A BOLA Nenhum poder deve ser eterno
Termino hoje a minha já muito longa missão de diretor do jornal A BOLA. Mais de trinta anos depois de ter assumido o cargo. É consequência de uma decisão consciente que tomei há cinco anos. Queria despedir-me desta função, que muito me orgulhou, nas bodas de prata da minha direção, porém, circunstâncias várias e uma tão inesperada quanto devastadora pandemia levaram-me, a mim e à administração deste jornal, a encontrar um momento mais oportuno, após uma fase de transição durante a qual fui entregando as responsabilidades executivas.
Amanhã este jornal terá no alto da primeira página o nome de João Bonzinho, a quem desejo, sinceramente, as maiores felicidades. É um grande jornalista, um Homem de A BOLA, com longa carreira e provas dadas à frente da direção de informação de A BOLA TV.
Agradeço a todos os que ao longo dos últimos trinta anos comigo trabalharam naquele que é o maior e o melhor jornal desportivo do País. Agradeço a todos os agentes desportivos, em especial atletas e treinadores, que me ofereceram uma dimensão real deste fantástico mundo do desporto. Agradeço à minha família, a quem roubei tantas horas, dias, meses e anos de convívio. Agradeço à administração deste jornal que em mim confiou todos estes anos. Agradeço, muito especialmente, aos leitores do jornal, que pelo mundo inteiro mantêm vivo o prestígio de A BOLA.
Continuarei como sempre fui, ao longo de toda a minha vida profissional, um jornalista e aqui continuarei também a escrever, enquanto me acharem útil. Como devem calcular, foi uma decisão difícil mas tomada com a convicção do exemplo de que ninguém, seja em que setor for, se deve eternizar no poder, qualquer que ele seja. Os novos tempos requerem novos protagonistas, novas ideias e novas gerações comprometidas com o futuro e capazes de dominar os colossais avanços tecnológicos que se verificaram, sobretudo, no mundo da comunicação.
Hoje A BOLA já não é apenas o grande e histórico jornal nascido em janeiro de 1945. É uma marca insubstituível na área diversa da comunicação portuguesa, onde se juntam várias plataformas que urge desenvolver.
Os jornais vivem uma crise generalizada e, em Portugal, o problema é, mesmo, o da sobrevivência. Porém, não sou pessimista quanto ao futuro. Existem razões objetivas para acreditar, a primeira das quais é a qualidade da nossa equipa. Continuaremos juntos na luta pelo sucesso e na convicção de que continuaremos a ter a preferência dos leitores.