«Liedson formaria bela dupla com Gyokeres no Sporting!»

NACIONAL19.02.202508:15

Tinga era médio, jogou no Sporting em 2003/2004 e em 2004/2005, alinhou pelo Dortmund de 2006/2007 a 2008/2009. Falou com A BOLA sobre o duelo da Liga dos Campeões

DORTMUND — Mercado de inverno da temporada 2003/2004 e do Grêmio, de Porto Alegre, chegava Tinga a Alvalade. Um médio aguerrido, que época e meia depois regressava ao Brasil para o Internacional. Mas em 2006/2007 voltou à Europa para jogar no... Dortmund, adversário do Sporting neste play-off da Uefa Champions League. A BOLA conversou com Tinga, hoje com 47 anos.

— Viva, Tinga, como vai isso? Que é feito de si?

— Aqui estou, por Porto Alegre.

— E ainda está ligado ao futebol?

— Sou empresário mas não de jogadores nem de algo ligado ao futebol. Tenho uma agência de Turismo.

Tinga agora é empresário na área do turismo (DR)

— Então tem de viajar para Portugal para nos visitar.

— Vou muito a Portugal.

— Ah, pois, o seu filho, Davis Silva, joga no Portimonense, não é?

— Tenho ido mais a Portugal por causa do meu filho. Sim, ele está nos sub-23 do Portimonense e por isso acabo por acompanhar bastante como ele está andando. E está muito feliz também, a gente está aí muito tempo também, vivendo, curtindo, aproveitando e crescendo também no futebol português.

Davis Silva, ao centro, num jogo dos sub-23 do Portimonense (Foto PORTIMONENSE SAD)

Sporting e Dortmund jogam na Uefa Champions League. Viu o jogo da 1.ª mão?

— Acompanhei um pouco do jogo de Alvalade, o 3-0 para o Dortmund. Por isso o Sporting tem uma missão difícil… É sempre muito complicado jogar em Dortmund, mais ainda quando se tem de reverter um resultado tão desfavorável.

— Até pelo ambiente no Signal Iduna Park será complicado…

— Sim, sempre. Deve ter lá na Alemanha, em Dortmund, umas 80 mil pessoas no estádio! Então é um local que tem uma atmosfera, uma pressão bem grande. Sempre! É difícil de jogar lá contra.

Famosa parde amarela do Signal Iduna Park, ambiente incrível à espera do Sporting (IMAGO)

— Que armas poderá o Sporting apresentar para tentar dar a volta e vencer esta missão que muitos apelidam de impossível?

— Será muito difícil, sim, só que o Sporting é um time que tem as suas peças muito importantes e em lugares muito importantes também. Estou a pensar, claro, no centroavante sueco, o Viktor Gyokeres, que tem a condição incrível de fazer muitos golos.

— E no meio-campo, e Tinga era médio, há Hjulmand, que em Alvalade ficou de fora por castigo. Pode também ser importante?

— Como estás a lembrar, e muito bem, tem o volante, o médio dinamarquês que é o capitão, que também tem uma influência grande no jogo. Então, é difícil virar em Dortmund mas são dois times que têm qualidade… Por isso tudo pode acontecer, como certamente ninguém esperava que o Dortmund chegasse a Portugal, dentro do Estádio José Alvalade, e fizesse três golos.

Gyokeres e Hjulmand são armas do Sporting (IMAGO)

— No seu tempo havia Liedson…

— Formaria uma bela dupla com o Gyokeres, com certeza!

Liedson e Tinga num treino do Sporting em janeiro de 2004 (MIGUEL NUNES)

— Tem acompanhado o campeonato português?

— Em relação ao campeonato português desse ano tenho acompanhado pouco e não tenho acompanhado muitas referências.

— Então recuemos no tempo: que recordações guarda do Sporting?

— Oh…Tenho uma recordação muito grande do Sporting. Depois vivi quatro anos na Alemanha, no Dortmund, onde tive um respeito muito grande e fui muito feliz. E sinceramente acredito que isso só aconteceu muito também pela experiência que tive em Portugal, uma época com treinadores diferentes, mas em que consegui resultados.

— Mantém contacto com companheiros dessa altura? Tiago é agora treinador de guarda-redes do Sporting e Hugo Viana era o diretor desportivo, que agora está o Manchester City

— Sim, grandes lembranças de colegas também. A convivência em Portugal deu-me a condição para chegar mais preparado na Alemanha. E hoje ainda tenho contacto. Olha, converso com o Nélson, conversei com o Viana um tempo também e vê-lo hoje como um diretor ativo, influente no mundo do futebol… É muito legal ver pessoas com quem joguei sendo protagonistas nas suas áreas. O Tiago hoje é treinador de goleiros do Sporting, Portugal tem isso, os jogadores permanecem dentro do mercado do futebol depois de se aposentarem… é um pouco diferente do Brasil, que é país muito grande, tem muita gente… Mas aí é legal que os atletas continuam dentro da modalidade, como diretores, treinadores, adjuntos, enfim.

Tinga com Hugo Viana num treino em Alcochete em 2004 (A BOLA)

— Os treinadores portugueses estão a dar cartas no Brasil. Em Portugal trabalhou com dois...

— Aí tive o Fernando Santos uma época, depois o Peseiro... Enfim, aprendi muito com eles. E aqui no Brasil nunca houve tanta influência como tem agora dos portugueses. Influência boa. Começou com Jorge Jesus, com Abel, agora por último Artur Jorge no Botafogo, que há muitos anos não ganhava, sendo também campeão na Libertadores. Então isso é bacana, seria legal também se os brasileiros pudessem, cada vez mais, mergulhar no futebol português para trocar, crescer…

Fernando Santos era o treinador de Tinga na primeira época no Sporting (A BOLA)

— Mas já houve um tempo em que muitos em Portugal...

— Quando eu cheguei, o Felipão ajudou a ter essa transformação do futebol português, fez bem para a autoestima do futebol português. Então isso é bacana de ver e que hoje está sendo retribuído, os portugueses estão aqui dentro no Brasil, assim como o Felipão esteve dentro de Portugal, o Paulo Autuori, outros também que fizeram história. É bacana essa troca e eu acompanho.

Tinga com José Peseiro (A BOLA)

— Força, Tinga, forte abraço e tem de nos visitar.

— Agora vou aí muito, grande abraço para a galera do Sporting e de Portugal!

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