Boavista venceu o Santa Clara e reacendeu a esperança da luta pela permanência na elite nacional
Festa rija das panteras após o triunfo na receção aos açorianos. (Foto: Fernando Veludo/LUSA)

Boavista-Santa Clara, 1-0 Nas lágrimas de (go)Lito corre um oceano de crença (crónica)

NACIONAL02.03.202518:22

Técnico das panteras não conteve a emoção depois de ter guiado a equipa à primeira vitória em casa esta época. Açorianos muito longe do que já foram

«Tenho sofrido tanto quanto os adeptos [longo suspiro]. Acabei por chorar e já há muitos anos que não me lembrava de chorar. Até porque eu não sou de emoções fáceis. Mas este é um momento difícil, também tenho tomado as dores do presidente e do clube, e no final talvez tenha chorado de alívio. Pelo menos, abrimos aqui uma pequena janela, temos luz ao fundo do túnel e agora é correr atrás dessa luz para chegarmos ao final da época e conseguirmos o objetivo, que passa por deixarmos este grande clube na Liga».

Foi desta forma que Lito Vidigal comentou, na zona de entrevistas rápidas da Sport TV, o momento em que tinha ido junto à claque das panteras, depois do apito final, festejar com os adeptos, ocasião em que não conteve a emoção.

Chorar nem sempre é por um mau motivo. Sendo que, independentemente dos motivos, chorar faz bem, diz-se. Porque alivia a alma. E terá sido exatamente esse alívio que levou Lito Vidigal a… desabar. Afinal, o técnico tinha acabado de ver o Boavista averbar a primeira vitória em casa na presente edição do campeonato, facto que relança as panteras na luta pela permanência na elite nacional.

E o que dizer (também) dos indefetíveis adeptos boavisteiros? Mais de 5.000 no Bessa a puxarem pela equipa do início ao fim. Uma vez dado o último apito, saiu-lhes do coração toda a alma axadrezada e gritou-se «vitória». Algo que já não acontecia no anfiteatro portuense (imagine-se) há praticamente um ano: o último triunfo caseiro datava de 9 de março de 2024, na altura, diante do Moreirense (1-0).

Miguel Reisinho tinha sido o herói dessa partida, mas na ausência do esquerdino (castigado), foi Lystsov que, não sendo Agra, foi… Salvador: canto do extremo e cabeceamento certeiro do defesa-central para o mergulho num mar de esperança.

Agra tinha atirado ao poste (4’), Vinícius Lopes (10’) ficou a milímetros do desvio certeiro. Estes foram os principais apontamentos da primeira parte. Cresceram os nortenhos na etapa complementar, com Gabriel Batista a agigantar-se perante Bozenik (62’ e 80’) e Diaby (70’). Os açorianos, uma sombra de si próprios, apenas ameaçaram, por Adriano Firmino (66’). Manifestamente pouco para quem tanto tem feito ao longo desta caminhada.

Há vida no Bessa. Um simples (go)Lito pode, afinal, ter um significado gigantesco. Porque nas lágrimas de Vidigal corre um (infindável) oceano de crença.

O melhor em campo: Lystsov (7)

O autor de um golo decisivo não poderia deixar de ser eleito o melhor em campo. O defesa-central russo nem teve assim tantos problemas defensivos quanto, por certo, esperaria, mas teve, sim, a astúcia e assertividade necessárias para ir ao segundo andar e cabecear certeiro para oferecer ao Boavista três pontos tão necessários quanto o oxigénio.

A figura do Santa Clara: Gabriel Batista (6)

Já depois de ter como aliado o poste esquerdo da baliza que defendeu na primeira parte, na sequência de um livre direto de Salvador Agra (4’), o guarda-redes brasileiro tudo fez para que os açorianos não fossem batidos, com defesas a remates de Vukotic (45+3’), Robert Bozenik (62’ e 80’) e Diaby (70’). Só não parou a cabeçada de Lystsov (81’).

Reação dos treinadores

Lito Vidigal - Boavista

Foi uma vitória importantíssima. O Boavista é um clube histórico e esta massa adepta confirma-o. Vamos transformar isto num exército fortíssimo. Vai ser um final de época difícil, mas enquanto houver pontos necessários para ficarmos na Liga, eu acredito.

Vasco Matos - Santa Clara

Faltou-nos maior clarividência no último terço. Tivemos posse de bola, mas não conseguimos criar oportunidades de golo. A vitória do Boavista é merecida. Nada belisca o nosso trabalho, mas temos de olhar para dentro e retificar já no próximo jogo.

As notas dos jogadores do Boavista:

Tomas Vaclik (5), Lystsov (7), Rodrigo Abascal (6), Fogning (5), Salvador Agra (7), Ibrahima Camará (6), Vukotic (6), Joel Silva (5), Robert Bozenik (5), Marco van Ginkel (5), Moussa Kone (4), Gbola Ariyibi (5), Diaby (6), Steven Vitória (5) e Seba Pérez (-)

As notas dos jogadores do Santa Clara:

Gabriel Batista (6), Frederico Venâncio (4), Luís Rocha (5), MT (5), Diogo Calila (5), Adriano Firmino (4), Pedro Ferreira (5), Matheus Pereira (5), Ricardinho (4), Vinícius Lopes (5), Gabriel Silva (5), Matheusinho (4), Lucas Soares (4), Sidney Lima (4), João Costa (4) e Serginho (-)

Notícia atualizada às 19 horas

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