Rui Silva: «Ao melhor nível, até à Dinamarca podemos criar muitas dificuldades»
Rui Silva, capitão da Seleção de andebol (Miguel Nunes/ASF)

Rui Silva: «Ao melhor nível, até à Dinamarca podemos criar muitas dificuldades»

ANDEBOL03.01.202409:00

Capitão da Seleção de andebol lança a participação de Portugal no Europeu com ambição

O capitão da Seleção olha com confiança para o Europeu que arranca no dia 10. Portugal chega com estatuto diferente e, se em 2020 foi a surpresa, agora vai em busca da qualificação olímpica. O central fala dessa mudança, da renovação da equipa lusa e pede ambição, mas também seriedade na prova que vai decorrer na Alemanha.

Rui Silva, capitão da Seleção de andebol (Miguel Nunes/ASF)

É um dos jogadores mais experientes da Seleção e capitão de equipa. Como sente a equipa para o Europeu?

Sinto todos com enorme vontade de fazer uma grande competição e, mais uma vez, tentar fazer história. O que temos feito demonstra a nossa ambição, aquilo que nós somos e todo o trabalho que tem vindo a ser feito ao longo dos anos. Sentirmo-nos assim significa que temos feito as coisas bem.

Fazer história passará por melhorar o 6.º lugar de 2020. É esse o objetivo?

O primeiro grande objetivo é qualificarmo-nos para a Main-round [segunda fase]. Isso tem de estar bem presente na cabeça de todos. Depois, se o conseguirmos, temos a ambição de fazer mais do que alguma vez fizemos. Se em 2020 conseguimos o 6.º lugar, que foi o melhor de sempre, passando a fase de grupos vamos em busca de fazer melhor do que isso.

2024 é também ano de Jogos Olímpicos. Depois da presença em Tóquio, é impossível não pensar numa segunda participação…

Sim. Esse é um tema muito recente [risos]. Há quatro anos, falávamos na necessidade de voltar a um Europeu. Agora já olhamos para uma qualificação olímpica, que tem a importância que todos reconhecem. É óbvio que sabemos que cumprindo o primeiro grande objetivo, ficamos mais próximos de uma vaga no torneio pré-olímpico. Mas tendo em conta que as vagas são tão poucas, estaremos na luta com outras seleções. Contudo, acho que temos de tirar essa pressão e responsabilidade num momento tão precoce. 

Rui Silva, capitão da Seleção de andebol, com o selecionador Paulo Jorge Pereira (Miguel Nunes/ASF)

Restam oito jogadores do grupo que em 2020 fez Portugal voltar aos grandes palcos. A renovação tornou a Seleção mais forte?

São grupos diferentes. O desporto é mesmo isso. Além do passar dos anos, temos algumas lesões. É uma evolução normal. Os jogadores que aparecem vêm para ajudar, a qualidade dos jogadores mais jovens é muita e agora têm de mostrar dentro de campo que a qualidade de Portugal se mantém. O grande objetivo é fazer com que a Seleção seja presença regular nas grandes competições e elevar cada vez mais o nível. 

A irreverência dos mais jovens será a característica que mais vai sobressair no jogo de Portugal?

É um dos pontos, sim. Mas o ponto forte sairá da mistura de experiência com irreverência e a qualidade que temos. Há muita qualidade aqui, muita qualidade mesmo! Temos um grupo muito saudável, com grande ligação de amizade entre todos. Agora é preciso criar rotinas e levar a qualidade para dentro de campo como grupo. 

Portugal chega a este Europeu com um estatuto diferente. Sentem mais respeito dos adversários pela Seleção?

Sem dúvida. Todo o trabalho que tem vindo a ser feito tanto na seleção como nos clubes traz-nos esse respeito. As pessoas olham para Portugal como uma seleção forte, com atletas de grande qualidade e todos sabem que se Portugal aparecer bem, vão ter de levar connosco durante muito tempo. Obviamente que me deixa muito contente termos conseguido passar de uma seleção surpresa, que poucos conheciam, para uma equipa que é olhada por todos com grande respeito.

Um novo coraçãozinho a bater à distância

Em termos pessoais também será uma competição diferente para o Rui, que vai ser pai nos próximos dias. Será mais difícil estar totalmente focado no Europeu?

É mais uma força. Nós vivemos muito das forças externas que temos nas nossas vidas e ele será mais um pilar que vai nascer. É mais alguém por quem vou querer fazer mais. É tudo muito recente, mas será mais uma força para me ajudar.

Ainda vai conseguir conhecer o seu filho antes de partir para a Alemanha?

Sim. Tenho de conseguir! [risos]

Que peso podem ter neste Europeu a ausência de jogadores como o Fábio Magalhães, André Gomes e Iturriza?

São atletas que fizeram e fazem parte da nossa história. Jogadores que contribuíram muito para esta caminhada. Temos pena que não possam estar, mas não nos podemos agarrar a isso. Há que olhar para o que temos, trabalhar, querer mais e criar rotinas com os jogadores que cá estão. É com eles que vamos para a guerra.

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Portugal está num grupo com campeã do mundo, além de Rep. Checa e Grécia, duas seleções em teoria inferiores. Como vão ser encarados os jogos com essas equipas, antes de defrontar a Dinamarca?

É muito importante encarar esses jogos com muita responsabilidade. Temos a experiência de estar do outro lado, vivemos isso em 2020, e sabemos o quão difícil entrar em campo com o estatuto de favorito e perder. Temos de jogar com seriedade e muita vontade de mostrar no campo que somos favoritos. Sabemos que com a Grécia somos ainda mais favoritos, mas que a Rep. Checa é uma seleção com muita qualidade. Porém, acredito que se estivermos ao nosso melhor nível, e focados, vamos chegar ao jogo com a Dinamarca a lutar por levar mais dois pontos para a main-round.

Os dinamarqueses são imbatíveis neste momento?

Os resultados mostram que têm sido. Prova disso é que não perdem em jogos do Mundial há não sei quanto tempo [29 jogos, desde 2017]. Nos Europeus não é bem assim e o facto de os defrontarmos num Europeu pode jogar a nosso favor, porque às vezes lá se lembram de perder. Se estivermos a um nível bom e focados, a jogar ao mais alto nível durante os 60 minutos, acredito que podemos criar muitas dificuldades até à Dinamarca.

Rui Silva, capitão da Seleção de andebol (Miguel Nunes/ASF)