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«Sinto que não fui aproveitado no Benfica, mas cresci com isso»
Aos 20 anos, depois de ter feito toda a formação no Benfica e de ser presença habitual nas seleções jovens de Portugal, Joaquim Nazaré saiu quase incógnito do andebol nacional. É verdade que acabara de ser uma das principais figuras do Boa Hora, cedido pelas águias.
Mas o clube lisboeta não foi além do 14.º lugar, o primeiro acima da linha de água. Aquilo que fez, porém, serviu para o jovem natural de Odivelas chamar a atenção do Ciudad Encantada, clube que habitualmente fica na primeira metade do equilibrado campeonato espanhol.
Ao serviço da equipa de Cuenca, Joaquim Nazaré provou o potencial que lhe era reconhecido em jovem. Terá superado até as expectativas dos que não acreditavam que pudesse vingar em Espanha. E depois do 5.º lugar na primeira temporada, Nazaré tornou-se protagonista do 2.º lugar alcançado pelo Ciudad Encantada na época passada, num ano em que se sagrou melhor marcador e foi eleito o melhor lateral-direito do campeonato.
«Quando cheguei a Espanha aprendi muita coisa do andebol. Também vejo muitos jogos e aquele é um dos países onde se consegue aprender mais sobre o jogo. Foi lá que aprendi a ser mais inteligente a ler o jogo, a ter mais cabeça no momento da decisão e também a defender, que até é o mais importante», reconhece.
Em Portugal era conhecido apenas como “um miúdo com um bom braço”. Nada mais do que isso.
O percurso que fez em apenas dois anos foi mais do que suficiente para chamar a atenção de clubes maiores, pois claro. E quem assegurou a contratação do português foi o Skjern. Ao fim de seis meses na Dinamarca, Nazare está às portas do Europeu, surgindo na convocatória de Paulo Jorge Pereira para lutar com Kiko Costa pelo lugar. E já todos se lembram do nome dele outra vez.
«Saí muito novo para ir jogar para Espanha. Em Portugal não estava a ser valorizado pelo jogador que era. Também é verdade que não vivi grandes momentos a jogar cá, mas era conhecido apenas como 'um miúdo com um bom braço'. Nada mais do que isso», relata, em conversa com A BOLA, ele que não esquece as poucas oportunidades que teve no clube que o formou.
«Sinto que o Benfica não me aproveitou. Não quero dizer que devia ter sido diferente, foi a decisão deles e não tenho nada a dizer sobre isso, mas não tive oportunidade para mostrar realmente aquilo que sou. Mas isso também fez com que eu crescesse. Fez-me entender que nada nos chega de mão dada. Há que trabalhar cada vez mais para provar que se merece», reconhece. A falta de oportunidades nas águias, não o deitou abaixo e muito menos fez diminuir a ambição.
«Sempre tive objetivos altos na minha vida e o desejo de jogar nos maiores clubes. E estou a lutar por alcançar esse objetivo. Sair do país permitiu-me crescer como jogador e como pessoa. O Joaquim de agora é completamente diferente do que as pessoas diziam. Sou um Joaquim novo. Estou a seguir os meus passos em busca de alcançar os objetivos que tracei», acrescenta o jogador de 22 anos.
Ora, um dos objetivos que delineou para a carreira é muito específico.
«Em criança tinha o sonho de um dia chegar ao Paris Saint-Germain, porque o meu jogador preferido é o Mikkel Hansen, que jogou lá muitos anos. Ele agora já saiu, mas o meu desejo mantém-se», confidencia.
Joaquim Nazaré ainda não chegou ao gigante francês. Mas parte a outra parte do sonho já a viveu, uma vez que está no mesmo campeonato que o ídolo, que este ano regressou à Dinamarca para jogar no Aalborg.
«É verdade. E até já joguei contra ele», remata com orgulho.
Se tudo correr como o jovem deseja, terá nova oportunidade para defrontar a estrela dinamarquesa. Agora num dos maiores palcos: o Europeu.
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