Barcelona acentuou a importância de Nico Otamendi na equipa do Benfica. Raramente o central argentino terá sido tão unânime dentro da equipa e fora da equipa, com a generalidade dos meios especializados nacionais e internacionais a destacar a forma como liderou os encarnados na UEFA Champions League. O campeão do Mundo fez o golo que devolveu a igualdade ao encontro (1-1) e que alimentou um pouco mais o sonho encarnado. Mas, depois, mesmo quando as coisas estavam já praticamente perdidas, manteve a equipa de pé, com cortes incríveis, com passes de 50 metros, até mesmo um cruzamento perfeito para a cabeça de Amdouni lhe foi visto. Barcelona não passa de um jogo, de 90 minutos, mas, na realidade, foi só o ponto mais alto do alto rendimento que o central de 37 anos vem demonstrando, quando está a sensivelmente três meses e meio do final do contrato com os encarnados. O tema tem sido de certa forma contornado na Luz, Bruno Lage, várias vezes convidado a falar sobre a renovação de Otamendi e Di María, tem sido cauteloso. «O que posso dar, neste momento, é a minha opinião. Gosto muito de trabalhar com eles e sinto que são dois jogadores muito importantes para a equipa, porque têm rendimento. É o que temos de fazer, eu, eles e restante equipa: a cada momento continuarmos com rendimento. E no futuro perceber se podem continuar a ser úteis ao Benfica ou não, mas o mais importante é o que nós, treinador e jogadores, vamos fazendo a cada momento, e eu, como treinador, estou satisfeito com o rendimento dos jogadores», explicou, em janeiro. A margem é, todavia, cada vez mais reduzida. Porque a importância do argentino aumenta e o tempo de contrato diminui. O Benfica contará com o amor de Otamendi ao clube, com o gosto de viver em Portugal, mas o jogador, mesmo estando feliz na Luz e mesmo tendo abertura para ouvir falar da renovação de contrato, não desejará estender a incerteza até ao último dia. O Benfica, recorde-se, tem Mundial de Clubes, que começa a 14 de junho e termina a 13 de julho, e Rui Costa, presidente dos encarnados, tem garantido que acredita na presença dos dois argentinos, apesar de o vínculo ser válido até 30 de junho. «Otamendi é mais que um símbolo do clube, mais que uma referência para todos os companheiros de equipa. Haverá um jogo importante [Boca Juniors], porque sabemos que ele é do River Plate, mas como adepto. Veremos o que acontecerá até lá. Esta prova chega numa altura em que os contratos já acabaram, mas estou convencido de que teremos Otamendi e Di María no Mundial», afirmou Rui Costa em dezembro. Serão, efetivamente, jogadores de 37 anos capazes de escolher, praticamente, a liga onde querem jogar — Arábia Saudita, EUA, onde Messi faz vibrar o Inter Miami, Argentina, que continua a sonhar com o regresso dos craques —, mas a Europa tem apelativos: a segurança, sobretudo. Fundamental para quem tem família, fundamental para quem tem filhos em idade escolar e fundamental para quem já viveu episódios de terror. Di María em Paris, Otamendi na Aroeira. Mas o central terá ultrapassado a invasão a sua casa na margem Sul e sentido que não voltaria a correr perigo. O Benfica tem procurado adiar uma frase, uma palavra, uma decisão sobre o futuro dos seus argentinos de 37 anos, mas, neste momento, Nico Otamendi será inclusivamente o veterano que oferecerá mais garantias, pois é central, raramente tem problemas físicos e parece continuar no auge, jogando o seu melhor futebol desde que chegou a Lisboa. É o capitão de equipa, é o líder da defesa, a voz da equipa, o segundo jogador de todo o plantel com mais minutos, atrás de Carreras (3425 contra 3484). Lage não abdica dele. E Rui Costa, abdicará?
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