«Portugal tem a exigência de um clube grande»
Roberto Martínez [foto A BOLA]

Roberto Martínez «Portugal tem a exigência de um clube grande»

FUTEBOL29.01.202402:00

Parte II da entrevista ao selecionador nacional a meses do Euro 2024

Roberto Martínez visitou A BOLA e concedeu uma entrevista ao nosso jornal no âmbito dos 79 anos que celebramos. O selecionador abordou vários pontos do seu percurso à frente da equipa das quinas, que em 2024 tem pela frente um Europeu que deve encarar com a ambição de vencer, como fez em 2016, até porque como ele diz a exigência é enorme. 

É importante para si haver um núcleo em Manchester. Um núcleo de jogadores que vivem na mesma cidade e que eventualmente podem viajar juntos e discutir juntos a informação que lhes passa?

Não, não. Eu acho que o que é importante é... A Premier League, hoje em dia, é a liga mais exigente do mundo. Então nós temos jogadores muito importantes em balneários na Premier League. Isso é muito importante. A exigência de ser um capitão do Manchester United, de ser um capitão do Manchester City, de ter de ganhar a Premier League, ter de ganhar a Champions League, ter de ganhar a Taça, é uma exigência que é muito boa para nós. A seleção de Portugal tem a exigência de um clube grande. Então é muito mais fácil para um jogador que tem a mesma exigência no dia-a-dia, para poder estar tranquilo e desfrutar de jogar pela seleção. 

Disse recentemente que havia quatro tipos de um para um. Quer especificar que tipos de um para um são esses? E ao mesmo tempo perguntar-lhe quais são os jogadores que na seleção se adaptam a essas situações.

É uma questão puramente técnica. Como treinadores, nós treinamos quatro situações no relvado de um contra um. Uma é a do ponta de lança, com as costas na baliza e precisa de aguentar a bola. É um contra um muito claro. Depois o um contra um de um ala que precisa de olhar para cruzamento, um tipo diferente de cruzamento. Depois temos o um contra um à frente. Os jogadores que têm qualidade, o João Cancelo faz isso muito, nas zonas centrais, poder ganhar e, taticamente, abre muito o terreno. E depois temos o um contra um diagonal, porque vem uma cobertura defensiva e uma ação técnica diferente. As quatro situações de um contra um dão um perfil específico para os nossos jogadores. 

Nesse sentido é diferente, por exemplo, jogar com o Cristiano Ronaldo ou jogar com o Gonçalo nesse um para um de costas para a baliza? 

Sim, mas eu acho que nós tivemos um exemplo muito bom contra a Eslováquia, quando nós jogámos com dois pontas de lança. Agora, muito importante, nós somos uma equipa que chegamos ao último terço com muita facilidade. O aspeto mais difícil no futebol é o último terço. Eu acho que o Cristiano tem uma movimentação no último terço de alta qualidade. O Gonçalo Ramos também tem uma qualidade inata de olhar pelo espaço na área. Os dois jogadores podem jogar de pontas de lança sozinhos ou, como mostraram, podem jogar juntos. Mas um contra um com as costas para a baliza pode ser um trinco. Um trinco pode dar uma boa situação em relação aonde a equipa precisa penetrar.