Raphinha foi preponderante na vitória do Barcelona não só neste jogo na Catalunha, como nos anteriores na Luz
Raphinha foi preponderante na vitória do Barcelona não só neste jogo na Catalunha, como nos anteriores na Luz (IMAGO)

Barcelona-Benfica, 3-1 Raphinha foi carrasco de uma águia que tentou escapar ao cepo (crónica)

INTERNACIONAL11.03.202520:28

A sentença estava quase assinada, o Benfica ainda conseguiu apresentar argumentos, mas o juízo final foi inequívoco. Ataque em campo aberto e rapidez de execução ‘mataram’ as aspirações dos encarnados

O sonho comanda a vida. E sempre que o homem sonha, o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança, escreveu António Gedeão na sua Pedra Filosofal. Na Catalunha, no imponente Estádio Olímpico Lluís Commpanys a bola que rolou era branca com estrelas pretas, atrás dela 22 jogadores com o mesmo objetivo: levá-la até às redes da baliza do adversário.

O Barcelona, com vantagem conseguida na Luz (1-0), carregava aos ombros a missão de homenagear Carles Miñarro Garcia, o médico da equipa que faleceu nos últimos dias, envergando uma braçadeira preta em sua homenagem, tal como foi cumprido um minuto de silêncio em sua memória.  

Do outro lado estava o Benfica, à procura da glória, com o seu treinador, Bruno Lage, empenhado em cumprir promessa aos filhos Jaime e Manuel, de que ia ganhar um jogo de Champions, desejo também de todo os benfiquistas. A tarefa não era fácil, é certo, a desvantagem na eliminatória quase que assinava a sentença, ainda assim, os encarnados apresentaram alguns argumentos na Catalunha. Com Dahl a ocupar-se da lateral esquerda, com Florentino a surgiu no onze para se ocupar do miolo, enquanto a Schjelderup e Akturkoglu coube a missão de ladear Pavlidis no ataque à baliza de Szczesny.  

Da parte dos catalães os suspeitos do costumo, com Ronald Araújo a ser o escolhido para substituir o castigado Cubarsí no eixo da defesa e, claro, lá na frente aquele tridente ofensivo que impõe respeito a qualquer adversário: Raphinha, Lewandowski e Yamal.  

A equipa da casa foi quem saiu com bola e a pressão quase asfixiante foi imediata, com o Benfica a reagir muito bem, a tentar jogar, com Florentino a ter um par de boas intervenções na construção ofensiva, sendo que aos 10 minutos de jogo já o guarda-redes das águias, Trubin, tinha feito duas intervenções, com o jovem Yamal a ser o protagonista, numa delas de trivela, um gesto técnico que tanto aprecia e melhor executa.  

O primeiro golo da noite, aos 11 minutos, é de se tirar o chapéu a Yamal, deixou Florentino estendido no chão e sacou um cruzamento teleguiado ao segundo poste onde estava quem? Isso, Rapinha, o carrasco do Benfica (marcou os golos das vitórias dos blaugrana nos dois jogos desta época, um na fase de grupos e o outro na 1.ª mão dos oitavos, ambos na Luz).

Certo é que a resposta do Benfica não podia podia ter sido melhor, volvidos apenas três minutos, na sequência de um pontapé de canto cobrado por Schjelderup, do lado esquerdo, a bola voou para o coração da área, onde acabou por encontrar a cabeça do capitão Otamendi, que aproveitou da melhor forma mau alívio de Lewandowski e assinou o golo 500 do Benfica na Champions.

Nova fase de investida dos catalães, a mastigar muito bem a bola a meio-campo e a subir no terreno, obrigando o adversário ao erro, sem medos no um para um e num desses lances foi ganho um livre lateral que, aos 27 minutos, resultou em golo. Balde na cobrança, a bola andou a rondar a área, até que foi parar aos pés de Yamal, na direita, que bailou à frente de Tomás Araújo e, claro, não desperdiçou oportunidade de bater Trubin. Sensacional, tanto o golo como este diamante lapidado que veste a camisola 19 do Barcelona.   

A passagem da meia-hora de jogo trouxe pausa para que os muçulmanos que cumprem o Ramadão, nomeadamente Kokçu, Akturkoglu e Yamal, se alimentarem e hidratar, mal o sol se pôs, depois, o jogo conheceu momentos bonitos, com muitas faltas e paragens. A linha defensiva do Barcelona estava a jogar a cerca de 30 metros do guarda-redes, o Benfica bem viu isso, e colocar a bola nas costas? Pois, não acontecia e já perto do intervalo a sentença acabaria por ser assinada pelo carrasco Raphinha, após contra-ataque conduzido por Balde, que, no momento certo, soltou a bola para o brasileiro não dar hipótese a Trubin e bisar.

Lage mexeu na equipa aos 56 minutos, tirando os dois extremos, Schjelderup e Akturkoglu lançando Amdouni, jogador com muita facilidade de remate, e Renato Sanches, com o intuito de dar mais energia à equipa, pressionar e levar a bola para a frente, com o Barcelona a dar-se ao luxo de descansar com bola e, ainda assim, conseguir criar perigo: tabelinha de Olmo com Yamal, com Trubin a ter de aplicar-se (56’), depois foi De Jong a combinar com Raphinha, que temporizou, meteu em Yamal, que, de calcanhar serviu para Koundé, que devolveu a De Jong, cujo remate passou a rasar o poste, um autêntico carrossel.  

O Benfica tinha dificuldades em soltar amarras, cada vez mais apertadas, com os minutos a correr e os caminhos para a baliza dos blaugrana cada vez mais turvos, tentando através de lances de bola parada criar algum incómodo, ainda se pediu penálti em Montjuic, aos 77’, com Dahl a tirar Ronald Araújo da frente e rematar para corte de Iñigo Martínez que pareceu com o braço, mas o árbitro francê François Letexier mandou seguir.  

Momento apoteótico aos 81’, com a saída de Yamal, debaixo de salva de palmas, com os adeptos culé todos de pé, rendidos ao génio do jovem atacante.  

O Benfica, já com Belotti, Leandro Barreiro e João Rego em campo, não descurou a baliza do Barça, com Otamendi, aos 86’, a cruzar para o segundo poste, onde Amdouni cabeceou, mas Koundé impediu que a bola chegasse à baliza!  Apito final. Festa de um lado, tristeza do outro, sendo que, diga-se, os encarnados tentaram livrar-se do cepo, mas os argumentos foram insuficientes.      

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