Treinador do Benfica colocou Belotti, Amdouni, Dahl, Bruma e Leandro Santos pela primeira vez no onze inicial. Ganhou a aposta, mas teve de superar alguns sustos
Dá jeito ter alguém que pense e arrisque. Tal como dá jeito ter alguém rápido e agressivo. O Benfica dominou o jogo quase de ponta a ponta, mas só quando Kokçu entrou, após o intervalo, a revolução implementada por Bruno Laje (Pavlidis, Kokçu e Akturkoglu no banco e Schjelderup nem aí, colocando Belotti, Amdouni, Dahl e Bruma pela primeira vez no onze inicial) começou a ter resultados palpáveis.
Extremo marcou golo de estreia pelas águias no mesmo terreno onde apontou os últimos dois golos pelo SC Braga; Kokçu entrou muito bem, Trubin, António Silva e Otamendi fecharam à chave a baliza
O cerebral turco, ao contrário de Florentino, que até nem jogou mal, pensou o jogo e arriscou. Depois apareceu o homem veloz e potente a fazer a maior diferença no jogo. A diferença através do golo de Armindo Tué Na Bangna. Bruma percebeu o passe de Kokçu para Amdouni, antecipou o cruzamento do suíço e depois, bem na pequena área, desviou para o 0-1.
Bruno Lage diz que conhece bem todos os jogadores. Considera o Benfica um vencedor justo. Está «particularmente feliz» por Bruma.
Lage jogou no risco, ao mudar tanta gente do Mónaco para os Açores. Em cima da mesa, pelo que se percebe, estava o risco físico que corriam alguns jogadores. Di María e Aursnes lesionaram-se, Tomás Araújo mostrava sinais de fadiga muscular (estreia para Leandro Santos) e, com Manu Silva e Bah de baixa prolongada, o treinador do Benfica optou pela tal revolução. Ou mini-revolução, se preferirmos.
Lateral-direito da formação encarnada estreou-se pela equipa principal no campeonato frente ao Santa Clara
Era um risco calculado, mas sempre um risco, sobretudo se nos recordássemos de que o Santa Clara não tem sido pera doce nesta Liga, ainda para mais a jogar em casa. Porém, mesmo sem fazer grandíssima exibição e tendo passado, aqui e ali, por alguns momentos de aflição (Trubin sempre muito seguro em remates muito perigosos), Bruno Lage ganhou a aposta. O Benfica somou mais três pontos e jogadores importantes foram poupados. Os encarnados continuam firmes na perseguição ao Sporting e mantêm-se bem por dentro dos oitavos da Champions.
A revolução, porém, começou com um susto. E com uma escorregadela perigosa de Carreras (relvado muito solto), ao minuto 5, aproveitada por Vinicius para criar muito perigo. Valeu a (primeira) presença imponente de Trubin. Logo de seguida, nova falha, agora da defesa do Santa Clara, possibilitou a Belotti muito boa oportunidade e foi a vez de Gabriel Baptista aparecer. Cinco minutos depois, na sequência de contra-ataque muito perigoso, foi Ricardinho a criar perigo e, de novo, Trubin a servir de paredão. Por fim, em cima do intervalo, António Silva desviou a bola à barra. O Benfica dominava, sim, mas não deixava de passar por alguns sustos, com Trubin a garantir baliza inexpugnável.
A entrada do Benfica na segunda parte, já com Kokçu no lugar de Florentino, foi forte. Muito forte. Kokçu, o pensador, meteu em Amdouni, o acutilante, e Bruma, o veloz e agressivo, fez golo na pequena área. Desbloqueado o resultado, os encarnados puderam, então, gerir um pouco mais questões de ordem física. Quase a conta-gotas (Amdouni por Akturkoglu e Belotti por Pavlidis, primeiro; Leandro Santos por João Rego e Bruma por Nuno Félix, mais tarde), Lage refrescou a revolução, que passou a evolução.
Gabriel Batista, guarda-redes, evitou vários golos do Benfica. Gabriel Silva, avançado, foi o mais perigos
Esta foi suave e mais suave se tornou quando, aos 76', Sidney Lima viu segundo amarelo e foi expulso. Tudo parecia controlado pelo Benfica, embora Frederico Venâncio em cima do apito final, tenha rematado rentinho ao poste. Ricardinho teria mais um remate perigosíssimo e Trubin teria mais uma boa defesa. Qualquer revolução tem reações para a impedirem. E o Santa Clara, demasiado sossegado, teve-as. Mas sem êxito.