A tristeza de Pep Guardiola durante o jogo do Manchester City com o Real Madrid - Foto: IMAGO

«Quero sofrer, sentir-me mal quando não ganho»

Guardiola fala da época menos boa no City e no que é preciso para recuperar

Apesar de uma época menos feliz com o Manchester City,Pep Guardiola está feliz no Etihad Stadium e o clube com ele, uma vez que renovou contrato até 2027.  

Numa temporada de altos e baixos, a equipa acabou por segurar o terceiro lugar na Premier League, mas nenhum título e o treinador assumiu culpas, referindo que com as más experiências também se cresce. 

«Quero sofrer quando não ganho jogos. Quero sentir-me mal, quero dormir mal. Quero que quando a situação piora, isso me afete. Fico zangado, a comida sabe-me mal, não preciso de comer muito porque preciso de sentir essa raiva. Porque se não sentisse, qual seria o objetivo? Ganhar ou perder... Estamos neste mundo para experimentar coisas diferentes», disse em entrevista à agência Reuters. 

Quero sofrer quando não ganho jogos. Quero sentir-me mal, quero dormir mal. Quero que quando a situação piora, isso me afete. Fico zangado, a comida sabe-me mal

Por isso, passa bem ao lado das críticas. «Não estou interessado em provar que os críticos estão errados. Quero provar a mim próprio que sou capaz de o fazer, não quero ter a sensação da época passada. Porque quando se ganha, o vinho sabe melhor depois, dorme-se melhor. Não conheço nenhum treinador que perca jogos e durma como um bebé. Isso não acontece. Temos de nos preocupar com isso. Faz parte da nossa vida», afirmou.

Quando se ganha, o vinho sabe melhor depois, dorme-se melhor. Não conheço nenhum treinador que perca jogos e durma como um bebé

Sem querer cair em lugares comuns, falou no que é mais importante. «Cair e levantar, cair e levantar. Esse é o maior sucesso. Os vencedores são aborrecidos. É bom ver os perdedores, é aí que se aprende de verdade.» 

Apesar disso e de vários títulos, disse que não se sente especial: «Acham que me sinto especial por ter ganho tantos títulos? Não! Esqueçam! A única pessoa especial é um médico que salva vidas ou que inventou a penicilina (Alexander Fleming). Isso é que é um génio! Eu? Vá lá!», disse, mas lá acrescentou: 

«Não quero parecer humilde, claro que sou bom! Já o provei ao longo dos anos. Mas foi o sucesso que tive que me escolheu em certos momentos, como estar à frente de Messi e dos outros; tive equipas incríveis. Outros treinadores, nessa posição e nessa altura, poderiam ter feito o mesmo.» 

Não quero parecer humilde, claro que sou bom! Já o provei ao longo dos anos. Mas foi o sucesso que tive que me escolheu em certos momentos

«Ganhei 12 campeonatos nacionais em 16 anos. Não é mau, diria eu. Mas não se pode ganhar sempre», acrescentou. 

Por fim, como já disse antes, não esconde que no futuro quer orientar uma seleção: «Sempre pensei nisso, mas depende de muitos fatores. Se acontecer, ótimo. Se não acontecer, tudo bem.» 

Sugestão de vídeo: