarações ao The Sun, deixando, elogios à adversária: «A Sabalenka foi muito agradável. Gosto dela como pessoa. É uma jogadora incrível. Sinto que poderia ser amiga dela. Talvez o seja com o tempo».
Apesar do brilho em court, fora dele Carson Branstine vive outra batalha: os comentários de ódio que recebe nas redes sociais pelo simples facto de também ser modelo. Esse trabalho, longe de ser por vaidade, é crucial para sustentar a carreira no ténis. «Diria que sou 90% tenista e 10% modelo, mas há que escolher bem as batalhas», afirmou, revelando que já pensou em deixar o ténis este ano, tal era o peso da pressão e das dificuldades financeiras.
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O problema é que a visibilidade também trouxe insultos. Branstine revelou que, diariamente, enfrenta mensagens ofensivas sobre a sua aparência. «As pessoas gostam de comentar as suas opiniões sobre as coisas quando não sabem realmente nada, mas isso não me incomoda. Os dois comentários de ódio mais comuns confirmaram exatamente por que razão sou uma modelo consagrada. Chamar-me extraterrestre. Vi comentários, recebi mensagens, e vi coisas em diferentes artigos de notícias ou no Twitter, Instagram ou o que quer que seja, a dizer ‘oh, os teus olhos parecem muito afastados’. 'És um extraterrestre'. E eu digo: 'Esse é literalmente o ponto. Obrigada. Eu chamo-me alienígena a toda a hora'.
«Todos os meus amigos perguntam-me: 'Quem é o teu sósia de celebridade?'. Eu digo ninguém. Sou um extraterrestre. Estou sempre a dizer isto. Ou dizem: 'Tu pareces um homem ou pareces um rapaz e tens caraterísticas masculinas’. E eu penso: 'A questão também é essa. Isso é celebrado na indústria da moda.'. Por isso, agradeço-vos por confirmarem que a Wilhelmina [agência de modelos] tomou uma ótima decisão ao contratar-me, porque isso é fantástico. Concordo plenamente», considerou.
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Branstine garante que os comentários maldosos não a afetam mais. «Aos haters, eu digo: ‘Obrigada, não estão a dizer nada que eu não saiba’. É tudo uma questão de perspetiva. A mim não me incomoda.»
Mesmo com um mundo tão exigente à sua volta, Branstine mantém o foco. «Não diria que ser modelo é uma atividade sem stress para fazer como passatempo, mas eu gosto. É assim que sou. Para se ser uma tenista de alto nível, ou literalmente qualquer coisa, tem-se de ser um pouco louca. Por isso, faz sentido para mim.», concluiu.