Roger contorna dificuldades e eis os guerreiros colados ao dragão (crónica)
Roger foi dor de cabeça para Sandro Cruz e herói do SC Braga-Gil Vicente, com a obtenção dos dois golos. FOTO LUSA

BRAGA-G. VICENTE, 2-0 Roger contorna dificuldades e eis os guerreiros colados ao dragão (crónica)

FUTEBOL09.02.202521:01

Quinta vitória consecutiva na Liga e igualdade pontual com o FC Porto foram mais difíceis de atingir do que um golo e uma expulsão madrugadores pareciam fazer crer

Roger Fernandes, dono de uma alegria invulgar na forma como se atira ao jogo mais universal do Mundo, foi a chave do quinto triunfo consecutivo do SC Braga na Liga (todos os jogos de 2025, proeza só igualada pelo Estoril). Claro que não abriu a porta sozinho, mas desbloqueou muito cedo o encontro com uma antecipação a Sandro Cruz e um extraordinário remate de fora da área, que não perde brilho pelo facto de ter resvalado nas costas de um jogador do Gil Vicente. O pé esquerdo do ponta direita bracarense faz magia, sobretudo quando aproveita as agora bem contemporâneas situações de incursão do flanco para o meio a fim de se utilizar o pé preferencial.

Cinco minuntos depois do 1-0 os donos da casa eram claramente, também, os donos do jogo. E maiores condições se reuniram, à passagem do quarto de hora, para uma noite relativamente tranquila, já que Aguirre, imprudente, abalroou Gharbi numa jogada normal de meio-campo e viu o cartão vermelho direto. Era muito tempo para jogar e não se tinha visto ao Gil Vicente, até então, sinal de poder sequer colocar em causa a supremacia bracarense.

Ato contínuo à expulsão, o Gil passou a alinhar, na prática, com uma defesa a cinco. Caseres, que já se aproximava dos centrais para as tentativas de construção, fixou-se lá mais atrás. Ainda assim, só por volta da meia hora, quando Bruno Pinheiro aproveitou uns minutos de assistência ao seu guarda-redes e juntou a equipa perto do banco, os gilistas entraram verdadeiramente no jogo. Passaram a defender a cinco, sim, mas com maior projeção dos laterais. E o Braga começou a ter sérias diculdades em encontrar espaço para entrar no último reduto visitante.

O intervalo foi bom conselheiro para o Gil. Com novo reposicionamento dos agora três centrais e muito maior mobilidade no meio, foi-se afoitando e dominou os primeiros minutos da segunda metade. Félix Correia aparecia agora mais vezes no meio-campo, trocando posições ora com Fujimoto ora com Bermejo. Sandro Cruz, pela esquerda, estava muito mais atrevido nas subidas e os guerreiros foram sentido cada vez maiores dificuldades defensivas, a juntar às ofensivas que vinham desde a tal palestra da meia hora.

Aos 76 minutos, já Carlos Carvalhal tinha renovado o duplo pivô do meio-campo e dois terços do ataque — entradas de El Ouazzani, Gabri Martinez, Diego e do regressado Racic —, o central anglo-alemão Arrey-Mbi agarrou também no porta-chaves e, com um corte brilhante, impediu Félix Correia de empatar o jogo na sequência de mais uma boa subida de Da Cruz.

Entretanto, refrescado pelas substituições, o Braga já tinha vindo a retomar parte da posse sobre o meio-campo defensivo do Gil. Aos 81 minutos, os dois médios saídos do banco entenderam-se na meia-direita (Racic para Diego) e eis que Roger surgiu na cara de Andrew Ventura. O guarda-redes brasileiro conseguiu defender o remate, em mancha, mas a sorte do jogo estava mais virada para o quarto classificado agora em igualdade pontual com o terceiro: após a defesa a bola ressaltou de novo no rematador e Roger fez o bis.

O jogo acabou, na prática, nesse momento. Depois do esforço épico de jogar tantos minutos dez contra onze e quase ter conseguido empatar, Bruno Pinheiro foi pragmático e retirou três importantes unidades (Fujimoto, Caseres e Félix Correia), provavelmente para poderem descansar um pouco. Pouco mais restava do que deixar o tempo passar. Foi o que a generalidade dos protagonistas fizeram na parte final.